Aula 22/2012 – O POVO PERTENCE A DEUS (Mc 12, 1 – 34)
22- O POVO PERTENCE A DEUS (Mc 12, 1 – 34)
(1º./Outubro/2012)
Não se apossar do que é de Deus -: Jesus continua enfrentando as autoridades (as mesmas que procuram silenciá-lo), contando a eles a parábola dos vinhateiros malvados. Os fariseus compreenderam muito bem porque Jesus lhes contara essa parábola, e ficaram ainda mais enraivecidos com ele. Por que?
A parábola fala de um homem que plantou uma vinha. Quem é esse homem e o que é a vinha? O profeta Isaías, séculos atrás, havia dito que “a vinha é o povo e o dono da vinha é Deus (Is 5, 7)”. A parábola continua dizendo que a vinha (o povo) foi arrendada para alguns agricultores (os poderosos e os sacerdotes) que tinham de cuidar
muito bem dela. Quando o dono da vinha (Deus) enviou vários empregados (os profetas) para que os agricultores prestassem conta de como tinham cuidado da vinha (isto é, como haviam orientado e cuidado do povo), os agricultores bateram, maltrataram e até mataram alguns dos empregados. O dono da vinha, porém, não desistiu. Enviou seu único filho (Jesus) para falar com os malvados, pensando “o meu Filho eles irão respeitar” (Mc 12, 6). No entanto, os agricultores pensaram: “Esse é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa. Então agarraram o filho, o mataram e o jogaram fora da vinha” (Mc 12, 7 – 8). Matando Jesus, as autoridades queriam se apossar da herança de Deus, que é o seu povo. Jesus, porém, termina a parábola com uma séria advertência para os fariseus e autoridades: “Que fará o dono da vinha? Ele virá, destruirá os agricultores e entregará a vinha a outros” (Mc 12, 9).
Devolver a Deus o que é de Deus -: ainda indignados com a comparação que Jesus fizera deles na frente do povo, as autoridades enviaram alguns fariseus para indagarem Jesus sobre algumas questões capciosas, o que desmoralizaria o Mestre: “Dize-nos: é lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?” (Mc 12, 14).Jesus percebe imediatamente a armadilha e responde, colocando na resposta um dado muito mais importante: “Devolvam a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mc 12, 17). A questão do imposto ficou em segundo plano diante de outra pergunta: o que é de Deus? A parábola anterior já havia respondido claramente que a vinha, isto é, o povo, pertence unicamente a Deus. Dessa forma, Jesus ataca os poderosos mais uma vez: as autoridades, tanto as internas (os sacerdotes e doutores da Lei) quanto as externas (César) não podem tratar o povo de Deus como bem entendem, explorando-o como estavam fazendo. Pode-se imaginar a vergonha e a raiva dos fariseus.
O centro do Reino de Deus: vida e amor -: agora, são os saduceus que procuram armar outra cilada para Jesus (Mc 12, 18 – 27). O grupo dos saduceus é formado por grandes proprietários de terras e pela elite dos sacerdotes. Eles não acreditam na ressurreição dos mortos. E a pergunta que fazem para Jesus é exatamente sobre esse assunto. Inventando a história de sete homens que sucessivamente morreram após se casarem com a mesma mulher, perguntam a Jesus: “Quando eles ressuscitarem, de quem será a mulher? Todos os sete se casaram com ela!”. A resposta de Jesus, como sempre, desconcerta os seus interlocutores: “Vocês estão enganados, porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus” (Mc 12, 24). Dizer aos maiores entre os sacerdotes que eles não conhecem as Escrituras os desmoraliza completamente. E Jesus cita um trecho do Êxodo, onde Deus diz a Moisés que Ele é o Deus dos vivos e não dos mortos, para provar que a ressurreição existe. Sendo o Deus da vida, Ele não criou ninguém para a morte definitiva. Finalmente, Jesus diz aos saduceus que os ressuscitados “serão como os anjos do céu” (Mc 12, 25) e indica que a vida eterna não pode ser imaginada como uma cópia da vida terrena.
O centro da Lei -: entre tantos adversários que preparam armadilhas, um doutor da Lei íntegro e que reconheceu a legitimidade de Jesus lhe perguntou qual era o primeiro dos Mandamentos. Jesus respondeu: O primeiro Mandamento é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor! E ame ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força. O segundo Mandamento é este: Ame ao teu próximo como a ti mesmo. Não existe outro Mandamento mais importante que estes dois”. (Mc 12, 29 – 31). Jesus mostrou ao doutor da Lei que todos os Mandamentos se reduzem ao núcleo do amor a Deus e ao próximo. O doutor da Lei reconheceu esse núcleo central da fé, do qual depende todo o resto: “…é melhor do que todos os holocaustos e do que todos os sacrifícios”. (Mc 12, 33).
O que devemos aprender -: nas discussões com as autoridades, Jesus nos ensinou que:
a) O povo pertence unicamente a Deus e nenhuma autoridade tem o direito de querer ser a dona do povo;
b) O verdadeiro Deus é o Deus da vida e não da morte e por isso, podemos estar confiantes na ressurreição dos mortos, assim como Jesus ressuscitou;
c) Para conseguir a Vida eterna não é preciso observar um montão de leis e tradições, mas sim amar a Deus e ao próximo.