Aula 13/2011 – O PRIMEIRO MANDAMENTO
13 – O PRIMEIRO MANDAMENTO
(Itens 2083 a 2132 do Catecismo da Igreja Católica – Aula 46 do CIC)
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento” -: com estas palavras, Jesus resumiu os deveres do homem para com Deus. Deus nos amou por primeiro, e se fez conhecer recordando sua ação poderosa, benigna e libertadora ao povo eleito: “Eu te fiz sair da terra do Egito, da casa da escravidão”. O Deus único e verdadeiro revela sua Presença primeiro ao povo de Israel. A revelação da vocação e da verdade do homem está ligada à revelação de Deus. O ser humano tem, pois, a vocação de amar a Deus, agindo em conformidade com o amor que Deus nos manifesta.
O primeiro mandamento abrange, então, a fé, a esperança e a caridade. Quando se fala de Deus, fala-se de um Ser constante, imutável, fiel e perfeitamente justo. Disso resulta que nós, seres humanos por Ele criados, devemos aceitar suas palavras, e ter nele uma fé e uma confiança plenas. Como Deus é também infinitamente inclinado a nos fazer o bem, quem pode deixar de ter nele uma esperança inabalável? E quem pode deixar de lado, então, a caridade (o amor a Deus) diante do seu amor por nós?
A fé -: nossa vida encontra sua fonte na fé em Deus que nos revela o seu amor. S. Paulo Apóstolo fala da obediência na fé (Rm 1, 5; 16, 2) como uma obrigação do cristão. Ele vê no desconhecimento de Deus a explicação de todos os pecados do homem. O primeiro mandamento manda-nos alimentar e guardar a nossa fé e rejeitar tudo o que se opõe a ela. Há diversas maneiras de pecar contra a fé:
1- A dúvida voluntária: recusa ter como verdadeiro o que Deus nos revelou e que a Igreja pede para crer;
2- A dúvida involuntária: designa a hesitação em crer, a dificuldade de se superar as objeções ligadas à fé;
3- A incredulidade: é a recusa voluntária em aceitar a fé.
A esperança -: quando Deus chama o homem, este não pode responder de maneira plena ao seu chamado. Deve, pois, ter esperança que Deus lhe dê a capacidade de corresponder a este amor, utilizando sua fé;
A caridade -: por tudo aquilo que Deus nos fez, o homem tem o dever de responder a Ele com um amor sincero. O primeiro mandamento nos ordena que amemos a Deus acima de tudo .
“Só a Ele prestarás culto” -: a adoração a Deus é o primeiro ato da virtude moral a que chamamos de religião. Adorar a Deus e reconhecê-lO como o Criador e Salvador é um primeiro ato de fé. A oração é um resumo dos atos de fé, esperança e caridade e representa a expressão do amor que rendemos a Deus, é a nossa mais perfeita demonstração de espiritualidade. O sacrifício é um justo oferecimento a Deus em sinal de reconhecimento por tudo o que Ele nos deu e dá. Sabemos que o único sacrifício perfeito é o que Cristo ofereceu na cruz para nossa salvação; logo, unindo-nos pela missa ao seu sacrifício, podemos fazer de nossa vida um sacrifício a Deus.
Em diversas circunstâncias, o cristão é convidado a fazer promessas a Deus. O Batismo, a Confirmação, o Matrimônio e a Ordem sempre contém promessas a Deus. Por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação, etc. Deve-se, porém, manter a fidelidade à promessa feita. O voto, isto é, a livre promessa e a devoção no qual o cristão se consagra a si mesmo a Deus é outra forma de promessa, bem mais profunda. O primeiro mandamento proíbe também prestar culto a outros “deuses” a não ser ao Deus único e verdadeiro. Por isso, o cristão deve afastar-se de superstições, idolatrias, adivinhações, magia e similares.
A irreligião -: consiste em três atitudes contrárias ao primeiro mandamento: a ação de tentar a Deus, que significa por à prova, com palavras ou atos, a sua existência, bondade e onipotência. Isso está bem claro na passagem evangélica em que o diabo quis que Jesus se atirasse da torre do templo e obrigasse Deus a salvá-lo. Jesus, porém, diz ao diabo a frase da Escritura “Não tentarás ao Senhor teu Deus” (Dt 6, 16). A segunda atitude de irreligião é o sacrilégio, que significa profanar ou tratar indignamente os sacramentos e os atos litúrgicos, bem como tudo aquilo que é consagrado a Deus. Finalmente, o terceiro ato de irreligião é a chamada simonia. É a compra ou venda de realidades espirituais. Essa designação vem do nome de Simão, o mago, que queria comprar o poder espiritual que tinham os Apóstolos (At 8, 20).
O ateísmo -: é a atitude de quem rejeita ou recusa a existência de Deus, sendo um pecado contra a virtude da religião. O ateísmo, na maior parte das vezes, se funda em uma falsa concepção da autonomia do homem e em uma negação do mundo espiritual, limitando-se ao materialismo.
O agnosticismo -: embora não negue a existência de Deus, o agnosticismo prega que Deus é um ser que não se revela a ninguém e sobre o qual ninguém pode dizer nada. Declara que é impossível provar a existência de Deus. É um tipo de ateísmo não da vida espiritual, mas da vida prática.
“Não farás para ti imagem esculpida de nada…” -: o primeiro mandamento inclui a proibição de toda a representação de Deus por parte do homem (Dt 4, 15 – 16). No entanto, desde o Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziriam, simbolicamente, à salvação através do Verbo Encarnado, como são a serpente de bronze, a arca da Aliança e os querubins. Foi por isso que o Concílio de Nicéia, no ano de 787, justificou o culto aos ícones de Jesus Cristo e também os de Maria Santíssima, dos anjos e de todos os santos.
Logo, o culto cristão às imagens não contraria o primeiro mandamento que proíbe ídolos. De fato, a honra prestada às imagens se dirige ao original, e quem venera uma imagem venera quem está representado nela. A honra prestada às santas imagens é uma veneração respeitosa a Deus e não uma adoração de ídolos.