Aula 21/05/18 – Hierarquia da Igreja


HIERARQUIA DA IGREJA

21/Maio/2018

Organização da Igreja – Jesus Cristo não determinou que existissem cargos e funções dentro da Igreja. A exceção foi Pedro que dirigiu o Colégio Apostólico 12 anos. Só Paulo, em Gálatas 2,9, faz menção de que ”em Jerusalém, existe um grupo de líderes, Tiago, Pedro e João, as “colunas” da igreja”. A grande expansão da Igreja, entretanto, tornou necessária a criação de funções de coordenação das mais variadas tarefas dentro de cada comunidade. Surgiram então os bispos (episkopos) como administradores das grandes comunidades.

Eleição dos Bispos – os bispos eram eleitos diretamente pelas comunidades – o povo de Deus reunido. São Cipriano ensina que (Carta 67, 5,1) “É de origem divina o procedimento de eleger o bispo na presença de todo o povo para que o aprovem. O povo tem o poder de escolher bispos dignos e de rejeitar os indignos”. Com o passar do tempo foram eleitos bispos para administrarem a “Pentarquia”, ou seja, as cinco grandes dioceses: Jerusalém, Roma, Alexandria, Constantinopla e Antioquia. A eleição dos bispos por leigos só terminou por volta do século XII (ano 1.100 DC).

Não havia primazia entre eles; cada um tinha os mesmos poderes que o outro, reunindo-se todos quando o assunto merecia decisões importantes para o destino de toda a Igreja. O que havia era um lugar de destaque para o bispo de Roma, por ter acontecido lá o martírio de São Pedro. Não existia um Papa, tal como é entendido nos dias de hoje. (O primeiro bispo romano a ser chamado de Papa foi Sirício (384-399)).

A Igreja na Época de Constantino (320dc) – Constantino foi um imperador romano que se converteu ao cristianismo. Ele permaneceu como catecúmeno até a hora da morte, quando então foi batizado pelo Bispo Eusébio, de Constantinopla. Em 325 DC ele ordenou que todos os bispos se reunissem em Constantinopla para o primeiro concilio da Igreja – o Concilio de Nicéia. Dentre os assuntos discutidos foi aprovado o Credo, tal como rezamos nos dias de hoje. A partir de então os bispos passaram a ser considerados funcionários do Império Romano, tornando-se governadores de grandes áreas, com poderes civis e militares, passando a ter também o poder de ministrarem a justiça. Passaram ainda a ter o direito de usarem o báculo, a estola, o anel e a mitra que são símbolos de poder e receberam o título de Sumo Pontífice, sendo que o bispo de Roma passou a ser chamado de Papa; o título de Pontífice Máximo da Igreja ficou reservado aos imperadores. As paróquias foram criadas nessa época cada qual com um santo padroeiro. Reconhecida e protegida pelo Império Romano a Igreja então se expandiu por todos os povos vizinhos.

O Declínio do Poder do Papado – Nos anos 900 surgiu o entendimento de que os reis e imperadores eram escolhidos diretamente por Deus (Direito Divino) e que agiam em nome Dele. Desta forma, deviam prestar contas dos atos de seu governo somente a Deus, não tendo que dar nenhuma satisfação ao Papa, que era soberano somente nas coisas divinas. A partir de então, no Ocidente, a vontade do imperador passou a dominar tudo, fazendo com que a submissão da Igreja se tornasse absoluta.

Direito de Intervir nas Eleições dos Papas – Os imperadores e os reis passaram a intervir nas eleições do papa, dos bispos e arcebispos. Daí em diante nenhum papa (ou bispo) podia ser eleito sem o beneplácito e a confirmação do imperador. Eles passaram a escolher e a nomear os bispos de acordo com seus interesses políticos. Muitas vezes nomeavam seus próprios filhos, inclusive hereditariamente. Houve casos de serem nomeados cardeais com 17 anos e bispos com cinco anos de idade!

A nomeação dos bispos e arcebispos pelos reis foi denominada investidura. Uma vez eleitos, os bispos recebiam das mãos do monarca o báculo e depois o anel e, com eles o próprio cargo episcopal. Depois ocorria a encomendação, ou seja, o novo bispo punha suas mãos fechadas nas mãos espalmadas do rei e então prestava o juramento de fidelidade, tornando-se seu vassalo. O novo bispo, a partir de então recebia grandes áreas de terras e se tornava, também, um grande senhor feudal.

Reação da Igreja – Os Monges não aceitavam mais essa situação e, a partir do ano 1000, passaram a não se submeter nem aos bispos nem aos reis; defendiam somente a autoridade do papa e exigiam uma reforma na Igreja. Em 1059 o Papa Nicolau II instituiu o Colégio de Cardeais, com a função de elegerem os novos Papas.

Reforma Gregoriana – A Hierarquia da Igreja – o Papa Gregório VII, que foi eleito no ano 1100 +-, enfrentou diretamente o abuso contra a Igreja. Publicou o chamado Dictaus Papae estruturando uma hierarquia em forma de pirâmide para governar a Igreja daí em diante:

O Papa – no topo da pirâmide: ocupando um lugar comparado a de um rei ou de um imperador: “O Papa tem a plenitude de poder. Daí, nos termos de Mt 16, 18-19, é o Papa o plenipotenciário do poder de “ligar e desligar” e o detentor das “chaves do Reino”. Só ele tem o tríplice poder da hierarquia: o poder que vem de Deus pelo qual lhe é dado o poder de santificar, ensinar e governar.

