Aula 27/06/16 – Não Terás Outros Deuses Diante De Mim
“NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM”
27/Junho/2016
O Primeiro Mandamento -: o Primeiro Mandamento proíbe prestar honra a outros “deuses”, afora o único Senhor que se manifestou a seu povo. Este Mandamento anula a superstição e a falta de religião. A superstição representa de certo modo um excesso que insinua que Deus não pode satisfazer certas vontades do ser humano (e, portanto afirma que outros “deuses”, e não o único Deus são capazes de realizar este ou aquele fato ou desejo). Já a falta de religião mostra que a pessoa não aceitou o dom do Espírito Santo, por ignorância religiosa, por desleixo ou por egoísmo.
A superstição -: é o desvio da fé religiosa e das práticas e crenças que ela impõe ao indivíduo. Pode afetar (e geralmente afeta) o culto legítimo que se presta ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando atribuímos uma importância de alguma maneira “mágica” a certas práticas em si mesmas legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem os devidos respeito e fé, é cair na superstição. Crer e praticar atos não pertencentes à doutrina católica, como por exemplo, atribuir poderes a cultos estranhos, é também superstição. Muitas pessoas atribuem a patuás (objetos que acreditam possuir poderes mágicos) o poder de influir nos acontecimentos, como por exemplo, figas, patas de coelhos, ferraduras de sete cravos, e outras coisas desse tipo. Outras pessoas não passam debaixo de escadas, tem medo de espelhos quebrados ou de gatos pretos, etc. A Igreja condena os atos e crenças supersticiosas de forma categórica.
A idolatria -: o Primeiro Mandamento condena o politeísmo, ou seja, a crença em múltiplos deuses. Exige que o ser humano não acredite em outros deuses, afora o único e verdadeiro Deus. As Escrituras lembram constantemente esta rejeição a “ídolos que são obras das mãos dos homens”, os quais “tem boca e não falam, tem olhos e não veem”. A idolatria não diz respeito apenas aos falsos deuses do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar aquilo que não é Deus. Porém, é extremamente necessário apontar que a idolatria não consiste somente em adorar ídolos ou figuras, mas também colocar acima de Deus atitudes como venerar o dinheiro, o poder, os prazeres materiais e tantas outras tentações do mundo. Isso também é idolatria, e das piores.
Adivinhação e magia -: todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recorrer ao diabo ou aos demônios, evocar os mortos, ou participar de práticas que, de forma errada, pressupõem “revelar” o futuro. Consulta a horóscopos, astrologia, quiromancia, a interpretação de presságios, o recurso a “médiuns”, tudo isso configura uma vontade de poder sobre os desígnios de Deus, e uma afronta ao Seu amor.
Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende influir sobre “poderes ocultos” para colocá-los a seu serviço e assim obter um poder sobrenatural (mesmo que seja para proporcionar um bem) são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando elas pretendem prejudicar a outras pessoas. O espiritismo implica frequentemente em práticas de adivinhação ou de magia, ocultas sob outros nomes, além de pregar o fenômeno da reencarnação, que alardeia vidas sucessivas, até que “a alma aperfeiçoe-se para poder chegar a Deus”. Se isso pudesse ocorrer, seria necessário que, a cada vida reencarnada, a pessoa se lembrasse das anteriores, para não cometer os mesmos erros. Não é o que ocorre.
A irreligião -: o Primeiro Mandamento de Deus reprova os principais pecados de irreligião: a ação de tentar a Deus, o sacrilégio e a simonia.
A ação de tentar a Deus consiste em por à prova, em palavras ou atos, a Sua bondade e/ou a Sua onipotência. Exigir uma prova de Deus. Foi assim que o demônio quis conseguir que Jesus se atirasse do alto do templo e obrigasse Deus a agir para salvá-lo. Jesus lança-lhe a Palavra de Deus: “Não tentarás ao Senhor teu Deus” (Dt 6, 16).
O sacrilégio consiste em profanar ou tratar indignamente os Sacramentos e outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a Eucaristia, pois neste Sacramento, o próprio Corpo de Cristo está substancialmente presente.
A simonia é definida como a compra e/ou a venda de realidades espirituais. A Simão, o mago, que queria comprar o poder espiritual que via em ação nos apóstolos, Pedro respondeu: “Pereça o teu dinheiro, e tu com ele, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus” (At 8, 20). Desta maneira, Pedro obedecia à ordem de Jesus: “De graça recebestes, dai de graça” (Mt 10, 8). O Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte: “Além das ofertas estabelecidas pela autoridade competente, o ministro nada peça pela administração dos Sacramentos, tomando sempre cuidado para que os necessitados não sejam privados dos Sacramentos por causa de sua pobreza” (CIC, cân. 848). A autoridade competente fixa estas ofertas em virtude do princípio de que o povo cristão deve cuidar do sustento dos ministros da Igreja. “O operário é digno do seu sustento” (Mt 10, 10).
O ateísmo -: “Muitos dos nossos contemporâneos não percebem de modo algum esta união íntima e vital com Deus, ou explicitamente a rejeitam, a ponto de o ateísmo figurar entre os mais graves problemas de nosso tempo” (GS 19, 1). Na medida em que rejeita ou recusa a existência de Deus, o ateísmo é um gravíssimo pecado contra a virtude da religião. Muitas vezes o ateísmo se funda em uma falsa concepção de autonomia humana, que chega a recusar toda a dependência em relação a Deus. Outras vezes, ele se deve à revolta do ser humano por alguma circunstância de vida (é significante o fato de que o cientista Stephen Hawkins, uma das mais brilhantes mentes de nosso tempo, dono de uma inteligência ímpar, declare que Deus não existe. Hawkins se encontra bastante deformado e preso a uma cadeira de rodas devido a uma grave doença desde relativamente jovem). Há pessoas que simplesmente são ateias porque seu modo de vida não se coaduna com a Lei de Deus, outras por causa de um imenso egoísmo e enorme presunção.
O agnosticismo -: esta situação se reveste de muitas formas. O agnóstico, em certos casos, se recusa a negar a Deus, pelo contrário, admite a existência de um ser sobrenatural, que não pode revelar-se e sobre o qual ninguém pode dizer nada (seria isso um Deus?). Em outros casos, o agnóstico não diz nada a respeito de Deus, declarando que é impossível prová-lo ou afirmar (ou negar) sua existência. O agnosticismo representa um indiferentismo quanto a Deus e uma preguiça da consciência moral. Com bastante frequência, o agnosticismo se confunde com um ateísmo prático.