Aula 20/2012 – CRITÉRIOS DO REINO DE DEUS (Mc 10, 1 – 52)


20 – CRITÉRIOS DO REINO DE DEUS (Mc 10, 1 – 52)

(03/Setembro/2012)

A fidelidade -: depois de fazer as necessárias correções sobre algumas idéias erradas dos discípulos e instruí-los sobre como proceder corretamente, Jesus parte para a Judéia, onde vai entrar novamente em contato com os fariseus e com a multidão. Como sempre, os fariseus querem apanhar Jesus em alguma contradição e colocam para Ele a questão do divórcio. Naquela época, o divórcio era permitido por lei e, na prática, qualquer matrimônio podia ser dissolvido. Mas a lei valia quase só para os homens.
Na realidade, os fariseus queriam que Jesus dissesse alguma coisa contra a lei, para poder culpá-lo. Mas Jesus não está preocupado com a lei do divórcio e mostra que essa lei foi feita apenas e tão somente para atender às conveniências humanas e nada tem de divina: “Foi por causa da dureza de seus corações que Moisés escreveu esse mandamento. Mas, desde o início da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e os dois serão uma só carne. Portanto, já não são dois, mas uma só carne. Logo, o que Deus uniu o homem não deve separar” (Mc 10, 5 – 9).
Jesus mostra assim que, no Plano de Deus, a união matrimonial é sinal da própria fidelidade de Deus para com os homens. Em resumo, Jesus não aceita a lei do divórcio porque ela não atende à vontade de Deus e sim à vontade dos seres humanos, que colocam suas conveniências acima da lei de Deus.
Para por um fim definitivo sobre o assunto do divórcio, Jesus adverte: “O homem que se divorciar de sua mulher e se casar com outra, cometerá adultério contra a primeira mulher. E se a mulher se divorciar do seu marido e se casar com outro homem, ela cometerá adultério” (Mc 10, 11 – 12).

Dom e partilha -: estamos agora frente ao episódio do jovem rico, que pergunta a Jesus o que fazer para ganhar a vida eterna (Mc 10, 17 – 31). Jesus diz a ele que deve observar os Mandamentos, ao que o jovem replica que, desde criança, os segue religiosamente. A frase que Jesus dispara cai sobre ele como um raio: “Só lhe falta uma coisa para fazer: vá, venda tudo, dê o dinheiro aos pobres e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Duro de engolir, pois o jovem era muito rico. Assim, muito triste, o rapaz vira as costas a Jesus e vai embora. Aos discípulos, admirados com a resposta de Jesus, o Mestre dispara outra frase espantosa para os pensamentos humanos: “É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino de Deus!”. De fato, no reino dos homens, a riqueza e o status social é que valem. Contudo, na lógica do Reino de Deus, a vida eterna pertence àqueles que, partilhando seus bens, dão possibilidade de vida digna para quem necessita.
Desta forma, podemos fazer nossa, aqui e agora, a pergunta que os discípulos fazem a Jesus: “Então, quem pode ser salvo?”. Esta é a resposta de Jesus: “Para os homens, isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus, tudo é possível”. Isso significa que somente Deus pode converter os corações daqueles que estão presos à riqueza. Significa também que os ricos que não se apegam à sua riqueza, mas a usam para promover a dignidade humana, estão dentro do Plano de Deus. A frase final de Jesus “Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros” resume tudo o que foi dito: a vida eterna depende da conversão do coração. É preciso sair da lógica da riqueza solitária para entrar na lógica da partilha em comum.

A caminho de Jerusalém -: até agora, acompanhamos Jesus e os discípulos pelas estradas, vilas e cidades da Galiléia. Neste momento, Jesus entende que é tempo de levar sua atividade para o centro nervoso do país: Jerusalém. Os discípulos estão com medo, pois é em Jerusalém que estão os chefes dos anciãos, escribas e doutores da Lei. Estas autoridades não vão receber Jesus, que contraria seu modo de pensar e de agir, com flores e boas-vindas.
Jesus reforça esse medo e repete o que já havia anunciado duas vezes: “O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias, ele ressuscitará” (Mc 10, 31). Os discípulos ainda não entendem o que quer dizer essa ressurreição, e a preocupação em compartilhar as glórias futuras de Jesus perdura entre eles, apesar do medo.

Autoridade é serviço -: Tiago e João, acanhados, pedem a Jesus: “Quando estiveres na glória, deixa-nos sentar um à tua direita, e outro à tua esquerda” (Mc 10, 37). Querem ser autoridades no Reino de Deus. Ainda aquela mentalidade de glória e poder. Jesus, provavelmente entristecido com isso, tenta explicar de novo: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso poderão beber o cálice que eu vou beber? Podem ser batizados com o batismo com o qual eu vou ser batizado?” (Mc 10, 38). Porém, em vez de sanar a incompreensão, aumenta ainda mais a confusão, pois quando os outros dez discípulos ouviram o pedido, começaram a ficar com raiva de Tiago e João.
Jesus, resignado, não desiste. Chama os discípulos e diz: “Vocês sabem: aqueles que se dizem governadores das nações tem poder sobre elas, e os seus dirigentes tem autoridade sobre elas. Mas entre vocês não deverá ser assim: quem quiser ser grande, deve tornar-se o servidor, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos” (Mc 10, 42 – 44). Sem essa mudança de mentalidade, não é possível se considerar seguidor de Jesus. Isso vale para todos nós.

Um verdadeiro seguidor de Jesus -: chega agora a história do cego de Jericó (Mc 10, 46 – 52). Bartimeu também não enxergava nada e estava à beira do caminho, mendigando, quando ouviu a multidão falando sobreJesus. Imediatamente, apesar de repreendido, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”. E repetia sem parar o pedido. Jesus, compadecido, chamou-o e perguntou o que ele queria. “Senhor, que eu veja”. Não queria glória, nem poder, nem riqueza. Apenas queria ver. “No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e seguia Jesus pelo caminho”. Isso é ter fé.


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