Aula 22/10/18 – A Comunhão dos Bens Espirituais
A COMUNHÃO DOS BENS ESPIRITUAIS
22/Outubro/2018
A base da vida cristã dos fiéis -: na comunidade primitiva de Jerusalém, os discípulos de Jesus “mostravam-se assíduos aos ensinamentos dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2, 42). Apesar de muitos usos e costumes dos fiéis terem sofrido mudanças através dos tempos, essas práticas apontadas por São Lucas nos Atos dos Apóstolos não se modificaram. Como fiéis leigos, todos têm a obrigação de aprofundar nossos conhecimentos religiosos, viver como irmãos, frequentar a Eucaristia e rezar muito. Essas quatro práticas são a base da vida cristã, sem as quais não podemos nos considerar verdadeiros cristãos.
A comunhão na fé -: a fé dos fiéis é a fé da Igreja. Essa fé foi recebida dos Apóstolos e disseminada pelos fiéis pelo mundo todo, como pediu Jesus. Uma das características fundamentais da fé é a frequência aos Sacramentos. De fato, os Sacramentos, e, sobretudo o Batismo, que é a porta pela qual se entra na Igreja, são vínculos sagrados que unem todos os fiéis e os incorporam a Jesus Cristo. A comunhão dos santos, que rezamos na Profissão de Fé, é a comunhão que se produz pela frequência aos Sacramentos. O nome de comunhão pode ser aplicado a todos os Sacramentos (e não somente à Eucaristia), pois todos eles nos unem a Deus. Contudo, mais do que a qualquer outro, este nome convém à Eucaristia, pois é principalmente ela que produz essa união com Deus, através de Jesus Cristo sacramentado.
A comunhão dos carismas e dos bens -: na comunhão da Igreja, o Espírito Santo distribui entre todos os fiéis, ordenados ou não, as graças especiais para a construção da Igreja. Como diz São Paulo Apóstolo, “cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos” (1Cor 12, 7). Isso significa que, dentro da Igreja, todos os fiéis devem empregar o que tem de melhor para que realmente sejamos irmãos: “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele. Se um membro é glorificado, todos os membros se alegram com ele” (1Cor 12, 26). Tudo o que o verdadeiro cristão possui, deve considerá-lo como um bem que lhe é comum com todos, e sempre deve estar pronto e disposto a auxiliar a minorar, como puder, a miséria material ou espiritual do próximo. O cristão é apenas um administrador dos bens que o Senhor lhe concedeu.
A comunhão na caridade -: como parte da comunhão dos santos, São Paulo Apóstolo diz que “ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo” (Rm 14, 7). O menor de nossos atos praticados na caridade resulta em benefício de todos, nesta solidariedade com todos os seres humanos, vivos ou mortos, que se baseia na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão.
A comunhão entre a Igreja do céu e da terra -: a encíclica Lumen Gentium proclama o seguinte: “Até que o Senhor venha em sua majestade e com Ele todos os anjos, destruída a morte, e todas as coisas lhe forem sujeitas, alguns entre os seus discípulos peregrinam na terra, outros, terminada esta vida, são purificados, enquanto que outros são glorificados, vendo claramente o próprio Deus trino e uno, assim como Ele é” (LG 49). A união dos que estão na terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo de maneira alguma se interrompe. Ao contrário, segundo a fé da Igreja, está fortalecida pela comunhão dos bens espirituais.
A intercessão dos santos -: pelo fato de os irmãos que estão no céu estarem mais intimamente unidos a Jesus Cristo, eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai. Por conseguinte, pela fraternal assistência deles, as nossas fraquezas recebem o mais valioso auxílio. São Domingos, ao morrer, disse a seguinte frase: “Não choreis. Serei mais útil a vós após a minha morte e vos ajudarei mais eficazmente do que durante a minha vida”. E também Santa Teresinha do Menino Jesus consolou a todos os irmãos, dizendo com a mais absoluta certeza: “Passarei meu céu fazendo bem na terra”.
A comunhão dos santos -: ainda citando a Lumen Gentium, a Igreja nos ensina que veneramos a memória dos que estão no céu não só como exemplo, mas sim para confirmar a união de toda a Igreja no Espírito Santo, através da prática da caridade fraterna. Pois assim como a comunhão dos cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma a união com os santos do céu também nos une a Cristo, de quem emana toda a graça e toda a vida terrena e celeste (LG 50).