Aula 13/08/18 – “Cristo” Palavra Única da Sagrada Escritura


“CRISTO” PALAVRA ÚNICA DA SAGRADA ESCRITURA

13/Agosto/2018

Deus é o Autor da Sagrada Escritura -: todas as coisas que foram reveladas por escrito na Sagrada Escritura, foram reveladas através da inspiração do Espírito Santo. A Igreja, segundo a tradição que vem dos apóstolos, tem como sagrados e legítimos os livros completos tanto do Antigo quanto do Novo Testamento porque, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, eles tem Deus como Autor e foram confiados sob a guarda da Igreja.

Na redação dos livros sagrados, Deus confiou em homens dos quais se serviu, fazendo que usassem de suas próprias capacidades, a fim de que escrevessem tudo e somente aquilo que Ele próprio quisesse.

Todavia, a fé cristã não é apenas uma “religião do Livro”, como sugerem algumas seitas, mas é uma “religião da Palavra” de Deus, não de um escrito mudo, mas do Verbo divino, encarnado e vivo. Para que as Escrituras não permaneçam como letra morta, é preciso que Cristo nos abra o espírito e a inteligência para a compreensão de suas palavras.

O Espírito Santo, intérprete da Escritura -: na Bíblia, Deus fala aos homens à maneira dos homens. Logo, para se descobrir a intenção dos autores inspirados pelo Espírito Santo, deve-se levar em conta a época e a cultura deles, os modos de sentir, falar e narrar, correntes naquelas épocas. Mas há outra maneira de interpretação correta, não menos importante que essa: a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada no mesmo Espírito em que foi escrita. O Concílio Vaticano II indica três formas para isso:

1- Prestar muita atenção ao conteúdo da Escritura: por mais diferentes que sejam os livros que compõem a Bíblia, ela é única em razão da unidade do Plano de Deus, do qual Jesus Cristo é o centro e o coração;

2- Ler a Escritura dentro da Tradição da Igreja: com efeito, a Igreja carrega na sua Tradição a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Bíblia. Assim, muita coisa escrita na Sagrada Escritura não deve ser tomada apenas pelo que está escrito, mas sim interpretada segundo aquilo que a Tradição dos apóstolos e da Igreja ensina.

3- Estar atento à analogia da fé -: por “analogia da fé” entendemos que a fé que devemos ter nas verdades da Escritura faz parte do Plano de Deus para que a Revelação faça real sentido em nossa vida.

Os sentidos da Escritura -: podemos distinguir dois sentidos na Bíblia, segundo a Tradição da Igreja: o sentido literal e o sentido espiritual, este último subdividido em três partes, que serão vistas a seguir.

1- O sentido literal: é o sentido expresso pelos escritos da Bíblia, mas que deve seguir as regras da correta interpretação feita pelos exegetas da Igreja. Por exemplo, quando o Evangelho se refere aos “irmãos de Jesus”, deve-se compreender que de fato, eram literalmente parentes de Jesus, mas não irmãos e sim primos ou relativos. Lembrar aqui a forma número 2 da interpretação da Escritura indicada pelo Concílio Vaticano II.

2- O sentido espiritual: conforme apontado pelos exegetas da Igreja, que são pessoas especialmente treinadas para a correta interpretação da Bíblia, além do sentido literal, as palavras da Sagrada Escritura carregam consigo o sentido espiritual, sem o que seriam simples palavras. Assim, não somente o texto da Escritura, mas também os acontecimentos narrados pelo texto podem ser sinais espirituais. Dessa forma, dentro do sentido espiritual da Bíblia, temos três aspectos diferentes entre si, mas que se completam:

a) O aspecto alegórico: devemos compreender mais profundamente os acontecimentos narrados na Bíblia interpretando-os em relação a Jesus Cristo. São Paulo Apóstolo escreveu: “Irmãos, não quero que vocês ignorem que nossos pais estavam debaixo da nuvem e todos atravessaram o mar, e todos foram batizados em Moisés… pois eles bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo” (1Cor 10, 1, 4). Assim, a travessia do mar Vermelho pelos judeus é um sinal do Batismo e da presença espiritual de Jesus, mesmo naquele tempo.

b) O aspecto moral: os fatos narrados na Bíblia nos conduzem a um correto modo de vida. Eles foram escritos para nos ensinar como viver.

c) O aspecto anagógico: a palavra grega “anagoge” significa “conduzir, encaminhar”. O aspecto anagógico nos conduz a ver os acontecimentos bíblicos na sua significação eterna, conduzindo-nos para o céu. Assim, a Igreja na terra é um sinal anagógico do Reino de Deus.

O resumo dos sentidos e aspectos -: um ensinamento medieval resume a significação dos sentidos e aspectos vistos acima: a letra (literal) ensina o que aconteceu; o espiritual ensina o que vem de Deus; o alegórico ensina o que devemos crer; a moral o que devemos fazer e o anagógico nos ensinam para onde devemos caminhar.

Encerrando, é importante recordar uma frase de São Tomás de Aquino, doutor da Igreja: “Ego vero Evangelio non crederem , nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas” (Eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica).


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