Aula 29/05/17 – O Servo De Javé
O SERVO DE JAVÉ
29/Maio/2017
Como se sabe, quando Moisés, na montanha do Sinai, perguntou ao Senhor Deus qual era o Seu Nome, Deus respondeu: “Eu sou”, ou seja, “Yah Weh” na língua hebraica. Por isso, o nome de Deus no Antigo Testamento é Javé e não Jeová, como dizem alguns.
Pois bem, o livro do profeta Isaías alude a um “Servo de Javé” que, segundo a profecia, viria para cumprir a vontade de Deus. Houve muitas interpretações dadas a esse personagem misterioso, entre as quais a mais comum é que ele seria o futuro Messias esperado por Israel.
A figura do Servo de Javé está contida nos cânticos do livro de Isaías, particularmente nos cantos seguintes:
“Com firmeza ele proclamará o seu direito;
Não cederá e nem se abaterá,
enquanto não tiver estabelecido o direito sobre a Terra.
Eu, Javé, chamei-te na justiça e te tomei pela mão;
Eu te formei e te chamei como aliança dos povos e
luz das nações, para que tu abras os olhos dos cegos,
e tires da prisão os prisioneiros
e ilumines os que estão nas trevas.”
Essas últimas estrofes podem dar ao Servo de Javé a aparência de um libertador político, que foi exatamente como o povo judeu interpretou esse personagem: um comandante guerreiro, militar, que libertaria Israel dos povos estrangeiros. Essa interpretação foi particularmente forte exatamente nos tempos de Jesus, quando Israel estava sob o domínio do Império Romano e parecia não haver esperança de libertação.
No segundo canto, é o mesmo Servo que se apresenta:
“Javé me chamou do seio materno
Desde o ventre de minha mãe lembrou-se do meu nome.
Javé me colocará como luz para as nações,
Para que eu leve a sua salvação
até às extremidades da Terra”.
Como se vê, o Servo tem a missão de estender a Salvação de Deus por toda a Terra, o que já não está de acordo com um rei guerreiro que viria salvar somente a Israel. No terceiro canto, o Servo de Javé descreve as suas desventuras:
“Entreguei minhas costas aos flageladores;
minha face aos que me arrancaram a barba.
Não escondi o meu rosto aos ultrajes e às cuspidas.
Mas o Senhor Javé me acompanhou,
Por isso não tenho medo.
A alusão às chicotadas e aos escarros tem para quem conhece a Paixão de Jesus Cristo, uma extraordinária correspondência. Não restam dúvidas que o Servo de Javé deverá sofrer muito, mas enfrentará os sofrimentos com fé e não fugirá deles. Existe ainda uma pergunta: por que deverá sofrer esse justo e inocente?
O quarto canto dá a resposta. É longo, mas deve ser apresentado por inteiro, para que se possa formar uma ideia completa:
“O meu servo terá sucesso, será honrado e exaltado.
O seu aspecto estava muito desfigurado,
Mas diante dele os reis fecharão a boca, pois verão fatos nunca acontecidos
E palavras jamais ouvidas.
Desprezado e rejeitado pelos homens, ele carregou nossos trabalhos
E tomou sobre si as nossas dores.
Ele foi ferido por causa de nossos crimes
E arrasado pelas nossas iniqüidades.
Maltratado, humilhou-se e não abriu sua boca;
Como um cordeiro foi levado ao matadouro e através do tormento
E do julgamento foi arrastado para fora.
Deram-lhe sepultura entre os ímpios e com o rico estava seu túmulo.
Mas Javé quis derrubá-lo com dores e ele ofereceu-se como sacrifício.
Depois de seu tormento, ele verá a luz
E justificará a muitos.
Portanto, Javé lhe dará como prêmio as multidões,
Porque voluntariamente ofereceu-se à morte,
carregou o pecado de muitos e intercedeu pelos pecadores.
Como se pode observar quem conhece a história de Jesus não pode deixar de admirar-se como essas profecias, escritas cerca de 800 anos antes de Cristo, possam descrever de forma tão perfeita tudo aquilo que se passou depois.
No entanto, os judeus não se convenceram disso e ainda hoje esperam pelo seu Messias-soldado, que porá os inimigos de Israel aos seus pés. Mas a figura apresentada pelos cantos de Isaías não parece em nada com um guerreiro, não é mesmo?