Aula 28/08/17 – O Filho Do Homem É Senhor Do Sábado
O FILHO DO HOMEM É SENHOR DO SÁBADO
28/Agosto/2017
O sábado nos primeiros tempos -: Israel devia observar o sábado já na época antes de Moisés. Isso se vê até mesmo na apresentação simbólica da Criação, no Gênesis, quando Deus trabalha durante 6 dias e descansa no sétimo. Ao contrário do que se pensa, a semana judaica é que presidiu à narração, e não o contrário.
O sábado está consagrado no Decálogo e no Código da Aliança, e está confirmado na época dos Profetas. Com o tempo, juntamente com a circuncisão, o sábado se torna um dos 2 sinais mais característicos da religião judaica. É provavelmente o sinal mais sagrado de todos para o judeu religioso.
Nos tempos mais antigos de Israel, no sábado não se podia fazer “nenhuma obra”, genericamente, sem explicar mais nada. Após o século VII a.C. aparecem as primeiras explicitações: era proibido acender o fogo, carregar pesos, esmagar uvas, fazer viagens, etc. Tudo que parecesse ser trabalho, estava proibido a partir do pôr-do-sol da 6a feira .
A veneração pelo sábado foi crescendo nos últimos séculos antes da era cristã. Via-se, na imposição do repouso sabático a Israel, o sinal da preferência de Javé por Israel, já que a nenhum outro povo o sábado foi imposto. Considerou-se mais obrigatória a observação do sábado do que todos os outros preceitos juntos. Quando Jesus iniciou sua vida pública, o “dia do repouso da fadiga” tinha se transformado em algo absurdo que tornava os judeus em escravos de regras e proibições. Além disso, cada seita (fariseus, saduceus, escribas) tinha pontos de vista diferentes, o que confundia ainda mais o fiel comum. Para que se tenha uma ideia, podem-se exemplificar esses absurdos apenas com o que testemunham os Evangelhos.
As proibições _: para os fiéis judeus era proibido:
-) colher uma espiga do pé e esfregá-la com as mãos;
-) prestar ajuda a um doente que não esteja em perigo de vida;
-) transportar qualquer coisa, mesmo que não seja comércio;
-) andar na rua ou estrada mais de 900 metros;
-) sepultar cadáveres;
-) acender ou apagar o fogo;
-) escrever duas letras do alfabeto;
-) dar um nó ou desatá-lo;
-) esfregar remédios em feridas ou contusões (só óleo);
-) levar água a um animal, etc.
Como é fácil prever, Jesus, que pregava a devoção a Deus “em espírito e verdade” logo entrou em conflito com essas coisas. Seus inimigos o chamavam “o homem que não respeita o sábado”. As razões de Jesus para o conflito são de vários tipos, sendo a primeira razão a sua famosa frase em Mc 2, 27: “o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”.
Jesus, com essa frase, ensina que a intenção de Deus com o descanso do sábado foi livrar o homem da fadiga e dedicar o dia a atividades do espírito. As limitações que Deus impusera ao povo, através de Moisés e dos Profetas, foram apenas no sentido de que se observasse a piedade e a espiritualidade, e não como exigências exteriores, ainda por cima agravadas!
Assim, quando se tratasse de uma coisa necessária, a lei podia ser modificada. Tal foi a observação de Jesus nos episódios narrados em Mt 12, 1-4, 8-13; Mc 3, 1-5 e Lc 13, 10-17.
O desafio de Jesus -: Se alguma dúvida ainda restou, ela é totalmente dissipada pela narrativa de Jo 5, 1-16. Parece mesmo que Jesus ordenou ao homem, “ tomar sua cama e ir embora” de propósito, para mostrar aos judeus o absurdo das proibições. E ainda acrescenta que “se seu Pai trabalha aos sábados, ele também o faz”. Essas atitudes de Jesus eram compreendidas pelos judeus como provocação, corrupção da Lei e blasfêmia. Por isso, procuravam matá-lo.
Foi por isso que a Igreja Católica, fundada por Jesus, não se sentiu na obrigação de observar o sábado judeu. Desde os primeiros anos, as comunidades cristãs se reuniam “no primeiro dia da semana” (o domingo, não o sábado), conforme é visto em At 20, 7, chamado “dia do Senhor” (Ap 1,10) porque o Senhor Jesus ressuscitou naquele dia.
Assim, a Igreja tem o poder de mudar certas obrigações dos fiéis, quando é necessário para melhores condições materiais e espirituais de todo o povo.