Aula 27/07/20 – Seitas e Outras Religiões


ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2020

                                              SEITAS E OUTRAS RELIGIÕES

 

27/Julho/2020

 

 

O que é uma seita? -: a palavra “seita” deriva do latim “secto”, que significa “seccionar” ou “dividir”. Aplicada ao estudo das religiões, uma seita é um grupo que se afastou dos ensinamentos da religião predominante em um determinado lugar. Para nós católicos, as seitas são caracterizadas pelos grupos que professam crenças discordantes da doutrina pregada pela Igreja Católica. As seitas existentes pelo mundo todo são inúmeras, razão pela qual iremos aqui discutir as mais conhecidas.

 

Seitas Afro-brasileiras -: são aquelas originadas da cultura de 3,5 milhões de pessoas dos povos africanos trazidos ao Brasil como escravos, entre os séculos XVI e XIX. Além dos descendentes dos escravos negros, há atualmente um bom número de brancos e outras etnias que aderiram a essas seitas, especialmente o candomblé a e umbanda. No Brasil, tais seitas receberam grande influência do catolicismo e do espiritismo.

No tocante especificamente ao candomblé, acredita-se na sobrevivência da alma após a morte (os Eguns) e nos espíritos antigos divinizados (os Orixás) que não se materializam. Se não divinizados (os Egunguns) materializam-se para entrarem em contato com seus descendentes vivos, auxiliando espiritualmente suas comunidades. Dependendo da linha de candomblé, os procedimentos podem divergir. No tradicional, não se faz contato com espíritos através da incorporação. Outros tipos de candomblé tem uma ligação muito forte com caboclos e exus que incorporam-se para dar consultas. E existem candomblés cujos pais-de-santo eram da umbanda e passaram para o candomblé e cultuam tanto os orixás como os guias da umbanda.

A umbanda é uma seita exclusivamente brasileira, nascida em São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, no começo do século XX, e incorpora também os elementos do candomblé, do catolicismo e do espiritismo. Seus guias principais são os caboclos, os exus, os pretos-velhos, as pombas-gira e as crianças. São espíritos do bem, adversários das forças da quimbanda, que é o lado negativo da umbanda. Outro termo muito conhecido é “macumba”, que designava todas as seitas afro-brasileiras, mas que é rejeitado por elas, por conter um sentido pejorativo

De acordo com as estatísticas do IBGE de 2010, apenas 0,4% da população brasileira se declarou adepta dessas seitas.

 

Espiritismo -: as origens do espiritismo são as doutrinas de diversos indivíduos europeus e norte-americanos (dentre estes, especificamente as irmãs Fox), sem contato entre si, mas com linhas comuns de crenças na comunicação com os mortos. Dada a diversidade de opiniões sobre as formas de comunicação com os espíritos, o francês Denizard Hyppolite Rivail realizou a codificação das doutrinas espíritas, na sua obra “O Livro dos Espíritos”. Rivail adotou o nome de Allan Kardec (o espírito de um antigo guerreiro celta, que Rivail acreditava estar incorporado nele).

Uma das características do espiritismo é o repasse de conhecimentos pelos espíritos, conhecida como psicografia. No Brasil, o expoente desta característica é Chico Xavier, cultuado tanto pelos espíritas quanto por pessoas de outras religiões. Outra característica do espiritismo são os chamados “passes”, em que o “médium” (um sensitivo) pretende harmonizar o estado psíquico e emocional de outra pessoa. Este tipo de prática desdobrou-se em intervenções sobre problemas físicos, com o nome de “operações espirituais”.

A Igreja Católica condena fortemente a doutrina espírita, pois segundo a Federação Espírita do Brasil, “o espiritismo é o conjunto de princípios e leis revelados pelos espíritos superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita”. Estes princípios e leis são obtidos através da invocação dos mortos. Esta é só uma das muitas incompatibilidades existentes entre o espiritismo e o cristianismo. Um espírita não pode ser considerado cristão, pois não crê nas bases do cristianismo. Vejamos algumas contradições ao cristianismo:

1)      A Bíblia é para eles um documento histórico que contém aspectos da verdade.

