O Movimento de Cursilhos realizou uma audiência com o Papa Francisco.

                  Discurso do Santo Padre o Papa Francisco aos Cursilhistas

 

“Ajudar a descobrir a beleza da Fé e da vida em graça que se pode viver na Igreja”
– Pediu o Papa Francisco aos “Cursilhistas”

 

Queridos irmãos e irmãs,

Saúdo todos vocês, membros do Movimento de Cursilhos de Cristandade na Europa, juntamente com os bispos e sacerdotes que os acompanham. Vós viestes a Roma para a vossa Ultreia, nome que retoma a antiga saudação dos peregrinos de Santiago de Compostela que se animavam uns aos outros a “ir mais além”, sempre “mais além”.

Este é para vós um verdadeiro encontro de amigos, um encontro fraterno de oração, de festa e o compartilhar da sua experiência de vida cristã. Agradeço aos vossos representantes que me apresentaram os seus objetivos, as problemáticas e as perspectivas do vosso movimento. Da minha parte gostaria de vos dar algumas sugestões úteis para o seu crescimento espiritual e a sua missão na Igreja e no mundo.

Vós sois chamados a fazer com que dê fruto o carisma que o Senhor vos confiou e que está na origem dos Cursilhos de Cristandade, em cujo grupo de iniciadores se destacam Eduardo Bonnin Aguiló e o então bispo de Maiorca, Juan Herbás y Benet, que sobe acompanhar o crescimento do Movimento com paternal cuidado.

Nos anos quarenta do século passado, eles em conjunto com outros jovens leigos, deram-se conta da necessidade de chegar aos outros, mostrando-lhes o desejo de verdade e amor que existia nos seus corações.

Estes pioneiros do vosso Movimento foram autênticos missionários: não duvidaram em tomar iniciativa e, com valentia aproximaram-se das pessoas, envolvendo-os com simpatia e acompanhando-os no caminho da fé com respeito e amor.

Tomando o seu exemplo, hoje também vós quereis anunciar a Boa Nova do amor de Deus, aproximando-se dos amigos, dos conhecidos, dos companheiros de estudo e trabalho para que também eles possam viver uma experiência pessoal do infinito amor de Cristo que liberta e transforma a vida.

Que é necessário sair, sem cansaço, para encontrar os afastados!

Para ajudar os outros a crescer na fé, cumprindo um percurso de aproximação ao Senhor, deve-se experimentar na primeira pessoa a bondade e a ternura de Deus. Na verdade, nós somos movidos pelo desejo de oferecer misericórdia quando experimentamos o amor misericordioso do Pai por nós mesmos (cf.ib. Evangelii Gaudium, 24).

O Senhor quer encontrar-nos, habitar conosco, ser nosso amigo e irmão, nosso mestre que nos revela o caminho a seguir para chegarmos à felicidade. Ele não nos pede nada em troca, pede apenas que o recebamos, porque o amor de Deus é gratuito, puro dom.

O encontro com Cristo, e com a misericórdia do Pai que Ele nos dá, é possível sobretudo nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Reconciliação. Na Santa Missa celebramos o memorial do Seu sacrifício: ainda hoje Ele realmente dá o Seu corpo por nós e derrama o Seu sangue para redimir a humanidade. Na Penitência, Jesus nos recebe com todas as nossas limitações e pecados, para nos dar um coração novo capaz de amar como Ele, que amou até ao extremo (cf. Jo 13,1).

Outro meio é a meditação da Palavra de Deus, especialmente a Leccio Divina, através da qual podemos escutar o Senhor, que nos mostra o caminho a seguir e nos anima face às incertezas e às dificuldades que a vida nos apresenta.

Por último, encontramos o amor de Cristo na Igreja, que testemunha nas suas diversas atividades, a caridade de Deus. Tudo na comunidade eclesial tem como finalidade fazer chegar às pessoas a infinita misericórdia divina.

O método de evangelização dos Cursilhos nasceu precisamente de esse ardente desejo de amizade com Deus, do qual brota a amizade com os irmãos. Desde o início se entendeu que só estreitando as relações de amizade genuínas, era possível preparar e acompanhar as pessoas no seu caminho, um caminho que parte da conversão, passa pela descoberta da beleza de uma vida vivida na graça de Deus, e chega até à alegria de converter-se em apóstolos na vida quotidiana. E assim, deste então, milhões de pessoas em todo o mundo foram ajudadas a crescer na vida da fé.

No contexto atual de anonimato e isolamento típico das nossas cidades, quão importante é dimensão acolhedora, familiar, à escala humana, que ofereceis com as reuniões de grupo. Oxalá sempre possam manter o clima de amizade e de fraternidade que se consegue rezando e compartilhando semanalmente as experiências, êxitos e fracassos apostólicos.

É importante acompanhar estas reuniões de pequenos grupos com momentos que favoreçam a abertura a uma dimensão social e eclesial maiores, envolvendo também outros que, tendo tido contacto com o carisma, não podem habitualmente participar num grupo. A Igreja, de facto, é uma “Mãe de coração aberto” que nos convida às vezes a “parar”, a “deixar de lado a ansiedade de olhar nos olhos e escutar”, a “renunciar às urgências para acompanhar ao que ficou na beira da estrada” (Evangelii Gaudium, 46). É belo ajudar todos, também àqueles que lhes custa mais viver a sua própria fé, a permanecer em contacto com esta “Mãe”, sempre próximos desta grande família acolhedora que é a Igreja.

Animo-os a ir sempre mais além, fiéis ao vosso carisma! A manter vivo o zelo, o fogo do Espírito que sempre impulsiona os discípulos de Cristo a alcançar os afastados, a “ sair da sua própria comodidade e atrever-se a chegar a todas as periferias que necessitam da luz do Evangelho” (ibid., 20).

Que belo é anunciar a todos o amor de Deus que salva e dá sentido à nossa vida! Ajudar os homens e mulheres de hoje a descobrir a beleza da fé e da vida de graça que se pode viver em Igreja, nossa Mãe! E assim farão, se forem dóceis, em atitude de humildade e confiança sob a guia desta Santa Mãe, que sempre procura o bem dos seus filhos; se estiverem em sintonia com os seus pastores e unidos a eles na missão de levar a todos a alegria do Evangelho.

Que a Virgem Maria, Mãe da divina graça, vos ajude no vosso caminho e apostolado.

Do fundo do coração vos dou a minha bênção e vos peço que por favor rezem por mim.

Roma – Papa Francisco, 30 de Abril de 2015


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