Aula 21/09/15 – A Última Ceia


A ÚLTIMA CEIA

21/Setembro/2015

O primeiro relato escrito -: Contrariamente ao que se pensa, o primeiro relato escrito da Última Ceia e, consequentemente, da instituição da Eucaristia, não se encontra nos Evangelhos, mas sim na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, escrita por volta do ano 56, antes da redação do Evangelho de Marcos, o primeiro deles. O texto de Paulo diz o seguinte: “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou do pão, deu graças, partiu-o e disse: `Isto é o meu corpo dado por vós. Fazei isto em minha memória. Do mesmo modo, ao fim da ceia, tomou o cálice, dizendo: `Este cálice é a nova aliança do meu sangue; fazei isto todas as vezes em que o beberdes, em minha memória. Todas as vezes, portanto, que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha” (1Cor 11, 23-26).

Isso, entretanto, não quer dizer que tenha sido Paulo quem, por primeiro, ensinou à Igreja Primitiva a instituição da Eucaristia, pois não devemos nos esquecer de que o Evangelho de Marcos (e possivelmente os de Mateus e Lucas) já existiam em forma oral, transmitidos pelas palavras. De qualquer forma, o texto de Paulo é bastante semelhante àquele narrado pelos evangelistas sobre as palavras de Jesus na Última Ceia.

Jesus oferta livremente sua vida -: Jesus expressou de modo definitivo a livre oferta de sua vida na refeição que tomou com seus doze Apóstolos, na noite em que foi entregue. Na véspera de sua Paixão, quando ainda estava em liberdade, Jesus fez desta Última Ceia o memorial de sua oferta de vida voluntária a Deus Pai. A Eucaristia, que instituiu naquele momento, será a eterna lembrança (memorial) de seu sacrifício. Jesus incluiu os Apóstolos na sua própria oferta e lhes pediu que continuassem a fazer aquilo, “em sua memória”. Com isso, Jesus transforma os seus Apóstolos em sacerdotes da Nova Aliança.

Ao abraçar em seu coração humano o amor de Deus Pai pelos homens, Jesus “amou-os até o fim” (Jo 13, 11), pois ninguém “tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). Assim, no sofrimento e na morte, sua humanidade se tornou o instrumento livre e perfeito do seu amor divino que quer a salvação dos homens.

A Eucaristia -: as narrações da Instituição da Eucaristia, em todos os textos a ela referentes (Paulo, Lucas. Marcos e Mateus, pois o Evangelho de João não se refere ao fato) começam com duas afirmações relativas às ações de Jesus que adquiriram um significado essencial para a Igreja. Lá se diz que Jesus tomou o pão, deu graças e depois partiu o pão. O fato de “dar graças” era devido à berakha, a oração de agradecimento e bênção da tradição judaica, que faz parte das refeições dos judeus ainda hoje. Não se come o alimento sem agradecer a Deus pelo dom que Ele oferece pelo pão e pelo fruto da videira. Paulo e Lucas referem-se a essa berakha (a oração de graças) com o termo eucharistia, enquanto Mateus e Marcos a chamam de eulogia. Mas ambas as palavras tem o mesmo sentido.

Em segundo lugar, diz-se que Jesus “partiu o pão”. Nas refeições judaicas, partir o pão e partilhá-lo para todos é, principalmente, a função do chefe da família, que na Última Ceia é representado por Deus Pai, que através de Jesus, parte o pão para nós, ou seja, nos alimenta espiritualmente. A partilha do pão também é importante, pois partilha significa comunhão. Na Última Ceia, Jesus ao distribuir o pão, oferece-se a Si mesmo para todos.

O significado das frases da Eucaristia -: na frase pronunciada sobre o pão, Marcos e Mateus dizem que Jesus falou simplesmente: “Este é o meu corpo”, enquanto Paulo e Lucas acrescentam “que é dado por vós”. Mas embora Marcos e Mateus não digam esse restante da frase, isso em nada muda o significado da partilha, pois Jesus partiu o pão e o distribuiu a todos, estando, portanto apontada claramente que o corpo de Jesus era para todos.

A frase relativa ao cálice é extremamente profunda: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que por vós é derramado para a remissão dos pecados”. Essa frase de Jesus remete ao Antigo Testamento, em três textos que são: Êxodo 24, 8 (refere-se à Aliança no monte Sinai, selada com o sangue de animais), Jeremias 31, 31 (a promessa de uma nova Aliança) e Isaías 53, 12 (o Servo de Javé que carrega o pecado de muitos e obtém para eles a salvação).

Paulo e Lucas acrescentam, depois da frase acima, mais uma: “Fazei isto em memória de Mim”. Marcos e Mateus não transmitem essa ordem de Jesus, mas pela forma como conduzem seus Evangelhos, é claro que eles também cumpriram essa ordem, ou seja, aquilo que se deu na Última Ceia pela primeira vez deveria continuar na comunidade dos discípulos, pelos séculos dos séculos.


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