CARTA MCC BRASIL – MARÇO 2021 – 259ª

“Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum
daqueles que ele me deu, mas que os ressuscite no último dia. Esta é
a vontade do meu Pai: que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna.
E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 39-40).

Ao caro leitor, à cara leitora, irmão e irmã de caminhada nessa estrada – às vezes agradável, às vezes árdua – que, enquanto nos leva ao encontro definitivo com o Pai, vai-nos permitindo a comunicação, a comunhão, a partilha e o crescimento, minha afetuosa saudação e meu desejo de que a Paz que Jesus nos dá, e que não é a paz do mundo, esteja sempre com vocês.

Introdução. Durante todo este mês de março estaremos vivenciando o tempo quaresmal em preparação às celebrações da Páscoa do Senhor. Tempo de oração, tempo de jejum, tempo de esmola. Em nossas reflexões do mês passado já pudemos apresentar algumas reflexões sobre estas três características quaresmais indicadas pelo próprio Jesus. Neste ano, as celebrações pascais, isto é, do mistério central de nossa fé, começarão com o Domingo de Ramos – 8 de março – e culminarão com o Domingo da Ressurreição de Jesus, no dia 4 de abril.

1. Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. A Igreja no Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), todos os anos, oferece a todos os católicos um itinerário com objetivos claros, para ajudá-los nessa jornada para a Páscoa. E o faz através da Campanha da Fraternidade. Anualmente é escolhido um tema central para a CF, tema esse sempre relacionado diretamente com a realidade em que vivemos, pois Cristo foi um homem do seu tempo e pregou um Evangelho que, tanto na forma como no conteúdo, dava respostas às necessidades e expectativas de seus ouvintes.
A cada cinco anos essa Campanha é “Ecumênica”, isto é, preparada em comunhão com as diferentes Igrejas cristãs que integram o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs). Essa é uma iniciativa louvável e concreta, que revela um esforço pastoral e evangélico cujo objetivo é promover a unidade entre todos os cristãos, não importando a denominação de sua fé centrada em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Neste ano o tema da CF é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. (Ef 2,14a) Poderia haver tema mais apropriado para a realidade atual? Não estamos todos tristemente convencidos de que a falta de diálogo tem criado antagonismos e divisões entre pessoas que até pouco tempo atrás eram amigos e agora se tornaram rivais, competidores, até mesmo inimigos declarados? Praticar o diálogo como compromisso de amor é revelar que o Pai atende às súplicas do Filho quando Ele pede que nós “sejamos um como Ele próprio e o Pai são um”! Poderia ter sido escolhido melhor lema? Só a paz de Cristo que, repetimos, é diferente da paz do mundo, pode transformar em unidade o que estava dividido, porque Cristo estava e está determinado a “não perder nenhum dos que o Pai lhe deu”…

2. Os cristãos, os católicos e a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Mesmo vivendo numa época de pós-verdade, em que grande parte das pessoas, incluindo os cristãos, não está preocupada em falar e ouvir a verdade, mas em sentir-se confortável com a mentira, não deixa de ser surpreendente a reação manifestada por inúmeros grupos ao texto base da CF 2021 redigido pelo CONIC, pois quaisquer iniciativas destinadas a aumentar o diálogo e reduzir os preconceitos, deveriam ser consideradas bem-vindas por parte dos “homens de boa vontade”.
Esses grupos são bem distintos entre si. Alguns são constituídos por pessoas abertamente opostas à Igreja Católica por causa das próprias convicções políticas: são os que se manifestam preferentemente pelas redes sociais. Outros são “católicos” classificados como ultraconservadores para os quais alterar “um jota” da lei, é cometer heresia. Nessa onda, acabaram indo, também, grupos mais moderados que talvez ignorassem o real conteúdo do texto-base e sua verdadeira intenção.
A CNBB publicou um oportuno esclarecimento, em 9 de fevereiro, e que está disponível na Internet a todos os que queiram conhecer a verdade… E os católicos que realmente são e se sentem Igreja não engrossarão as fileiras dos que defendem um boicote à própria CF e uma forte sugestão para que não se contribua financeiramente para o Movimento nacional de solidariedade que tem por objetivo a ajuda a tantas obras de assistência em todo o Brasil.

Conclusão. Creio necessário enfatizar que, num momento como este, será necessário pedirmos com insistência ao Espírito Santo, o dom do discernimento. Dom que haverá de nos ajudar a descobrir no mesmo texto-base inúmeros pontos positivos para concretizarmos a “Fraternidade e Diálogo”, além de pontos eventualmente negativos na opinião de alguns e que possam gerar uma atitude contrária ao lema “Cristo é nossa paz…”. Seria mais do que lamentável que precisamente uma Campanha da Fraternidade acabasse gerando divisão e frustrasse seu compromisso de amor que é a “Fraternidade e diálogo…”.

Sugestões para a reflexão pessoal ou em grupo: Como cristãos católicos pertencentes à Igreja do Brasil, buscamos informações corretas acerca dos assuntos que geram polêmica, geralmente porque sua interpretação se baseia num viés que não é orientado pelo amor ao próximo? Como filhos e filhas de Deus, conscientes de que a conversão é obra de toda a vida, esforçamo-nos por nos tornar cada vez mais parecidos com o Mestre que não veio para os sãos, mas para os que precisam de médico?

 

Desejando que tanto a intenção da CF 2021 como as discussões geradas pelo conteúdo de seu texto-base tornem-se alimento para nosso crescimento na fé e no seguimento de Cristo, deixo-lhes meu abraço fraterno de sempre.

P. José G. BERALDO
Equipo Sacerdotal GEN MCC Brasil
E-mail: jberaldo79@gmail.com


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