Aula 19/11/18 – A Missa de Todos os Séculos
A MISSA DE TODOS OS SÉCULOS
19/Novembro/2018
Desde o início -: desde o século II a Igreja tem o testemunho de São Justino (mártir da Igreja) sobre as estruturas fundamentais da celebração da Eucaristia, que permaneceram as mesmas até nossos dias. Pelo ano de 155, ele escreveu ao Imperador pagão Antonino Pio como celebravam os cristãos o mistério principal do cristianismo:
“No dia do Sol (domingo) reúnem-se no mesmo lugar os habitantes das cidades e dos campos. Leem-se as palavras dos Apóstolos ou dos Profetas. Depois, o que preside aconselha os presentes a imitar os ensinamentos. A seguir, nos levantamos e fazemos as preces por nós e por todos os outros e nos saudamos com um ósculo. Então, levamos ao que preside pão e um cálice de vinho e água misturados. Ele os toma e faz subir louvor e glória ao Pai, em nome do Filho e do Espírito Santo. Terminadas as orações, o povo aclama e diz “Amem”. Em seguida, os que entre nós se chamam “diáconos” distribuem aos presentes pão, vinho e água “eucarísticos” e levam também aos ausentes”.
Conforme se vê, a liturgia eucarística se desenrola segundo uma estrutura fundamental que se conservou ao longo dos séculos até hoje. Essa liturgia baseia-se em dois grandes momentos: a Liturgia da Palavra, com a leitura, a homilia e a oração universal e a Liturgia Eucarística, com a apresentação do pão e do vinho, a consagração e a comunhão.
Estes movimentos são exatamente os movimentos da Ceia Pascal de Jesus ressuscitado que, estando a caminho, explicou aos discípulos de Emaús as Escrituras e depois, colocando-se à mesa com eles, “tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e distribuiu-o a eles” (Lc 24, 13-35).
A liturgia da Palavra e a liturgia Eucarística constituem juntas em um só e o mesmo ato do culto. Com efeito, a mesa preparada para nós na Eucaristia é, ao mesmo tempo, a Palavra de Deus e o Corpo do Senhor (Dei Verbum, 21).
Os movimentos da celebração -: o desenrolar da missa decorre da seguinte maneira:
Todos se reúnem: os cristãos acorrem a um mesmo lugar para a celebração. É o Cristo mesmo quem preside invisivelmente a celebração. O sacerdote, agindo em representação do Senhor Jesus, toma a palavra depois das leituras, recebe as oferendas e profere a oração eucarística. Todos os presentes participam da celebração, cada um a seu modo: os leitores, os que trazem as oferendas, os que dão a comunhão e todo o povo, cujo Amém manifesta sua participação.
A liturgia da Palavra: comporta os escritos dos profetas, isto é, o Antigo Testamento e as memórias dos Apóstolos, ou sejam, as Epístolas e os Evangelhos. Após, vem a homilia, que exorta os participantes a acolher estas palavras que são, na verdade, Palavras de Deus, e a colocá-las em prática. Em seguida, vem os pedidos por todos os homens, de acordo com a palavra de São Paulo: “Eu recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que detém a autoridade” (1Tm 2, 1-2).
A apresentação das oferendas: trazem-se então ao altar o pão e o vinho que serão oferecidos pelo sacerdote, em nome de Cristo, na Consagração, e ali se tornarão o Corpo e o Sangue de Cristo. Esta oferta só a Igreja a oferece, pura, ao Criador, oferecendo-lhe em ação de graças aquilo que provém de sua criação.
Desde o início, os cristãos levam, com o pão e o vinho, suas ofertas para repartir com os que estão em necessidade. Este é o costume da coleta e inspira-se no exemplo de Cristo, que se fez pobre para nos enriquecer.
A anáfora (parte central da missa): com a Oração Eucarística, a oração de ação de graças e a Consagração, chega-se ao ápice da celebração.
No prefácio, a Igreja dá graças ao Pai, por Cristo e no Espírito Santo, por tudo o que Ele nos deu. Toda a comunidade junta-se então a este louvor ao Deus três vezes santo.
Na epiclese pede-se ao Pai que envie o seu Espírito Santo (ou o poder de sua bênção) sobre o pão e o vinho, para que se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo, e para que aqueles que participam da Eucaristia sejam um só corpo e um só espírito.
No relato da instituição a força das palavras e da ação de Cristo, e o poder do Espírito Santo tornam presentes, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo e seu sacrifício na cruz.
Na anamnese, a Igreja faz a lembrança da Paixão, da Ressurreição e da volta gloriosa de Jesus: apresenta a Deus Pai a oferenda de seu Filho, reconciliando-nos com Ele.
Nas intercessões, a Igreja mostra que a Eucaristia á celebrada em comunhão com toda a Igreja do céu e da terra, dos vivos e dos mortos e na comunhão com os pastores da Igreja: o Papa, o bispo da diocese, seus presbíteros e diáconos e todos os Bispos do mundo inteiro.
Na comunhão, precedida pela oração do Senhor (Pai Nosso) e pela fração do pão, os fiéis recebem o “pão do céu” e o “cálice da salvação”, ou seja, o Corpo e o Sangue de Cristo, que se entregou “para a vida do mundo” (Jo 6, 51). Por que este pão e este vinho foram, pela expressão original, “eucaristizados”, chamamos este alimento de “Eucaristia”, e a ninguém é permitido participar dela senão aquele que, admitindo como verdadeiros os ensinamentos da Igreja e tendo sido purificado pelo Batismo para a remissão dos pecados, levar uma vida como Jesus ensinou.