Aula 24/2009 – DEUS FALA POR SEU FILHO


24- CARTA AOS HEBREUS: DEUS FALA POR SEU FILHO (1, 1 – 4 a 2, 1 – 18)

Coisas estranhas -: nada mais estranho que isto: uma carta que não é carta, nem é de Paulo e nem foi dirigida aos hebreus… Esse nome, “Carta aos Hebreus”, só surgiu muito tempo depois dela ter sido escrita. Foi chamada de “carta” porque no seu final se encontram algumas recomendações e uma despedida (Hb 13, 22 – 25). O seu conteúdo é mais um sermão ou uma reflexão do que uma carta. Imaginou-se que este conteúdo seria endereçado ao povo hebreu (judeus) porque há muitas citações das Escrituras, exigindo um bom conhecimento delas.
Mais estranho ainda é que este escrito tenha sido atribuído a Paulo: faltam aquelas indicações de autoria e a saudação que encontramos em todas as cartas do Apóstolo. Ainda uma questão intrigante: este escrito sempre se refere a Jesus como “Sumo Sacerdote”. Mas Jesus não era levita (só os membros da tribo de Levi podiam ser Sumos Sacerdotes) e nem era sacerdote. Aliás, Jesus sempre entrou em conflito com os sacerdotes da religião hebraica. Como então poderia ser chamado de sacerdote, e ainda de Sumo Sacerdote?

Muitas interrogações e poucas certezas -: Nada sabemos a respeito de quem escreveu a “carta” e nem para quem ela foi dirigida. O que sabemos é que, quase certamente, o texto não é de Paulo. Sabemos ainda que, muito provavelmente, este escrito é de alguém que ouviu falar de Jesus e da sua mensagem através de pessoas que conviveram com Ele. De acordo com algumas indicações, o texto teria sido escrito entre os anos 80 e 90, quando as testemunhas que conviveram com Jesus já haviam morrido, e também o próprio Paulo. Como em 13, 24 se diz que “a gente da Itália” manda saudações, talvez o texto tenha sido escrito em Roma. Nada se sabe sobre a comunidade que recebeu o texto.

A contínua comunicação de Deus por seu Filho (1, 1 – 4) -: a carta se abre com uma afirmação fundamental: a comunicação de Deus com a humanidade é feita por intermédio de Seu Filho, Jesus Cristo. Então, o texto mostra que ouvir as palavras de Jesus é decisivo na nossa vida, já que por meio dele tudo foi criado. Afirma-se ainda que Jesus experimentou a miséria humana e agora vive na glória, junto a Deus.
Quem escreveu a “carta” diz que a comunicação de Deus com os homens por meio de Jesus Cristo foi feita “neste período final em que vivemos”. Logo, o autor pensava, como a maioria das comunidades, que o fim do mundo estava próximo.

Uma mudança de direção -: em seguida, a reflexão muda de rumo e afirma que Jesus é superior aos anjos (1, 5 a 2, 18). Naquele tempo (e também hoje em dia) havia muita curiosidade sobre os anjos. Perguntava-se como seriam tais figuras e quais as suas influências na vida das pessoas. Por isso, era opinião geral que os anjos eram muitíssimo importantes. Logo, mostrando que Deus nunca concedeu aos anjos uma missão tão importante quanto aquela de Jesus, o autor do texto esclarece que a importância de Jesus é muito maior que a dos anjos para Deus.
O texto atribui a Jesus características de um rei, e indica que o Filho de Deus se distingue das criaturas humanas porque é eterno, enquanto os homens passam. A conclusão é de que Jesus é superior a tudo o mais, inclusive porque a ninguém mais Deus ordenou que se sentasse à sua direita…

Não desprezar a palavra (2, 1 – 4) -: o texto insiste na necessidade da comunidade observar a Palavra, que no passado foi anunciada pelos anjos e profetas, mas agora é proclamada por Jesus. Por isso, os ensinamentos de Jesus devem ser observados de forma absoluta, pois eles são o caminho único para alcançar a salvação. Neste trecho, o texto até que se aproxima um pouco dos escritos de Paulo.

A solidariedade de Jesus para com a humanidade (2, 5 – 18) -: o escrito prossegue afirmando que Jesus “experimentou a morte em favor de todos”. E porque morreu em solidariedade a todos, tornou-se “Sumo Sacerdote”. É a Jesus, que passou pelo sofrimento e pela morte, “que Deus submeteu o mundo futuro, do qual estamos falando” (2, 5).
Em 2, 5 – 9, o texto se refere ao Salmo 8, 5 – 7, insinuando que a superioridade de Jesus sobre tudo é reforçada porque Jesus, além de Filho de Deus, foi também humano. Ora, o Salmo 8 diz que, apesar de o homem ser um pouco menor que os anjos, foi ao homem que Deus submeteu toda a criação. Só uma coisa não está submetida ao homem: a morte. Mas Jesus, feito homem, sofreu a morte “e por isso, nós o vemos agora coroado de glória e honra, por causa da morte que sofreu” (2, 9).
Aqui, a carta aos Hebreus apresenta uma questão importante: como entender a morte de Jesus? A sua conclusão é que a morte de Jesus não foi em vão, mas por ela se mostrou toda a solidariedade de Jesus para com a humanidade, e que Deus aceitou o sacrifício de seu Filho em nosso favor.
Finalmente, em 2, 10 – 18, o escrito assume que a entrada dos homens na glória de Deus só pode ser feita através de Jesus Cristo, que se solidarizou com a humanidade. O texto afirma ainda que já não é necessário temer a morte. Diz também que porque Jesus se identificou com a humanidade, ele pode ser chamado de Sumo Sacerdote.


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