Deve ser seguida apenas como conduta moral;

2)      Não acreditam que Jesus Cristo seja Deus, é apenas um espírito evoluído;

3)      Não creem nos Sacramentos;

4)      Não existem nem demônios nem anjos, são apenas espíritos superiores ou inferiores;

5)      Não acreditam nos santos e nem em sua intercessão;

6)      Finalmente, pregam a reencarnação para que o ser humano evolua espiritualmente, negando assim a salvação que Jesus Cristo trouxe para todos.

Então, porque tantas pessoas católicas acreditam e usam as práticas espíritas?   E porque muitos espíritas se dizem também católicos? Porque eles usam essa crença para “pescar” católicos ingênuos. Em resumo, ninguém pode ser católico e espírita ao mesmo tempo, porque o espírita não é cristão.

 

Protestantes e Evangélicos -: o protestantismo é um movimento cristão que surgiu com a chamada Reforma Protestante no século XVI (1517), liderada por um monge agostiniano alemão chamado Martin Luther, ou Martinho Lutero em português. Logo surgiram na Europa outros reformadores, como João Calvino e Ulrico Zuínglio. Uma das principais características do protestantismo é o rompimento com determinadas ações da Igreja Católica medieval, como a venda de indulgências. Rompeu-se também com a autoridade do Papa e com a veneração aos santos.

O movimento evangélico apareceu no século XVII como um desdobramento do protestantismo, mas com práticas mais místicas e bastante fanáticas. Pode-se dizer que todo evangélico é protestante, mas nem todo protestante é evangélico. Cabe dizer aqui que “evangélico” é um termo sequestrado por eles, já que todo cristão é, por definição, um evangélico. A palavra mais apropriada para essas seitas é “pentecostal”.

As igrejas protestantes derivadas das 95 teses apresentadas por Martinho Lutero para justificar sua chamada “reforma” seguem os princípios das “cinco solas”, que eram os pontos onde Lutero divergia da doutrina da Igreja Católica. Essas “cinco solas” são as seguintes:

1)      Sola Escriptura: só princípios achados na Bíblia são válidos;

2)      Sola Gratia: a salvação só é possível através da Graça de Deus;

3)      Sola Fide: os pecados são perdoados apenas pela fé e não pelas ações;

4)      Solus Christus: a salvação é encontrada apenas em Cristo;

5)      Soli Deo Gloria: dar glórias apenas a Deus.

As igrejas protestantes também não reconhecem nem a Tradição (usos e rituais da Igreja Católica desde os primeiros tempos) nem o Magistério (documentos e ensinamentos do catolicismo também desde o início). Reconhecem como legítimo somente o que consta das Escrituras.

Como foi dito anteriormente, mesmo nos momentos iniciais do protestantismo, além do cisma provocado com a Igreja Católica, a igreja fundada por Lutero não se manteve unida. A reforma protestante só teve sucesso porque os príncipes alemães (a Alemanha não era um país unificado, mas uma colcha de retalhos de principados relativamente independentes), aborrecidos por terem de pagar impostos a Roma, viram em Lutero a oportunidade de se livrar disso, confrontando a autoridade do Papa.

Porém, como Lutero pregava o livre arbítrio do homem em suas relações com Deus, seu protestantismo logo foi aproveitado por diversos oportunistas em outros países, para fundarem outras igrejas, diferentes da igreja luterana, segundo as idéias de cada fundador. Assim surgiram diferentes igrejas protestantes, embora os princípios fundamentais preconizados por Lutero permanecessem na maioria delas. A Igreja Católica Romana, embora discordando de diversos pontos da doutrina protestante, reconhece as igrejas protestantes sérias como repositórios de muitas verdades enunciadas por Jesus Cristo, embora não completas. Por igrejas protestantes “sérias”, entende-se aquelas igrejas que possuem seminários para a formação de seus pastores, e que mantém um diálogo ecumênico com o catolicismo. São elas as igrejas Metodista, Luterana, Anglicana e Presbiteriana (esta última, ao que parece, já se dividiu em duas igrejas diferentes).

