Aula 15/2011 – O TERCEIRO MANDAMENTO
15 – O TERCEIRO MANDAMENTO
(Itens 2168 a 2188 do Catecismo da Igreja Católica – Aula 48)
“Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo. Trabalharás durante seis dias e farás todas as tuas obras. O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor teu Deus. Não farás nenhum trabalho” (Ex 20, 8 – 10).
“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado, de modo que o Filho do Homem é senhor até do sábado” (Mc 2, 27 – 28).
O dia do sábado -: a propósito do sábado, a Escritura faz memória da criação: “Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo que eles contém, mas repousou no sétimo dia. Por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (Ex 20, 11). Deus confiou o sábado a Israel para ele o guardar em sinal da Aliança que fez com o povo. O sábado é, pois, santamente reservado ao louvor de Deus. A maneira de Deus agir é o modelo para o homem. Se Deus “repousou” no sétimo dia, também o homem deve fazê-lo. O sábado faz cessar os trabalhos e garante uma pausa para “retomar o fôlego” (Ex 23, 12). É um dia que simboliza um protesto contra a escravidão do trabalho e o culto do dinheiro.
Os Evangelhos relatam uma porção de incidentes em que Jesus é acusado de violar o sábado. Mas Jesus nunca profana a santidade desse dia; ao contrário, dá-nos com autoridade a sua autêntica interpretação: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 2, 27). Jesus se permite, no dia de sábado, fazer o bem, curar doentes, salvar uma vida. “O Filho do Homem é senhor até do sábado” (Mc 2, 28).
O dia do Senhor -: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: exultemos e nele alegremo-nos” (Sl 117, 24). Jesus ressurgiu dentre os mortos “no primeiro dia da semana” (Mt 28, 1; Mc 16, 2; Lc 24, 1; Jo 20, 1). Como “primeiro dia”, o dia da Ressurreição de Cristo lembra a primeira criação. Enquanto “oitavo dia”, que se segue ao sábado, significa a nova criação inaugurada com a Ressurreição. Para os cristãos, tornou-se o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o “dia do Senhor” (“Dies Dominica”), o dia de domingo.
O domingo distingue-se do sábado, ao qual sucede cronologicamente, e substitui, para os cristãos, o ritual do sábado judaico. O domingo leva à sua plenitude a verdade espiritual do sábado judaico e anuncia o repouso eterno do homem em Deus. “Aqueles que viviam segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança, não mais observando o sábado, mas sim o dia do Senhor, no qual nossa vida foi abençoada, por Ele e por sua morte” (Santo Inácio de Loiola).
Assim, a celebração do domingo observa o mandamento terceiro, inscrito no coração do homem, de prestar a Deus um culto exterior, visível, público e regular. O culto dominical cumpre, pois, o preceito moral da Antiga Aliança, ao celebrar cada semana o Criador e o Redentor de seu povo.
A Eucaristia dominical -: a celebração da Eucaristia do Senhor constitui o coração da vida da Igreja. O domingo, dia em que se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado como o dia de festa por excelência. Esta prática cristã data do início da era apostólica. A Sagrada Tradição guarda a lembrança de uma exortação sempre atual: “Vir cedo à Igreja, aproximar-se do Senhor e confessar os seus pecados, arrepender-se na oração, participar da Liturgia, terminar a oração e não sair antes da despedida. Dissemos muitas vezes: este dia vos foi dado para a oração e o repouso. É o dia que o Senhor fez; exultemos e alegremo-nos nele”. (Sermões dominicais, a.a.).
A celebração dominical deve ser realizada na paróquia, que é uma determinada comunidade de fiéis confiada ao pároco como seu pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano. “Não podes rezar em casa como na Igreja, onde está o povo reunido. Ali há a união dos espíritos, a harmonia das almas, o vínculo da caridade e as orações dos presbíteros (S. João Crisóstomo).
A obrigação do domingo -: o mandamento da Igreja determina a Lei do Senhor: nos domingos e outros dias de festas de preceito, o cristão tem a obrigação de participar da missa. A missa dominical fundamenta toda a prática cristã. Por isso, a obrigação de participar todos os domingos e festas, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidados com os bebês, falta de sacerdote e outras situações que causam impossibilidade total). Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave.
Dia de graça e interrupção do trabalho -: durante o domingo e dias santificados, os fiéis devem abster-se de entregar-se ao trabalho ou atividades outras que os impeçam de render o culto devido a Deus e o descanso do espírito e do corpo. Somente as necessidades familiares e trabalhos de grande utilidade social são motivos legítimos para a dispensa do preceito dominical.
Os cristãos que podem repousar lembrem-se de seus irmãos que tem as mesmas necessidades e os mesmos direitos, mas não podem repousar por causa da pobreza e da miséria. O domingo é tradicionalmente consagrado pela piedade cristã às boas obras e aos serviços de que carecem os doentes, os idosos e os necessitados de qualquer natureza. Os cristãos santificarão ainda o domingo dispensando às suas famílias o tempo e a atenção que não podem dispensar nos outros dias da semana. O domingo é um dia de reflexão, de silêncio, de meditação e de cultura que favorecem o crescimento da vida cristã interior.
Lembremos ainda que o cristão deve evitar de impor, sem grave necessidade, atividades e trabalhos a familiares, amigos ou subordinados, impedindo-os de guardar o dia do Senhor. Quando os costumes (esportes, restaurantes, etc.) ou as necessidades sociais (serviços públicos, etc.) exigem de alguns um trabalho dominical, cada um deve encontrar um tempo suficiente para observar o culto e o descanso.