Aula 26/06/17 – As Marias Dos Evangelhos


AS MARIAS DOS EVANGELHOS

26/Junho/2017

Um nome que era comum -: O nome Maria (Miriam, em hebraico) era um nome bastante comum em Israel no tempo de Jesus. Hoje, já não o é, provavelmente por causa de sua conotação com o Cristianismo. Os judeus ortodoxos deixaram de colocar esse nome em suas filhas. No entanto, ainda é o nome mais difundido entre as mulheres do mundo cristão.

Dessa forma, os Evangelhos se referem várias vezes a outras Marias, além de Maria, a mãe de Jesus: Maria de Magdala (ou Maria Madalena), Maria de Betânia, Maria, mãe de Tiago Menor e de José, outra Maria, que acompanhou a Madalena ao sepulcro de Jesus e Maria, mulher de Cléofas.

Os textos bíblicos e as confusões -: Em Lc 7, 36-50, está escrito que Jesus foi convidado para uma ceia em casa de Simão, um fariseu e estando à mesa, apareceu uma “mulher pecadora” (sic) da cidade, que, chorando, beijava e lavava os pés de Jesus com suas lágrimas, enxugando-os com seus cabelos e perfumando-os. Todos se recordam que Jesus dá uma magnífica lição ao fariseu, perdoando a pecadora anônima de seus pecados.

Logo em seguida, Lucas continua o texto dizendo que Jesus ia de cidade em cidade e que com ele iam os 12 apóstolos e algumas mulheres que por ele tinham sido curadas de enfermidades e de possessão demoníaca. Entre essas mulheres, cita-se Maria de Magdala, a Madalena, que tinha sido curada da presença de 7 espíritos malignos. Essas mulheres eram pessoas de posses, que ajudavam a Jesus e os demais com as despesas decorrentes da sua missão.

É uma crença bastante generalizada entre cristãos pouco versados nos Evangelhos que Maria Madalena era a pecadora arrependida que estava na casa de Simão, o fariseu. Não há nada que ligue essa mulher a Maria Madalena. O texto separa claramente as duas mulheres: uma é uma pecadora pública redimida pela sua perfeita contrição e amor a Jesus; a outra, bem mais conhecida, segue a Jesus por gratidão pela sua cura, por toda a sua vida pública, da Galiléia até aos pés da cruz. Seu amor é recompensado pela visão magnífica da manhã da Ressurreição de Cristo.

Em Lc 10, aparecem Marta e outra Maria, sua irmã. Eram irmãs de Lázaro e amigas de Jesus. Moravam em Betânia e a narração de Lucas apresenta Maria aos pés de Jesus, ouvindo seus ensinamentos, enquanto Marta se atarefava com os afazeres da casa. Maria de Betânia aparece ainda quando da ressurreição de Lázaro, demonstrando que tinha grande fé em Jesus. Por isso, diz a Jesus: “Mestre, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.” Jesus ressuscitou a Lázaro. Aparece ainda outra vez quando, em sua casa, recebeu a Jesus e os discípulos (Jo 12, 1 – 11) e repetiu o gesto da pecadora anônima, lavando e perfumando os pés de Jesus.

Isso leva a crer que esse gesto era um gesto de respeito e nada autoriza que se confunda Maria de Betânia, uma moça caseira e amiga de Jesus com a pecadora arrependida da casa de Simão fariseu, que não mais é citada nos Evangelhos.

Os “irmãos” de Jesus -: Em Mc 15, 40 – 41 aparece Maria, mãe de Tiago Menor e de José, que da mesma forma que Maria Madalena e outras mulheres, seguia a Jesus e aos discípulos. Essa Maria, ao que tudo indica, é a mesma Maria cujos filhos Tiago, José, Simão e Judas são citados como “irmãos” (= primos) de Jesus. Os protestantes identificam esses primos de Jesus como filhos de Maria Santíssima porque o texto parece ligar Nossa Senhora a eles como sua mãe também. Vamos comparar os dois textos:

“Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? (Mt 13, 55)”.

“Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe. Entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e José e Salomé, que o tinham seguido e o haviam assistido e muitas outras… (Mc 15, 40 – 41)”.

No texto de Mateus, os fariseus identificam todos os parentes de Jesus: seu pai (José), sua mãe (Maria) e seus parentes (primos) mais próximos; no texto de Marcos, diz-se claramente que Tiago e José (os mesmos do texto de Mateus) eram filhos de uma mulher chamada Maria, mas diferente de Nossa Senhora, pois senão, é claro que Marcos teria chamado Maria de mãe de Jesus e não de mãe de Tiago e José.

Essa Maria, mãe de Tiago, José, Simão e Judas e a Maria que aparece aos pés da cruz de Jesus, citada como mulher de Cléofas e “irmã” de Nossa Senhora em Jô 19, 25 são, com toda a certeza, a mesma Maria. Como sabemos que Nossa Senhora era filha única, concebida já na velhice de Joaquim e Ana e por isso consagrada a Deus, a “irmã” de Nossa Senhora só podia ser sua prima. Além disso, mesmo que ela fosse realmente irmã de Maria Santíssima, seus filhos e filhas continuam a ser primos de Jesus e não seus irmãos. Ainda uma outra coisa: não é nada comum colocar em duas irmãs o mesmo nome.

Quanto à “outra” Maria, que acompanhou Maria Madalena ao sepulcro de Jesus na manhã da Ressurreição, conforme Mt 28, 1 – 8 é, sem dúvida, Maria de Cléofas, citada em Mc 16, 1 como Maria, mãe de José.


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