Aula 25/2012 – QUEM É JESUS? (Mc 14, 43 – 72; 15, 1 – 15)


25- QUEM É JESUS? (Mc 14, 43 – 72; 15, 1 – 15)

22/10/2012

Traição e fuga -: Jesus venceu a tentação e fez a sua escolha, que foi seguir a vontade do Pai, mesmo que isso lhe custasse a vida. Diante dessa posição clara de Jesus, as posições daqueles que o seguiam e daqueles que o perseguiam também foram se definindo. Foi este o momento decisivo em que cada um teve que responder a esta pergunta: Vale a pena seguir Jesus? (Esta pergunta vale também para nós).

Judas já tinha feito a sua escolha e, com um beijo, entregou o Mestre na mão das autoridades. Por que Judas fez essa escolha? Provavelmente, Jesus se tornou uma decepção para ele, que esperava um Messias glorioso e guerreiro, como queria a grande maioria do povo. Pressentiu que, como as coisas se encaminhavam, as atitudes de Jesus levariam a um fracasso. Ele não queria ser um perdedor; queria fama, glória e poder.

Diante dos soldados, Pedro tentou reagir, mas Jesus o impediu. Vendo que Jesus não fez nenhuma tentativa para resistir, “todos fugiram, abandonando Jesus” (Mc 14, 50). A situação se tornou bastante irônica: Jesus, que havia acusado os poderosos do Templo como ladrões, estava sendo preso como bandido. Diante desse quadro, ficou parecendo que os discípulos fizeram um julgamento prático: a razão estava com os sacerdotes e não com Jesus.

Pedro e a negação -: em Mc 8, 29, Pedro havia dito, euforicamente, que Jesus era o Messias, e que seguiria o Mestre aonde Ele fosse. Na hora decisiva, entretanto, Pedro se acovardou e até negou que conhecesse Jesus: “Não conheço esse homem de quem vocês estão falando” (Mc 14, 71). E isso por três vezes. Não foi pouco. Se essa passagem patética serviu para alguma coisa, foi para alertar a todos nós que não basta sair dizendo que Jesus é o Salvador, o Cristo, e que a nossa fé é firme. É nas horas difíceis que isso fica provado. Pedro, que depois provou sua fé com o martírio, reconheceu isso: “Então, Pedro começou a chorar” (Mc 14, 72). O triunfalismo não se coaduna com o seguimento de Jesus e leva a um caminho bem diferente: a negação do próprio Jesus.

Jesus é o Juiz -: o julgamento de Jesus começou na casa do sumo sacerdote, onde se reuniram as autoridades religiosas. (Mc 14, 53). Aí estavam representados todos aqueles que, desde o início, pretendiam matar Jesus. O processo começou em busca de testemunhas: “Ora, os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam contra Jesus algum testemunho, a fim de o condenar à morte” (Mc 14, 55). Isso foi necessário porque Jesus nunca se deixara apanhar nas armadilhas preparadas anteriormente por eles. Aliás, nem eram necessárias tais testemunhas: a vontade de condenar Jesus estava clara desde o início. Diante dessa farsa, o sumo sacerdote procura arrancar de Jesus o seu próprio testemunho: “És tu o Messias, o Filho de Deus bendito?” (Mc 14, 61). A resposta de Jesus foi definitiva para a sua condenação e, ao mesmo tempo, se tornou o centro da nossa fé: “Eu sou. E vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mc 14, 62). Essa resposta relembra o texto de Dn 7, 13. Jesus se declarou o Messias e, portanto, o Juiz universal. A fé cristã reconhece seu Juiz no próprio ato de sua condenação. Rasgando suas vestes (ato próprio dos judeus daquele tempo contra uma suposta heresia), o sumo sacerdote rompeu definitivamente com qualquer possibilidade de aceitar uma solução diferente para o caso de Jesus (Mc 14, 63). A sentença contra Jesus foi de blasfêmia e por isso o Sinédrio o condenou à pena de morte. Porém, o poder político tinha que concordar e ratificar essa decisão.

Jesus e Pilatos -: levado ao tribunal romano com uma acusação de pretender ser o Rei dos judeus, Jesus não estava em boa posição. Os romanos não admitiam qualquer possibilidade de alguém pretender ser o Rei de uma colônia sua. Era isso que os zelotes pretendiam e por isso, foram perseguidos e exterminados mais tarde. Pilatos perguntou a Jesus se Ele era o rei dos judeus e recebeu uma resposta interessante: “É você que está dizendo isso” (Mc 15, 2). Pilatos certamente não estava muito impressionado com as acusações dos religiosos e até procurou amenizar as coisas. Mas as ameaças veladas das autoridades judaicas de levar o caso ao conhecimento de César foi decisiva. Tentando um último recurso legal de salvar Jesus, sem que a coisa ficasse mal para seu lado, Pilatos recorreu ao costume do procurador romano de soltar um preso político durante a Páscoa para agradar aos judeus. Entre Jesus e Barrabás, assassino rebelde, certamente o povo escolheria a soltura de Jesus. Mas os sacerdotes “atiçaram a multidão para que Pilatos soltasse Barrabás” (Mc 15, 11). Para evitar atritos com os judeus, Pilatos lavou as mãos e “Soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado” (Mc 15, 15).

A firmeza de Jesus -: Jesus, portanto, foi condenado à morte dentro do jogo do poder do qual Barrabás, sem querer, se tornou uma peça. Jesus, mantendo o silêncio, não participou dessa farsa e, por isso, foi condenado. Ao não se tornar conivente com o jogo político e pseudo-religioso, Jesus permaneceu fiel ao Plano de Deus, que tanto incomodou as autoridades judaicas e romanas.


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