– Cristo e o Papa formam uma só cabeça da Igreja. O Papa é, pois, a cabeça do corpo místico de Cristo. Sob a pedra, que é Pedro e seu sucessor, o papa de Roma, deve fundamentar-se toda a ordem no mundo. O Papa tem tanto o poder espiritual como o poder temporal. Ele não é julgado por ninguém, somente por Deus.

I – O Ditactus Papae determinava ainda:

a) – Dentro da Igreja: – a “santidade” automática do papa pois o romano Pontífice, uma vez ordenado canonicamente, é indubitavelmente santo pelos méritos de São Pedro”. 2 – suas decisões são ordens para todos os bispos do mundo; 3 – somente o papa pode absolver ou destituir bispos bem como transferi-los; 4 – Somente o Papa é o único legislador, fonte de todo o direito, juiz supremo e universal que não pode ser julgado por ninguém e 5 – só é católico quem está de acordo e segue as normas fixadas pela igreja.

b) – Fora da igreja; – o papa pode destituir de seus cargos os imperadores e os demais governantes. Só ele pode excomungar imperadores; 2 – ele é o único homem a quem os príncipes beijam os pés; 3 – era o único soberano dos estados papais e podia determinar a vassalagem a todos os povos cujos territórios tivessem sido doados à Igreja por Constantino; 4 – Somente ele pode usar a tiara (coroa tríplice). O Papa Inocêncio III, que foi eleito depois dele, acrescentou: O papa está a meio caminho entre Deus e o homem. “É menos que Deus, porém mais que um homem”.

II – Os Bispos em segundo lugar: considerados os príncipes da Igreja. Subordinados ao papa deveriam visitá-lo a cada 5 anos, para uma prestação de contas.

III – O Clero em terceiro lugar : e abaixo dos bispos a quem devem plena submissão. Paralelamente aos sacerdotes estão situados os monges e os religiosos que também exercem grande influência espiritual e social na comunidade cristã.

IV – Os Leigos – que constituíam o “povo de Deus” no início do cristianismo, passaram a ocupar o último andar da pirâmide hierárquica ficando submissos a todos os demais. Como cristãos assistem às celebrações da igreja e participam delas, receptivos ao que a hierarquia ensina e ordena e dos assuntos espirituais que o clero administra.

Consequências da Reforma Gregoriana – No contexto da reforma gregoriana a hierarquia passou a ser considerada Igreja ficando em último lugar o “povo de Deus”, como ocorria no princípio do cristianismo. A Igreja passou a ser entendida como o papa, com toda a burocracia administrativa das congregações romanas, seguido dos bispos, clérigos e monges. A reforma Gregoriana criou duas categorias de cristãos: o clero, de um lado, com poderes, e os leigos de outro, com obrigação de obediência.

Reação da Igreja – Fortalecimento do Poder Dos Concílios – Os Concílios de Constança (1415) e de Basiléia (1431) – Nesses dois Concílios a igreja reunida introduziu modificações no que dispunha a Reforma Gregoriana, principalmente fixando as atribuições dos Concílios como órgãos reguladores do poder papal. O concílio, representando toda a Igreja Católica, recebe seu poder imediatamente de Cristo, ao qual todos, de qualquer estado ou dignidade humana, mesmo o Papa, devem prestar obediência

“O que diz respeito a todos deve ser aprovado por todos” ‘A autoridade reside basicamente na Igreja (o povo de Deus) e os que exercem nela suas funções o fazem em caráter de representantes da Igreja”. (São Leão Magno)”.A representação suprema da Igreja é o Concílio”

Concílio Vaticano II (1962) e a Inversão da Pirâmide – O Concilio Vaticano II restituiu a definição bíblica e tradicional da Igreja: a Hierarquia não é a Igreja mas sim o povo de Deus . O Reino de Deus vem em primeiro lugar.

Topo da Pirâmide = O Povo de Deus – o concilio “coloca a base no vértice, pondo primeiro em evidência o que Cristo quis e será o único a subsistir até o fim do mundo: o Povo de Deus. A realidade central da Igreja, primeira e última, está aí: o Povo de Deus”. A hierarquia é um serviço que existe para auxiliar o povo de Deus em sua caminhada, sendo acidental e transitória.

(João XXIII) – Esta forma de ver a Igreja pela base difere muito da forma de ver a Igreja pelo vértice. Porém ela é igualmente tradicional. Ela permite compreender que todos os cristãos são absolutamente iguais entre si. Permitem situar os ministros (padres e bispos) no interior das comunidades, a serviço delas, como testemunhas da presença do Cristo ressuscitado e como ela entre as Igrejas.

“Faz descobrir de maneira nova o papel do papa: não mais em primeiro lugar, o diretor-geral, o presidente, mas aquele que tem a preocupação da unidade e do diálogo entre todas as igrejas. Na medida em que se sublinha a originalidade de cada Igreja, o papa surge ainda como o mais necessário para favorecer a comunicação e o diálogo”.


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