Aula 13/2009 – CRISTO, IMAGEM DO DEUS INVISÍVEL
CARTA AOS COLOSSENSES: CRISTO, IMAGEM DO DEUS INVISÍVEL (1, 1 – 20)
Outra carta deuteropaulina ? -: esta carta, como outras já vistas, também nasceu na prisão. Parece ter sido escrita entre os anos 56-57 d.C., quando Paulo estava preso em Éfeso. Outros estudiosos afirmam que ela foi escrita mais tarde, entre 58-60, quando Paulo estava em Cesaréia, também preso. Outros ainda sugerem que esta carta nasceu em Roma (61-63), quando, mais uma vez, Paulo estava preso. Esta última hipótese não parece ser provável, dada a distância entre Roma e Colossas.
Tanto quanto a data, a autoria também é discutível. Isso porque a carta contém, em muitos trechos, um estilo que não parece ser o estilo de Paulo. Parece-se mais com textos mais tardios, quando apareceram as chamadas cartas pastorais. Alguns estudiosos acham que esta carta poderia ter sido escrita por Timóteo e/ou Tito. No entanto, a maioria dos pesquisadores acredita que Paulo ditou esta carta na prisão, quando tomou conhecimento, por meio de um discípulo chamado Epafras, das dificuldades em que se encontrava a comunidade dos colossenses. Aliás, Paulo não foi o fundador da comunidade dos colossenses, que parece ter sido fundada pelo próprio Epafras.
Colossas e seus problemas-: Colossasera uma cidade da Frígia, região centro-sudoeste da atual Turquia. Estava a uns 120 km de Éfeso. A comunidade fundada por Epafras em Colossas atravessava dificuldades em virtude de pessoas que pregavam que o mundo não era criado por Deus, porque nele havia maldade. Diziam que os criadores do mundo eram criaturas chamadas “demiurgos”, que haviam se afastado um pouco de Deus e por isso eram em parte maus (mais ou menos como anjos decaídos). Pregavam também que um dos melhores desses demiurgos (também conhecidos por eões) era o Cristo superior, que se uniu ao homem Jesus no momento do seu batismo. Porém, antes da crucificação, o Cristo superior separou-se de Jesus e voltou ao pleroma, como eles chamavam o mundo espiritual. Uma grande heresia, como se vê, conhecida como “gnosticismo” (da palavra grega “gnose”, que significa “conhecimento”).
Outro problema em Colossas era que na região havia muitos judeus que se aproximaram da comunidade cristã, mas queriam impor os costumes da religião hebraica, como em outros lugares já vistos. Assim, Epafras procurou Paulo para saber como tratar desses problemas.
Os ensinamentos de Paulo aos colossenses -: Paulo tratou logo de destruir essas idéias que se disseminavam entre os fiéis da comunidade cristã. A primeira de suas afirmações diz que somente Jesus e o Reino de Deus pregado por Ele são verdadeiros e absolutos.
Paulo procurou assim devolver aos colossenses a esperança em Jesus Cristo, mediante o qual “obtivemos a redenção e a remissão dos pecados”(1, 14).
Em seguida (1, 15 – 20) a carta apresenta uma espécie de hino, que começa com a afirmação de que Jesus Cristo “é a imagem do Deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, tanto as celestes quanto as terrestres, as visíveis e as invisíveis…”. Esse “hino” continua mostrando que só Jesus Cristo pode ser cultuado como Deus e Criador.
Em 1, 18, Paulo afirma que Jesus Cristo é “a Cabeça do corpo, que é a Igreja. Ele é o princípio, o primeiro daqueles que ressuscitam dos mortos”. Como se vê, trata-se de uma repetição dos princípios básicos da pregação de Paulo a todas as comunidades, o que indica que Paulo, sabendo que a comunidade de Colossas não havia sido fundada por ele, achou necessário atacar o problema começando pelos primeiros fundamentos da fé cristã.
Jesus Cristo, morada da Sabedoria e da Plenitude -: os versículos 19 e 20 encerram o “hino”. O versículo 19 indica que a Sabedoria de Deus se chama Jesus Cristo e que Deus, a Plenitude total, fez em Jesus sua morada permanente. Mas Paulo diz que tanto a Sabedoria quanto a Plenitude não estão somente no mundo espiritual, como acreditavam os gnosticistas frígios, mas encarnadas em Jesus e, portanto, também no mundo material. Em outras palavras, a Sabedoria e a Plenitude de Deus são acessíveis e estão disponíveis a todos os seres humanos na pessoa de Jesus Cristo.
O versículo 20 completa esse ensinamento. Diz Paulo que, no Corpo de Jesus morto e ressuscitado, aconteceu a reconciliação plena de Deus com a humanidade e com o mundo. Isso foi necessário para destruir as afirmações dos gnosticistas de que “o corpo é prisão da alma e por isso não pode resgatar nem reconciliar coisa alguma”.
Paulo ensina que a matéria não é má e Deus se preocupa tanto com ela que faz residir no Corpo de Jesus a sua Sabedoria e a sua Plenitude.
É necessário que estudemos esse hino maravilhoso que está em 1, 15 – 20 para que conheçamos realmente os ensinamentos de Paulo sobre a divindade e a humanidade de Jesus Cristo.