Aula 23/2011 – A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ (I)


23 – A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ (I)

(Itens 2558 a 2589 do Catecismo da Igreja Católica – Aula 56)

A oração como um dom de Deus -: Santa Teresinha do Menino Jesus, quando perguntada sobre o que é a oração, respondeu: “Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria”. Mas sobre a oração, há uma infinidade de conceitos, emitidos por Jesus e pelos santos da Igreja, embora todos eles, no fundo, exaltem uma necessidade suprema para que a oração seja frutuosa: que ela venha do fundo de um coração contrito e, sobretudo, humilde. “Não sabemos como pedir o que convém”, diz São Paulo Apóstolo (Rm 8, 26). A humildade é o estado de espírito para recebermos gratuitamente o dom de Deus que é a oração.

“Se conhecesses o dom de Deus…” (Jo 4, 10) diz Jesus para a samaritana. A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços onde vamos procurar a nossa “água”; é aí que Cristo vem ao nosso encontro. A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a nossa sede e a sede de Deus. Jesus diz ainda para a samaritana (e para todos nós): “…tu é que lhe pedirias e ele te daria uma água viva” (Jo 4, 10).

A oração como Aliança -: de onde vem a oração humana? Para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam da alma ou do espírito, mas geralmente do coração (mais de mil vezes!). É o coração que reza. Se ele está longe de Deus, a oração é vã. Se o homem confia realmente em Deus, a sua oração é como uma Aliança com Deus, por meio de Jesus Cristo.

A oração como comunhão -: a oração é para nós a relação viva dos homens com Deus Pai, com seu Filho Jesus e com o Espírito Santo. A oração é cristã enquanto é comunhão com Cristo e se estende à Igreja, que é seu Corpo. A vida de oração, desta forma, consiste em estar na presença de Deus habitualmente e em comunhão com Ele.

Deus é o primeiro a chamar o homem -: ainda que o homem esqueça o seu Criador ou se esconda longe dele, ainda que corra atrás de seus ídolos ou acuse Deus de tê-lo abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incessantemente cada pessoa ao seu encontro, através da oração. A atitude do homem, na oração, é sempre de resposta: é Deus que chama em primeiro lugar.

No Antigo Testamento -: assim que Deus o chama, Abraão parte. A escuta do coração que se decide pelo chamamento de Deus é essencial à oração. Mas a oração de Abraão se exprime primeiramente por atos; somente mais tarde ele se exprime por palavras em uma queixa que pretende lembrar a Deus suas promessas que parecem não se realizar. Desde o começo, aparece um dos aspectos do drama da oração: a fé na fidelidade de Deus. Assim, o patriarca vai sendo provado de fato em fato, até que, como última purificação de sua fé, Deus lhe pede que sacrifique o seu filho. A fé de Abraão não vacila, mas Deus o impede na última hora. Assim, Deus mostra a todos nós que Ele é sempre fiel em sua fé por nós: quando chegar a hora, Ele entregará seu próprio Filho para nossa salvação.

Quando as promessas começam a se realizar, Moisés é chamado por Deus, mostrando mais uma vez que é Ele quem chama por primeiro. Nesta relação de Deus com Moisés, este aprende a orar: resiste, discute com Deus e, principalmente, pede pelo povo. “Deus falava com Moisés face a face como um homem fala com outro” (Ex 33, 11). Daí tirou Moisés a fortaleza de espírito para realizar sua missão de condutor do Povo de Deus.

Davi é o rei segundo o coração de Deus, o pastor que ora pelo seu povo e em seu nome, aquele cuja submissão à vontade de Deus, cujo louvor e arrependimento de seus pecados serão o modelo de oração do Povo de Deus. Nos Salmos, Davi, inspirado pelo Espírito Santo, é o primeiro a pronunciar a oração judaica e, depois, cristã. A casa de oração que Davi queria construir, o Templo de Jerusalém, será a obra de seu filho Salomão. Ao dedicar o Templo a Deus, Salomão ora e agradece.

Elias é o pai dos profetas, e sua vida foi uma constante demonstração de que Deus sempre ouve a oração de seus filhos. Elias ensina à viúva de Sarepta a fé na palavra de Deus, por meio da oração insistente: Deus ressuscita o filho da viúva. A oração do profeta não é uma fuga do mundo infiel, mas uma escuta da Palavra de Deus, às vezes uma discussão ou uma queixa, mas sempre confiante na Providência divina.

Desde Davi até à vinda de Cristo, os livros sagrados contém orações que atestam o aperfeiçoamento cada vez maior da oração. No Antigo Testamento, os Salmos (palavra que significa “Louvores”) são a obra-prima da oração. Os Salmos são marcados por características constantes: a simplicidade e a espontaneidade da oração, a situação desconfortável daquele que crê e, pelo seu amor a Deus, está exposto a uma multidão de inimigos, tentações e provações, a certeza do amor de Deus e a entrega de seu coração à vontade divina.


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