Aula 18/07/16 – A Oração Na Plenitude Dos Tempos


A ORAÇÃO NA PLENITUDE DOS TEMPOS

18/Julho/2016

Jesus rezava -: Jesus, o filho da Virgem Maria, aprendeu a rezar como qualquer ser humano aprende: de sua Mãe, que conservava “todas as grandes coisas de Deus e as meditava em seu coração” (Lc 1, 49; 2,19; 2, 51). Aprendeu também na sinagoga de Nazaré e em Jerusalém, no Templo. Mas principalmente, a sua oração brota de uma fonte bem mais secreta, como deixou antever com a idade de doze anos: “Eu devo estar na casa de meu Pai” (Le 2, 49). Nesta frase de Jesus, começou a se revelar o tipo de oração que Deus espera de todos os seus filhos a oração filial. Essa forma de oração será vivida por seu Filho único, que a ensinou aos homens e para os homens.

O sentido da oração de Jesus -: o evangelho de Lucas destaca a ação do Espírito Santo e o sentido da oração na vida de Jesus, que orou sempre antes dos momentos decisivos de sua missão: antes de Deus Pai dar testemunho dele por ocasião do seu Batismo (Lc 3, 21) e da Transfiguração (Lc 9, 28), e antes de realizar o plano de Deus por meio de sua Paixão (Lc 22, 41-44). Orou também antes de chamar os doze apóstolos (Lc 6, 12), antes que Pedro confesse que Ele é o Messias (Le 9, 18-20) e para que a fé do chefe dos apóstolos não enfraqueça (Lc 22, 32).

“Ensina-nos a orar” -: estando Jesus em certo lugar, orando, um de seus discípulos lhe pediu: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1). E foi ai que Jesus deu aos discípulos e ao mundo a mais perfeita das orações filiais: a oração do Pai Nossa E contemplando e ouvindo Jesus a orar que os filhos aprendem a rezar ao Pai.

Jesus muitas vezes se retirava, na solidão, nas montanhas, de preferência à noite, para orar ao Pai. Conforme se pode compreender, Jesus, em suas orações, levava com Ele os homens todos, pois assumindo a humanidade por sua Encarnação, oferecia a todos nós, oferecendo-se a si mesmo. Podemos então assumir que, nas suas orações secretas, sozinho com Deus, Jesus nos mostrou o conteúdo dessas orações, através de suas palavras e suas obras. Era pela humanidade e pela sua salvação que Jesus orava em segredo.

As duas orações -: os evangelistas conservaram de Jesus, outras duas orações, que começam ambas com uma ação de graças. Na primeira (Mt 11, 25-27; Lc 10, 21-23), Jesus confessa o Pai, agradece-lhe e o bendiz, porque escondeu os mistérios do Reino de Deus aos que se julgam doutores, e os revelou aos “pequeninos”.

Em Jo 11, 41-42, encontramos a segunda dessas orações, feita antes da ressurreição de Lázaro. A ação de graças precede o acontecimento: “Pai, eu vos dou graças por teres me ouvido”, o que significa que o Pai sempre o ouve, pois acrescenta em seguida: “Eu sei que sempre me ouves”. Isso implica em dizer também que Jesus pede ao Pai constantemente. E terminou a oração dizendo: “Falo assim por causa da multidão aqui presente, para que todos acreditem que tu me enviaste”. E ressuscita Lázaro.

Na hora mais sofrida -: ao chegar a hora de realizar o plano de amor de Deus, Jesus deixou antever a profundidade de sua oração filial, não apenas antes de se entregar livremente (“Abba, Pai… não seja feita a minha vontade, mas a tua”, conforme Lc 22, 42, mas também nas suas últimas palavras na cruz, quando orar e entregar-se são um só e o mesmo ato: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34)).

As sete frases do fim -: todas as outras frases de Jesus feitas na cruz são também uma oração e uma entrega total. A promessa a Dimas, o bom ladrão, a entrega de João como filho a Maria e da Mãe a João e a todos nós, a súplica da sede, o lamento pelo abandono do Pai, a chegada do fim e a entrega do seu espírito ao Pai. Essas frases terminam com um grande grito (Mc 15, 37).

Todas as misérias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todos os pedidos e intercessões da história da salvação estão recolhidas neste grito de Jesus. E Deus Pai os acolhe, e indo além de todas as esperanças os ouve, ressuscitando seu Filho. Desta forma se confirma e se realiza o poder da entrega e da oração na história da salvação.

Jesus revela a pedagogia da oração -: como um pedagogo, Jesus nos toma de onde estamos e, progressivamente, nos conduz ao Pai. Partindo do que já conhecemos, Ele nos abre a novidade do Reino de Deus, e revela-nos em parábolas esse Reino. Enfim, falará abertamente do Pai e do Espírito Santo.

No sermão da montanha, Jesus insiste na conversão do coração: a reconciliação com o irmão antes de apresentar oferendas ao altar de Deus, o amor aos inimigos e a oração pelos perseguidores, o perdão do fundo do coração, a pureza de coração e a busca do Reino de Deus. Esses conceitos exprimem toda a pedagogia da oração.

A oração e as parábolas -: três parábolas de Jesus sobre a oração estão contidas no Evangelho de Lucas:

A primeira, “o amigo importuno” (Lc 11, 5-13) convida a uma oração persistente: “Batei e se vos abrirá”. Àquele que ora assim, o Pai dará tudo o que precisa, sobretudo o Espírito Santo que contém todos os dons;

A segunda, “a viúva importuna” (Lc 18, 1-8) focaliza uma das qualidades da oração: é preciso orar sempre, sem desanimar e com a paciência da fé.

A terceira, “o fariseu e o publicano” (Lc 18, 9-14) se refere à humildade de coração daquele que reza. Essa oração a Igreja constantemente torna sua: “Kyrie eleison”, Senhor, tem piedade de nós.

Jesus ouve nossa oração -: a oração feita a Jesus é ouvida por Ele já durante a sua vida: quando lhe pedem com palavras, atende aos leprosos, a Jairo, a mulher Cananéia, ao centurião, a Dimas. Mesmo quando o pedido não é feito com palavras, mas em silêncio, Jesus atende: os carregadores do paralítico, a hemorroíssa, as lágrimas e o perfume da pecadora. Atende também ao pedido insistente e importuno dos cegos: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de nós” (Mt 9, 27). Quer na cura de enfermidades, quer na remissão dos pecados, Jesus responde sempre à oração que pede com fé: “Vai em paz, a tua fé te salvou”.


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