Aula 24/07/17 – O Pecado Imperdoável


O PECADO IMPERDOÁVEL

24/Julho/2017

Os pecados e o perdão -: a Igreja ensina que todos os pecados podem ser perdoados, desde que haja sincero arrependimento do mal praticado e o firme propósito de fazer todo o possível para que não se caia no mesmo erro. No entanto, em Mt 12, 31-32Jesus diz textualmente que “o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado nem neste mundo nem no outro”.No entanto, em Mt 18, 18está escrito que Jesus diz aos discípulos“…tudo o que desligardes na Terra, será desligado nos céus” e em Jo 20, 23 as palavras de Jesus são “A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados”.

UMA CONTRADIÇÃO? -: em última análise, parece que o Evangelho está em contradição consigo mesmo, o que seria um absurdo, pois Jesus não entra em contradição. Para resolver essa aparente dificuldade, é preciso, antes de tudo, reconstruir o contexto onde as frases foram pronunciadas por Jesus. Quando Jesus pronunciou as palavras sobre o pecado contra o Espírito Santo, Ele havia acabado de curar um endemoninhado o que, embora deixando os espectadores do fato admirados, provocara nos fariseus uma reação de despeito. Para desacreditar Jesus, os fariseus disseram então que Ele expulsava demônios pelo poder do próprio demônio. Jesus mostrou então a todos que seria um absurdo o demônio expulsar a ele mesmo; logo, só pelo “Espírito de Deus” é que Ele expulsava satanás. Depois, apressou-se em concluir: “Por isso vos digo que todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. E se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado nem neste mundo nem no outro”.

Antes de qualquer coisa, é preciso procurar a natureza do pecado contra o Espírito Santo e depois examinar em que sentido e por quais razões esse pecado é irremissível.

As razões -: os fariseus da passagem acima servem muito bem para ilustrar o pecado que não será perdoado. Eles sabiam muito bem que Jesus não expulsava demônios pelo poder do próprio demônio, pois isso seria como Jesus mesmo disse o absurdo dos absurdos. Então, mentiam sabendo o que estavam fazendo, mas mesmo assim o faziam. Em Filosofia, isso é conhecido como “a típica impugnação consciente de uma verdade conhecida”, ou seja, é aquele que não vê porque não quer ver e está mais disposto a aceitar o absurdo que a verdade, porque a verdade não lhe interessa.

Ora, quem se encontra em tal disposição de ânimo e em tal estado de cegueira voluntária, não tem as condições necessárias para obter o perdão, quais sejam o arrependimento do pecado praticado e o firme propósito de não repetir o erro. Santo Tomás de Aquino, na Summa Theologica, diz que em tal situação nem mesmo Deus pode fazer nada, a não ser que Ele resolva mudar o pensamento de quem está imerso neste pecado, o que seria ir contra a liberdade que Ele mesmo nos deu.

E o pecado contra Jesus? -: é diferente a condição de quem peca contra Jesus, pois S. Jerônimo explica que este tem a seu favor a chamada “aparência vil”, ou seja, acreditando ser Jesus apenas um homem como os outros em virtude da sua humanidade, pode negá-lo por causa disto. Se, no entanto, essa pessoa descobrir a verdade de que Jesus é também Deus e arrepender-se, seu pecado será perdoado.

Como se vê o que Jesus queria dizer era que quem atribuir ao espírito mau, (ou o demônio) as obras que Jesus e o próprio Deus Pai fazem através do Espírito Santo, não tendo absoluta certeza do que está dizendo, comete um pecado que não tem perdão enquanto a pessoa persistir no erro.

No entanto, esse mesmo pecado contra o Espírito Santo poderá ser remido se a pessoa se arrepender e aceitar a Verdade.


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