Aula 22/2011 – O DÉCIMO MANDAMENTO


22 – O DÉCIMO MANDAMENTO

(Itens 2534 a 2550 do Catecismo da Igreja Católica – Aula 55)

“Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo” (Ex 20, 17).

“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6, 21).

A intenção do coração -: o décimo Mandamento desdobra e completa o nono, que se refere à concupiscência (cobiça, forte desejo) da carne. Proíbe a cobiça dos bens alheios, que é a raiz do roubo e, por consequência, de outros crimes, que o sétimo Mandamento proíbe. Leva à violência e injustiça proibidas pelo quinto Mandamento. O décimo Mandamento se refere à intenção do coração e resume, junto com o nono, todos os Mandamentos da Lei de Deus.

A desordem das concupiscências -: a nossa sensibilidade nos faz desejar as coisas que nos agradam e que não possuímos. Por exemplo, desejar progredir financeiramente na vida, ou possuir bens materiais que outros possuem. Esses desejos são bons em si mesmos, mas muitas vezes não respeitam os limites da razão e nos levam a cobiçar injustamente aquilo que não nos cabe ou pertence, ou mesmo é devido a outra pessoa.

O décimo Mandamento proíbe a avidez e o desejo de uma apropriação desmedida dos bens terrenos; proíbe a cupidez que nasce da intensa paixão pelas riquezas e pelo poder. Proíbe ainda o desejo de cometer, pela cobiça, uma injustiça através da qual se prejudicaria o próximo em suas posses materiais.

Quando a Lei nos diz “não cobiçarás”, ordena-nos, em outras palavras, que afastemos nossos desejos de tudo aquilo que não nos pertence, pois a sêde dos bens do próximo é imensa, infinita e nunca saciada, como diz a Bíblia: “O avarento nunca se farta do dinheiro” (Eclo 5, 9).

Não é pecado desejar coisas que o próximo possui, desde que seja por meios justos e honestos. Entretanto, o décimo Mandamento exige banir a inveja do coração humano. Em 2Sm 12, 1 – 4, o profeta Natã quis mostrar ao rei Davi o arrependimento, contando-lhe a história do pobre que possuía uma única ovelha, tratada com extremo carinho, e do rico que, apesar da multidão de seus rebanhos, invejava o primeiro e acabou roubando-lhe a ovelha. A inveja pode levar às piores ações; pela inveja do demônio, a morte entrou no mundo.

Os desejos do espírito -: Deus sempre advertiu os homens contra a sedução daquilo que, desde as origens, aparece como “bom ao apetite, agradável aos olhos, desejável para adquirir conhecimento” (Gn 3, 6), principalmente se pertence ao próximo. Jesus ordena aos seus discípulos que acolham suas palavras acima de tudo e lhes propõe que “renunciem a todos os bens” (Lc 14, 33) por causa dele e do Evangelho. Pouco antes da Paixão, Jesus ensina, como exemplo, a atitude da pobre viúva de Jerusalém que, de sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver (Lc 21, 4). O desprendimento das riquezas é obrigatório para se entrar no Reino de Deus.

A pobreza de coração -: Todo cristão “deve dirigir retamente seus desejos, para que por causa do uso das coisas materiais e do apego às riquezas, contra o espírito da pobreza evangélica, não sejam impedidos na busca da caridade perfeita” (LG 42).

“Bem aventurados os pobres em espírito” (Mt 5, 3). As bem-aventuranças revelam uma ordem de felicidade e graça, de beleza e paz. Jesus mostra a felicidade daqueles pobres em espírito, a quem já pertence o Reino dos céus.

O Senhor se queixa dos ricos, porque encontraram, na quantidade de bens materiais, o seu consolo (Lc 6, 24). Entretanto, a confiança em Deus nos leva à bem-aventurança dos pobres em espírito. Eles verão a Deus.

“Quero ver a Deus” -: o desejo da felicidade verdadeira liberta o homem do apego imoderado aos bens deste mundo, para se realizar na visão e na bem-aventurança de Deus. Ao povo de Deus resta, portanto, lutar para alcançar os bens espirituais que Deus nos prometeu. Para contemplar a face de Deus, os fiéis em Cristo devem eliminar a sua concupiscência e superar as seduções do poder. Por esse caminho, o Espírito Santo e a Igreja chamam aqueles que os ouvem à comunhão perfeita com Deus.


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