Aula 24/08/15 – A Entrada De Jesus Em Jerusalém


A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM

24/Agosto/2015

As Páscoas dos Evangelhos -: o Evangelho de João fala de três Páscoas que Jesus celebrou durante o período de sua vida pública: a primeira Páscoa quando se deu a purificação do Templo (Jo 2, 13-25), pouco depois a Páscoa da multiplicação dos pães (Jo 6, 4) e, por último, a Páscoa da morte e Ressurreição (Jo 12, 1 e Jo 13, 1). Esta última Páscoa se tornou a grande Páscoa de Jesus e de todos nós, os cristãos. Os Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) falam apenas desta última Páscoa. Em Lucas, o caminho de Jesus apresenta-se quase como uma única subida em peregrinação, da Galiléia até Jerusalém. Enquanto grande parte do território de Israel está mais abaixo, Jerusalém apresenta uma altitude de 760 metros acima do nível do mar. Por esse motivo, o Novo Testamento quase sempre se refere a caminhadas até Jerusalém como “subida”. A meta final desta “subida” de Jesus até Jerusalém é a oferta de Si mesmo na cruz, substituindo os sacrifícios antigos.

A caminho -: nesta caminhada, a meta de Jesus é a Cidade Santa de Jerusalém, para celebrar a Páscoa e enfrentar o seu destino final. Jesus se pôs a caminho juntamente com os doze apóstolos, mas pouco a pouco foi se juntando a eles uma multidão crescente de peregrinos, com o mesmo propósito. Mateus e Marcos dizem que, à saída de Jericó, já havia “uma grande multidão” que, ao reconhecer Jesus, o seguia (Mt 20, 29; Mc 10, 46). Nesta última parte da caminhada, um fato veio colocar Jesus em um modo novo na atenção dos peregrinos: à beira da estrada, estava sentado o mendigo cego Bartimeu. Tendo ele sabido que Jesus estava no meio dos peregrinos, começou a gritar sem parar, em alta voz: “Jesus, filho de Daví, tem piedade de mim!” (Mc 10, 47). Alguns dos presentes procuraram calá-lo, mas Bartimeu seguiu gritando por Jesus. Por fim, Jesus o ouve e Bartimeu suplica: “Raboni, que eu possa ver novamente”. A resposta de Jesus não poderia ser outra: “Vai, a tua fé te salvou”. Bartimeu recuperou a vista e foi seguindo Jesus alegremente pelo caminho (Mc 10, 48-52).

A esperança messiânica -: a multidão que ia em peregrinação, já sabendo da fama de Jesus e ouvindo-O ser chamado “filho de Davi”, reavivou sua esperança em um novo Messias, há tanto tempo esperado. Porventura este Jesus, com quem estavam a caminho, não seria esse Messias? Com sua entrada em Jerusalém, teria porventura chegada a hora em que Ele restabeleceria o reino de Israel?

A preparação que Jesus efetuou com os discípulos aumenta essa esperança. Jesus chegou ao monte das Oliveiras, de onde se esperava a entrada do Messias, vindo da direção de Betfagé e Betânia. Mandou dois discípulos à frente, dizendo-lhes que encontrariam um jumentinho preso, no qual ninguém havia ainda montado. Caso alguém os interpelasse, deveriam responder: “O Senhor precisa dele” (Mt 21, 3; Lc19, 31).

Os discípulos encontraram tudo como previsto e cumpriram o pedido de Jesus. Assim, Jesus entrou em Jerusalém montado sobre um jumento emprestado, que logo a seguir mandou entregar a seu dono. Desse fato, duas profecias sobre o Messias são cumpridas: no primeiro caso, temos o direito de todos os reis da antiguidade em requisitar qualquer meio de transporte de qualquer pessoa (Jesus é o Rei da humanidade, “a quem todos os povos irão obedecer” (Gn 49, 11). Mais importante ainda é o texto de Zacarias (Zc 9, 9) : “Dizei à filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti, manso e montado em um jumento, filho de uma jumenta”. A filha de Sião é outro nome de Jerusalém.

Outros sinais -: trazido o jumentinho, um fato importante acontece: os discípulos estendem sobre seu lombo suas capas, a fim de que Jesus montasse (Lc 19, 35). O fato de estender as capas está ligado a uma tradição dos reis de Israel que os discípulos repetem, como que “entronizando” Jesus na sua realeza. Os peregrinos que vieram juntos na caminhada também estendem suas capas para Jesus passar, montado no jumento. Cortam ramos das árvores e gritam palavras do salmo 118, que se tornam uma oração messiânica: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem do nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!” (Mc 11, 9-10). Este fato é transmitido pelos quatro evangelistas, embora com algumas variações.

A palavra “Hosana” originalmente significava “Ai de nós! Ajudai-nos!”, como uma súplica a Deus, feita especialmente na festa das Cabanas. Com o passar do tempo, a festa das Cabanas foi se transformando de festa de súplicas para uma festa de alegria e esperanças na chegada do Messias libertador. Com isso, o significado da palavra “Hosana” mudou e relacionou-se com a alegria pela chegada do Messias. A Liturgia denomina esse dia como o Domingo de Ramos, uma semana antes da Páscoa.

A Tradição nascente -: com razão, desse modo, a Igreja primitiva podia ver nessa cena a representação antecipada daquilo que se faz hoje em dia na Liturgia. No texto pascal do Didaqué (o catecismo primitivo, que surgiu por volta do ano 100), já se pode ler o “Hosana” juntamente com o “Maranata” (Venha o Senhor!), antes da Eucaristia: “Venha a Graça e passe este mundo. Hosana ao Deus de Davi. Quem é santo aproxime-se, quem não é, faça penitência. Maranata: Vinde, Senhor Jesus. Amém”.Lgo após, foi imtroduzido também na Liturgia o “Benedictus”(Bendito o que vem em nome do Senhor). Para a Igreja nascente, o domingo de Ramos não era algo do passado remoto. Como então o Senhor entrara na Cidade Santa cavalgando o jumentinho, assim agora a Igreja o via chegar sob as humildes aparências do pão e do vinho, para a alegria (Hosana!) de todos nós.


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