Aula 27/07/15 – Os Discípulos De Jesus
OS DISCÍPULOS DE JESUS
27/Julho/2015
O chamamento -: no Evangelho de Lucas (Lc 6, 12ss), o evangelista escreve:”Naqueles dias, aconteceu que Ele se retirou para o monte para rezar. E passou toda a noite em oração com Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e deles escolheu doze, que também chamou “apóstolos”. Para o leitor mais atento, torna-se claro que Jesus não escolheu os doze ao acaso, ou por sua vontade, unicamente. O fato de ter estado a rezar com Deus Pai e só depois escolher os doze, significa que Deus mesmo deu a Jesus as condições necessárias para que a escolha recaísse nos doze que teriam um destino muito importante no desenrolar do Plano de Deus.
Então, a vocação dos discípulos escolhidos é consequência da oração; a vocação dos discípulos nasce do diálogo do Filho com o Pai. É neste sentido que se pode compreender melhor as palavras de Jesus: “Rezai ao Senhor da messe para que mande trabalhadores para sua messe” (Mt 9, 38). Os trabalhadores na messe de Deus não podem simplesmente ser procurados como um patrão procura seus empregados: eles devem ser implorados a Deus e por Deus mesmo escolhidos para seu serviço. Esta afirmativa é ainda mais reforçada por Marcos em seu Evangelho: “Ele chamou para si os que quis” (Mc 3, 13). Ninguém pode se fazer discípulo por vontade própria, isso é uma decisão do Senhor Jesus, que por sua vez está baseada na sua união com a vontade de Deus Pai.
Por que Doze? -: o texto de Marcos continua: “E Ele fez doze, que chamou apóstolos, para estarem com Ele e os enviar…” (Mc 3, 14). A palavra “fez” repete aqui a forma pela qual o Antigo Testamento usava para a instituição do sacerdócio (1Rs 12, 31); dessa maneira, isso caracteriza o ministério sacerdotal que Jesus aplicou aos doze. Aliás, doze era o número simbólico mais importante de Israel: doze eram os filhos de Jacó, doze eram as tribos de Israel, e doze serão os sacerdotes de Jesus para a obra da fundação do novo Povo de Deus.
Para que Jesus quer os doze? -: voltando ao texto de Marcos, o evangelista diz que os apóstolos deveriam estar com Ele e para serem enviados a anunciar a chegada do Reino de Deus. Em primeiro lugar, os apóstolos devem estar com Jesus para conhecer a sua unidade com Deus Pai e assim possam ser testemunhas da sua missão. Eles devem – como Pedro disse antes da eleição de Matias para o lugar de Judas Iscariotes – ter estado com Jesus “desde quando Ele esteve no meio de nós, desde que chegou e partiu” (At 1, 8.21).
Os apóstolos devem também ser enviados por Jesus para pregar sua mensagem ao mundo, primeiramente para as ovelhas perdidas da casa de Israel e depois “até os confins da terra”. Os apóstolos devem estar com Jesus até mesmo quando são enviados, para a pregação, sem a presença física do Mestre. Os doze são enviados, segundo os Evangelhos, “para pregarem e com o poder de expulsarem demônios” (Mc 3, 14). A primeira missão é a pregação: oferecer aos homens a luz da mensagem de Jesus. Os apóstolos são, antes de qualquer coisa, evangelistas, que anunciam o Reino e reúnem os homens para a formação da nova família de Deus. A “expulsão de demônios” significa, tanto material como simbolicamente, a destruição do mal em todas as suas formas. Dessa maneira, a mensagem de Jesus é a semente para a transformação da sociedade, já naquele tempo dominada pela ambição do poder e pela corrupção em todas as suas formas.
Quem são os doze? -: dois do grupo vem do partido dos zelotes: aqueles que lutavam contra o poder romano e desejavam Israel livre. Simão, o zelote e Judas, chamado “Iscariotes”, o que pode significar tanto “de Cariot”, uma cidade da região, quanto “Sicario”, uma ala extremamente radical dos zelotes. Levi Mateus era um cobrador de impostos ligado aos romanos e conhecido pelo povo como “pecador público”. Chamado por Jesus, abandonou tudo e o seguiu. O grupo principal dos doze é formado por pescadores da Galiléia: Simão Pedro, que era uma espécie de “presidente” da cooperativa de pescadores do Mar da Galiléia, na qual trabalhava com seu irmão André e os dois Zebedeus: João, o “discípulo amado”, ainda muito jovem e talvez o mais fiel deles,e Tiago, seu irmão . Os demais discípulos/apóstolos eram Filipe, judeu de origem grega, Judas Tadeu, Bartolomeu, Tomé, chamado “o Dídimo”, que significa “gêmeo” e que duvidou da Ressurreição, e finalmente Tiago Alfeu, extremamente piedoso, que alguns teólogos acreditam ser um primo de Jesus, muito parecido com Ele, e que aparentemente foi o primeiro apóstolo a ser morto pelos fariseus.
A diversidade dos doze -: devemos admitir que todos os doze apóstolos eram judeus crentes e sinceros, que esperavam a salvação de Israel. Mas eram homens muito diferentes tanto nas suas origens quanto na sua maneira de pensar, na sua cultura e na sua forma de agir. Pode-se então imaginar como foi difícil para Jesus introduzi-los lentamente no novo caminho misterioso. Purificar a todos eles, principalmente os zelotes, ensinar a rudes pescadores o caminho da tolerância, e também ensinar a todos que a libertação que Jesus anunciava não era política e sim espiritual… Mas finalmente, após a Ressurreição, eles compreenderam a verdadeira missão que Jesus lhes havia confiado e no Pentecostes, iluminados pelo Espírito Santo, saíram a anunciar ao mundo a Boa Nova do Evangelho. Todos, com exceção de João, o “discípulo amado” pagaram com a vida o seu fervor pelo Mestre, mas cumpriram aquilo que o Senhor lhes ordenou da melhor maneira, e formaram a Igreja de Jesus.