Aula 23/02/15 – Imagens e Ídolos


IMAGENS E ÍDOLOS

23/Fevereiro/2015

Desde o começo -: desde os princípios, os cristãos pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos anjos e santos, não para adorá-las, mas para venerar e recordar quem essas imagens representavam. As catacumbas e as igrejas de Roma, dos primeiros séculos, são testemunhas disso. Existe na catacumba de Priscila, em Roma, um fragmento de pintura em afresco, do início dos anos duzentos (século III). É a mais antiga imagem da Virgem Maria que se conhece. Ela mostra um homem apontando para uma estrela situada acima da figura de Maria, com o menino Jesus nos braços.

Esse fato levanta uma questão: Seriam os primeiros cristãos idólatras por reproduzirem imagens dos santos de sua fé? É claro que não. Eles foram santos e mártires, sendo que a maioria deles provou sua fé pelo martírio. Não adoravam as imagens, mas quem elas representavam.

Origens do mito sobre idolatria -: no século VIII (anos 700), agindo sob influência do judaísmo e do islamismo, surgiu uma seita herética que se pôs a combater o costume das imagens. Esse movimento se chamou os iconoclastas (iconos = imagem; clastas = destruidores). No entanto, a Igreja logo se pôs em defesa das imagens. O principal defensor delas foi São João Damasceno, santo e doutor da Igreja, falecido em 749. A fim de dirimir as dúvidas sobre a questão, o Papa Adriano I (722-795) convocou o II Concílio Ecumênico de Nicéia, no ano de 787. Neste Concílio, foi decidido, para sempre, que essa tradição era pura e legítima e que as imagens deveriam ser veneradas (e não adoradas) em todo lugar onde a fé cristã estivesse presente (igrejas, casas, vestes sacras, caminhos e uso pessoal).

Mas, como sempre… -: é comum aparecerem aqueles que querem incriminar a Igreja Católica, afirmando que ela desrespeita a ordem de Deus a Moisés: “(Não vos pervertais fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo…)” (Dt 4, 15 – 16). Os cristãos, desde os primeiros séculos, entenderam, sob a luz do Espírito Santo, que Deus nunca proibiu fazer imagens de Jesus e dos santos, e sim ídolos, deuses, para adorar, pois o povo de Deus vivia na terra de Canaã cercado de povos pagãos que faziam ídolos os mais bizarros para adorar. A prova de que Deus nunca proibiu imagens sacras é que Ele mesmo mandou Moisés fabricar imagens de dois querubins, para serem colocados encima da Arca da Aliança. (Ex 25, 18 – SS.; Ex 37, 7; 1Rs 6,23). Também mandou colocar suas imagens nas cortinas do Tabernáculo:

“Farás o Tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido, de púrpura violeta, sobre as quais alguns querubins devem ser artisticamente bordados” (Ex 26, 1-31). Deve ficar claro, então, que Deus nunca proibiu imagens, mas sim fabricar imagens de falsos deuses.

O culto da “latria” -: o culto que a Igreja Católica presta a Deus, e somente a Ele, é um culto chamado “latria”, isto é, adoração. Aos santos e anjos, é devido o culto da “dulia”, ou veneração. A Nossa Senhora, presta-se um culto de hiperdulia, super veneração, mas que não deve ser confundida com adoração, devida somente a Deus nas três pessoas da Ssma. Trindade.

Vamos esclarecer de uma vez por todas -: vimos então que imagem não é o mesmo que ídolo. Vimos também que Deus nunca proibiu imagens sacras. Aliás, segundo a tradição, uma das imagens de Nossa Senhora, existente na catedral de Loreto, foi pintada pelo próprio São Lucas, que conheceu a Virgem pessoalmente. Seria São Lucas um idólatra???

O Concílio de Trento legitimou e ratificou o II Concílio de Nicéia sobre o uso das imagens, sustentando que as imagens de Cristo, da Virgem Maria e dos santos e anjos podem ser adquiridos e conservados, e se lhes pode prestar honra e veneração, porque o culto que lhes é prestado dirige-se a quem elas representam.

As imagens sempre foram, na verdade, um testemunho de fé em todos os tempos. Para muitos que não sabiam ler, as belas imagens e esculturas foram como o Evangelho pintado nas paredes ou reproduzido nas esculturas. E assim continuará a ser. É claro que o culto por excelência é prestado a Deus, mas isto não justifica que as imagens sejam proibidas, nem retiradas das igrejas. Pelo contrário, elas nos lembram de que aqueles que elas representam chegaram à santidade por obra e graça do próprio Deus.


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