Aula 21/03/16 – A Páscoa Cristã
A PÁSCOA CRISTÃ
21/Março/2016
A Páscoa judaica e o seu significado -: a palavra “Páscoa” significa “Passagem”. Mas passagem de quem para onde? Esse acontecimento tem origem na história do povo hebreu, narrado no livro do Êxodo. Como se sabe, os judeus estiveram, durante cerca de 400 anos, prisioneiros no Egito como escravos. Nessas condições, ansiavam pela sua libertação e pelo regresso à Terra Prometida, que na época chamava-se Canaã. Pediam a incessantemente a Javé que “se lembrasse de seu povo”, e lhes dessas condições de se tornarem livres. Deus, finalmente, os atendeu.
Moisés e seu destino -: todos nós conhecemos a história de Moisés e, resumidamente, lembraremos aqui. Moisés, judeu de nascimento, foi criado como filho pela irmã do Faraó do Egito, que era viúva e não tinha filhos. Moisés tinha sido lançado numa cesta ao rio Nilo pela sua mãe judia, para que não fosse sacrificado pelos egípcios, como todos os recém-nascidos judeus, que deveriam ser mortos por um decreto do Faraó. Encontrado pela irmã do velho Faraó, cresceu e tornou-se príncipe do Egito e o predileto do Faraó. No entanto, sua condição de judeu foi descoberta, ao matar um feitor egípcio que maltratava os escravos judeus, e acabou sendo mandado para o deserto, para ali morrer. Não morreu. Atravessou uma parte do deserto e foi acolhido por um velho nômade árabe que lhe deu emprego e uma de suas filhas em casamento. Orientado por Deus, voltou ao Egito e exigiu do novo Faraó a libertação do seu povo. Não sendo atendido após diversas tentativas, avisou aos judeus que preparassem uma ceia e fechassem as portas de suas casas, que deveriam estar “pintadas” com sangue de cordeiro, pois o “Anjo Exterminador” passaria à noite e mataria os primogênitos de todos aqueles que não tivessem suas portas marcadas com sangue. Assim aconteceu e uma das vítimas foi o primogênito do Faraó.
Aturdido, o Faraó permitiu a saída dos judeus de suas terras. Sabemos o que aconteceu depois, com o arrependimento do Faraó em permitir a libertação e o episódio das águas do mar Vermelho que se abriram e tragaram o exército do Faraó. Pois bem, a noite da libertação do povo judeu de sua escravidão ficou marcada como a passagem da escravidão para a liberdade, a sua “Páscoa”. E essa páscoa era comemorada todos os anos.
Jesus e a Páscoa judia -: como bom judeu, Jesus também comemorava a páscoa judia todos os anos. Era costume judeu que, sempre que possível, as pessoas comemorassem a páscoa em Jerusalém. A cidade, como se pode compreender, ficava superlotada de gente, o que fazia com que as autoridades religiosas estendessem os limites da cidade pela sua periferia, para que todos pudessem cumprir o ritual.
Por ocasião da sua última páscoa, Jesus estava em Jerusalém, cumprindo o que pedia o ritual judeu. Ceou com os discípulos no Cenáculo, instituiu a Eucaristia e despediu Judas, para que cumprisse a sua missão. Foi preso no horto das Oliveiras, julgado e condenado à morte na cruz. Permaneceu morto no restante da sexta-feira, no sábado e ressuscitou na manhã de domingo, o primeiro dia da semana judaica. A Ressurreição de Jesus foi o acontecimento mais marcante de sua história e a base na qual se assenta a fé cristã. Como disse o apóstolo Paulo, se Jesus não houvesse ressuscitado vazio seria a nossa fé.
A Páscoa cristã -: a Ressurreição de Jesus, além de comprovar que Jesus era, de fato, o Filho de Deus, foi a alavanca principal da disseminação do Evangelho, a princípio em Israel, depois na Grécia, depois em Roma e finalmente, em todo o mundo conhecido. A Páscoa cristã recebeu esse nome porque também se trata de uma “Passagem”, da vida pagã e sem Deus, para a vida nova que Jesus nos ofereceu pelo seu Sacrifício.
A Páscoa cristã não é simplesmente uma festa entre outras festas da Igreja: ela é “a festa das festas”, a “solenidade das solenidades”, assim como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos. Santo Atanásio denominou a Páscoa de “o grande domingo”. O mistério da Ressurreição, no qual Jesus venceu a morte, penetra o nosso tempo com a sua poderosa energia, “até que tudo lhe seja posto aos seus pés”.
Um pouco de história da data -: no ano de 335, no Concílio de Nicéia, todas as Igrejas chegaram a um acordo que a Páscoa cristã fosse celebrada no domingo seguinte à lua cheia do equinócio de primavera (14 Nisan). A reforma do calendário ocidental (chamado “Gregoriano”, do nome do Papa Gregório XIII, em 1582), produziu uma diferença de vários dias, em relação ao calendário oriental. Hoje em dia, as igrejas ocidental e oriental buscam um acordo, a fim de se chegar novamente a celebrar em uma data comum o dia da Ressurreição do Senhor.