Aula 16/05/16 – A Solenidade Do Corpus Christi
A SOLENIDADE DO CORPUS CHRISTI
16/Maio/2016
Origem da festa do Corpus Christi -: esta festa é a celebração em que a Igreja, solenemente, celebra o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É o único dia em que o Santíssimo Sacramento sai às ruas em procissão. A Eucaristia é a fonte e o centro de toda a nossa vida cristã, e nela está contida toda a verdade espiritual da Igreja Católica, que é o próprio Corpo do Senhor Jesus.
A celebração do Corpus Christi tem origem na Bélgica, no século XIII. Em 1243, na cidade de Liège, uma freira chamada Juliana de Mont Cornillon (depois canonizada pela Igreja) revelou que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma solenidade anual em honra da Sagrada Eucaristia. Em 1247 realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana.
Por esse mesmo tempo, o padre Pedro de Praga celebrava uma missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, na Itália, ocasião em que ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a escorrer gotas de sangue sobre o corporal, após a consagração. A história conta que isso ocorreu porque o padre Pedro teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.
O Papa Urbano IV (1262-1264) que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, ordenou ao bispo Giacomo que levasse as relíquias daquela missa de Bolsena a Orvieto. Isso foi realizado em procissão. Quando o Papa encontrou a procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras do latim “Corpus Christi” (Corpo de Cristo), expressão que marcaria a festa para sempre.
Em 1264, o Papa Urbano IV, através da bula papal “Transiturus de hoc mundo”, estendeu a festa para toda a Igreja, pedindo a São Tomás de Aquino (que também residia em Orvieto) que preparasse as leituras e textos litúrgicos que, até hoje, são usados na celebração. O Papa havia morado em Liège, conhecia Juliana de Mont Cornillon e admirava sua espiritualidade e sinceridade. A procissão com a Hóstia consagrada conduzida em um ostensório data de 1274.
No início do século XIV, o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a festa da Eucaristia um dever canônico mundial. Em 1317, o Papa João XXII publicou o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização da festa, a solenidade de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
A presença real de Cristo na Eucaristia-: embora a solenidade de Corpus Christi tenha se iniciado no século XIII, muito antes disso já havia controvérsias sobre a real presença de Cristo no Santíssimo Sacramento. Certa ocasião, no século VIII, na freguesia de Lanciano, Itália, um dos monges de São Basílio foi tomado de grande descrença e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia. Para seu espanto (e para o benefício de toda a humanidade), na mesma hora a Hóstia consagrada transformou-se em carne e o Vinho consagrado transformou-se em sangue. Este milagre tornou-se objeto de muitas pesquisas nos anos e séculos seguintes, mas o estudo mais sério foi feito em nossa era, entre 1970 e 1971, e revelou ao mundo resultados impressionantes:
1- A Carne e o Sangue continuam frescos e incorruptos até o dia de hoje, apesar dos 12 séculos já transcorridos;
2- O Sangue encontra-se coagulado externamente em cinco partes; internamente, o Sangue continua líquido;
3- Cada porção coagulada do Sangue possui tamanhos diferentes, mas todas possuem exatamente o mesmo peso, não importando se pesadas juntas ou separadas;
4- São Carne e Sangue humanos; o Sangue pertence ao grupo sanguíneo AB, que é um grupo raro na população mundial, mas característico de uma grande maioria dos judeus;
5- Todas as células e glóbulos continuam vivos;
6- A Carne pertence ao miocárdio, tecido do coração (e o coração sempre foi símbolo do amor).
A Eucaristia é o memorial sempre novo e sempre vivo dos sofrimentos de Jesus por nós. Mesmo separando seu Corpo e seu Sangue, Jesus se conserva por inteiro em cada uma das espécies. É pela Eucaristia, principalmente pelo Pão, sinal do alimento que fortifica a alma do ser humano, que tomamos parte na vida divina, nos unindo a Jesus e por Ele ao Pai, no amor do Espírito Santo.
O centro da missa será sempre a Eucaristia e, por ela, o melhor e o mais eficaz meio de participação nos mistérios divinos. Aumentando nossa devoção ao Corpo e ao Sangue de Jesus, como Ele próprio pediu, alcançaremos mais facilmente os frutos da Redenção.
No Brasil -: a tradição de enfeitar as ruas para a passagem da procissão de Corpus Christi surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais. Hoje em dia, essa tradição faz parte de quase todas, senão da totalidade das cidades pelo Brasil afora.
A celebração do Corpus Christi consta de uma missa solene, da procissão pelas ruas e da adoração ao Santíssimo Sacramento. A procissão lembra a caminhada do povo de Deus, que é peregrino, em busca da terra prometida. No Antigo Testamento, esse povo foi alimentado com o maná, no deserto. Hoje, o povo de Deus é alimentado com o próprio Corpo de Cristo.
Durante a missa de Corpus Christi, o celebrante consagra duas Hóstias: uma é consumida e a outra, apresentada aos fiéis para adoração. Essa Hóstia permanece no meio da comunidade, como sinal da presença de Cristo vivo no coração de sua Igreja.