As igrejas evangélicas, como já assinalado, surgiram no século XVII, e rapidamente se espalharam pelo mundo. Como não possuem nenhum senso de unidade, ao menos aparente, são totalmente independentes na sua forma de atuar. Há “igrejas” destas seitas que ainda mantém um aspecto menos aleatório, como a Assembléia de Deus e a Congregação Cristã do Brasil. No nosso país surgiram igrejas pentecostais que, usando os meios de comunicação como o rádio e a TV, conseguiram angariar muitos adeptos, com promessas originadas da chamada “Teoria da Prosperidade”, onde são prometidos aos fiéis melhorias materiais (em troca de 10% de seus rendimentos como “dízimo”). Entre essas, as principais são a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja da Graça e a Igreja do Evangelho Quadrangular. De uma fonte da Internet (cuja afirmação pode ser colocada em dúvida), informou-se que há, no mundo todo, cerca de 3.000 seitas pentecostais em atividade.

Estima-se que o número de protestantes de quaisquer denominações seja de mais ou menos um bilhão de pessoas, no mundo todo.

 

Igrejas Ortodoxas -: no ano de 1054, a Igreja sofreu um grande cisma (divisão), por questões meramente políticas. Roma era a sede do papado e, como tal, a sede de toda a Igreja Católica. Porém, as igrejas orientais, principalmente a bizantina (com sede em Bizâncio, hoje Istambul, na Turquia) não aceitaram essa supremacia, provocando então o rompimento da unidade. Passaram assim a denominar-se Igreja Católica Ortodoxa ou Igreja Ortodoxa Oriental. Existem, hoje em dia, diversas igrejas ortodoxas, como a grega, a russa, a romena, a ucraniana, etc. Essas igrejas professam, em cerca de 90% de seus ritos, os mesmos procedimentos da Igreja Católica Romana, porém discordam de alguns dogmas católicos (a Imaculada Conceição e a infalibilidade papal, por exemplo). Também consideram inválidos os Sacramentos administrados por outras religiões.

 

 

Islamismo -: é uma religião monoteísta, não cristã, revelada pelo último profeta: Maomé (Muhammad), nascido em Meca, na Arábia Saudita, no ano de 570 d.C. A palavra “Islã” significa “submissão” aos desejos de Deus (Allah). De acordo com a crença islâmica, Maomé obteve das mãos do anjo Gabriel, enviado por Deus, os preceitos básicos do islamismo, condensados no livro do Alcorão. Como algumas religiões cristãs, o islamismo prega o Juízo Final, com os bons indo para o Paraíso e os maus para o Inferno. Mas o ser humano parece não ter escolha, pois seu destino já está traçado por Allah: uma de suas crenças afirma “Mak thub” – “estava escrito”. Entre as obrigações do islamismo estão as orações obrigatórias cinco vezes ao dia, voltados para Meca; não cultuar imagens; e visitar Meca ao menos uma vez. Tem cerca de 1 bilhão e 200 mil seguidores.

Budismo -: é uma filosofia ou religião não teísta (não possui um Deus e sim “deuses”) que surgiu na Índia no século VI a.C., abrangendo práticas e tradições baseadas nos ensinamentos de Siddartha Gautama, intitulado Buda. Existem três grandes tradições que englobam diferentes escolas, tais como o zen-budismo, o kadampa e o budismo tibetano. As escolas budistas variam sobre suas práticas, mas suas bases são “As Três Jóias” : o Buda (como seu mestre), o Dharma (ensinamentos) e a Sangha (a comunidade budista). Essas três jóias são o caminho para o budista encontrar a paz e o refúgio espiritual. Outra prática pode ser a renúncia à vida secular e mundana, com o budista tornando-se monge. Estima-se que haja no mundo cerca de 500 milhões de budistas, principalmente na Ásia.


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