Aula 14/2012 – PARTICIPAR DA MISSÃO


14 – PARTICIPAR DA MISSÃO

02/Julho/2012

O envio para a missão -: os 12 discípulos de Jesus vão deixar de ser simples espectadores do que Jesus diz e faz, para ser participantes de sua missão. Marcos conta: “Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus” (Mc 6, 7). Por que dois a dois? Porque é um trabalho comunitário, não um trabalho de promoção pessoal.
Como a missão dos discípulos é libertar as pessoas do mal, Jesus mostra-lhes como devem proceder: “Jesus recomendou que não levassem nada pelo caminho além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas” (Mc 6, 8 – 9). A intenção de Jesus é clara: quem quer trabalhar para Deus deve confiar no seu poder. Recomendando que nada levassem, Jesus põe à prova a fé dos discípulos nele. Outra instrução de Jesus parece uma atitude de bom senso e formação de comunidade: “Quando entrarem numa casa, fiquem aí até partirem” (Mc 6, 10). Isso indica que, com a partida dos missionários, a comunidade deve se reunir num local determinado e prosseguir com a prática ensinada.
Jesus também adverte os discípulos que nem tudo correrá bem, só porque eles agem em seu Nome: “Se vocês forem mal recebidos em um lugar e o povo não os escutar, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles” (Mc6, 11). Sacudir a poeira dos pés é um gesto que significa o tipo de julgamento que Deus faz sobre aqueles que não aceitam o seu Plano.

A missão -: é a mesma de Jesus: “Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (Mc 6, 12 – 13). Essa missão implica essencialmente em três coisas:
1- Pregar para que as pessoas se convertam: o Reino de Deus requer a conversão e um modo de pensar e agir novo. Sem isso, a semente cai em terrenos onde não pode vingar;
2- Expulsar demônios: no Evangelho de Marcos, podemos perceber que “expulsar demônios” é libertar as pessoas e livrá-las de todas as amarras que as tornam escravas do mal;
3- Curar doentes: é uma decorrência da expulsão dos demônios. Na época, até uma simples febre era considerada obra dos maus espíritos. Curar doentes significa também restaurar por completo a dignidade da pessoa humana.
Enquanto isso ocorre, João Batista, o Precursor, está preso. Num banquete organizado por Herodes, ele é morto para satisfazer a raiva de Herodíade. Enquanto Jesus prega o Reino da liberdade e da vida, os maus investem no reino da prisão e da morte. Porém, a atividade de Jesus começa a incomodá-los também.

O banquete da vida -: os discípulos retornam com muita alegria, pois a sua missão, alicerçada na fé em Jesus, foi um sucesso. Marcos diz que eles atenderam tanta gente que os procurava, que não tinham tempo nem para comer. Então, ao seu regresso, Jesus os convida para descansarem: “Vamos para um lugar deserto, para que vocês descansem um pouco. Então, foram sozinhos, de barco, para um lugar afastado” (Mc 6, 32). Porém, muitas pessoas os viram partir e chegaram ao lugar antes deles. Jesus ficou comovido por aquele povo que quase nada tinha, e que o seguia esperando por uma vida mais digna: “Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, pois eles estavam como ovelhas sem pastor. Então, começou a ensinar muitas coisas para eles” (Mc 6, 34).
Os discípulos advertem Jesus que já era tarde, e pedem para que Jesus os despeça, para que possam procurar uma aldeia para se alimentarem. Jesus, porém, não raciocina como os homens comuns, e diz aos discípulos: “Vocês é que tem de lhes dar de comer”. A reação dos discípulos é de espanto e parece justa: “Devemos gastar meio ano de salário e comprar pão para dar-lhes de comer?” (Mc 6, 37). A nossa reação, nos dias de hoje, seria diferente? Como já assinalado, a lógica de Jesus é distinta da nossa, e a sua ordem é para que vejam quanto alimento os discípulos carregam: cinco pães e dois peixes. É pouco. Mas deve ser partilhado, e é nessa partilha que o milagre se realiza: Jesus manda que o povo se assente, e “ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos, para que os distribuissem. Dividiu entre todos também os dois peixes” (Mc 6, 41). Diz Marcos que todo o povo comeu e ficou satisfeito, sobrando ainda 12 cestos cheios de pães e peixes. Esse milagre ensina que quando há boa vontade em se repartir os bens, nada faltará a ninguém e todos ficarão satisfeitos. Logo em seguida, Jesus manda que os discípulos embarquem e fica para trás, dizendo que logo irá encontrá-los. Irão ter uma grande surpresa.

A incompreensão dos discípulos (Mc 6, 45 – 56) -: os discípulos ainda não compreendem quem é Jesus. Marcos, numa frase que só aparece em seu Evangelho, ressalta isso, quando narra o assombro dos discípulos ao verem Jesus andando sobre as águas do mar da Galiléia: “eles não tinham ainda compreendido o milagre dos pães. O coração deles estava endurecido”. Marcos diz que os discípulos tem medo não da tempestade, mas sim do próprio Jesus. Pensaram que era um fantasma. É nessa hora que Jesus se nos revela como a presença do próprio Deus: “Coragem! Sou eu, não tenham medo!”. Ainda hoje é essa a frase que Jesus nos diz nas adversidades da vida.


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