Aula 12/2009 – O EVANGELHO ENCARNADO


CARTA AOS FILIPENSES: O EVANGELHO ENCARNADO (2,6 – 4,18)

A comunidade de Filipos-: esta comunidade foi fundada durante a 2ª. viagem missionária de São Paulo, por volta do ano 50. Paulo estava acompanhado por Silas, Timóteo e também Lucas, o evangelista, que por essa época já fazia parte do grupo de Paulo. Conta Lucas nos Atos dos Apóstolos (At 16, 6 – 10) que Paulo teve uma visão em que um macedônio (natural da Macedônia, região ao norte da Grécia antiga) lhe suplicava que fosse à Macedônia ajudá-los. Paulo, convencido que era Deus quem lhe pedia isso, não teve dúvidas e para lá partiram.
Filipos era uma das principais cidades da Macedônia, juntamente com Tessalônica, para onde Paulo também foi evangelizar. Mas o interessante é que a comunidade de Filipos foi fundada a partir de mulheres, o que era muito raro naqueles tempos. Os judeus diziam que para se fundar uma sinagoga, era necessário um grupo de homens, pois as mulheres não contavam para nada. Parece que em Filipos não havia sinagoga judaica.
Em At 16, 13 – 15, Lucas conta que Paulo pregou para um grupo de mulheres reunidas junto a um rio, e que pareciam estar rezando. Foi assim que uma mulher chamada Lídia, comerciante de púrpura, acreditou em Paulo e pediu para ser batizada, junto com toda sua família. Na casa de Lídia, nasceu a comunidade que mais alegrará Paulo em todas as suas tribulações por causa do Evangelho.
Um conflito-: Por Filipos passava uma estrada romana que era muito importante na época, chamada estrada Egnatia, que unia o Ocidente ao Oriente. Por isso, havia ali uma guarnição militar romana muito grande, que prestava um forte culto ao Imperador de Roma, considerado um deus. Além disso, havia muitas outras religiões menores, todas idólatras, mas que também serviam aos romanos. Para Paulo, porém, só existia um Deus e seu Filho Jesus. Essa foi a raiz do problema. Em At 16, 16 – 18, Lucas conta que Paulo e os seus começaram a ser perseguidos por uma jovem escrava que era adivinha (possuída por um espírito de adivinhação, diz Lucas) e por isso proporcionava grande lucro aos seus patrões. Essa jovem ia atrás de Paulo e seu grupo e gritava “Esses homens são servos do Deus Altíssimo e anunciam o caminho da salvação para todos”. Isso aconteceu durante muitos dias e Paulo, não agüentando mais essa situação, voltou-se e disse ao espírito: “Eu lhe ordeno em nome de Jesus Cristo: saia dessa mulher”. O espírito saiu no mesmo instante.
Os patrões da jovem, vendo que iam perder seus lucros, pois ela já não podia fazer adivinhações, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram à presença dos magistrados e os acusaram de pregar uma religião contrária aos interesses romanos. A multidão que assistia, pois estavam na praça principal da cidade, onde eram feitos os julgamentos, queria linchar Paulo e Silas. Os juízes mandaram chicotear os dois e os prenderam.
À noite, estavam Paulo e Silas rezando na prisão, com os outros presos os escutando, quando houve um terremoto; as portas da prisão se abriram e as correntes de todos se soltaram. O carcereiro, pensando que os prisioneiros haviam fugido, puxou sua espada e ia suicidar-se (ele seria culpado pela fuga e executado. Assim era a lei). Paulo, nesse momento, avisou-o que estavam todos ali. O carcereiro, tremendo, caiu aos pés de Paulo e agradeceu; em seguida, levou todos para fora. Ali, perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?”. Paulo respondeu: “Creia no Senhor Jesus e você e todos da sua família serão salvos”.
“De jeito nenhum!” -: De manhã, os juízes deram ordem ao carcereiro para que soltassem Paulo e Silas. Aí Paulo mostrou a força do seu caráter. Negando-se a ser solto daquela maneira, Paulo exclamou: “Fomos açoitados e presos sem nenhum processo, sendo, como somos, cidadãos romanos! Agora querem que vamos embora às escondidas? De jeito nenhum! Que os juízes venham soltar-nos pessoalmente!”. Os juízes, alarmados por terem castigado cidadãos romanos, foram até à prisão e os soltaram, pedindo que deixassem a cidade.
O Evangelho encarnado-: os estudos levam a crer que a carta aos filipenses seja, na realidade, uma mistura de três cartas que Paulo enviou a eles. A 1ª. carta é um agradecimento de Paulo aos seus fiéis, que enviaram auxílios (provavelmente roupas e alimentos) por meio de um certo Epafrodito, quando estavam presos. Na 2ª. carta, Paulo conta que Epafrodito adoeceu enquanto estava com eles na prisão e quase morreu. Quando melhorou, Paulo conseguiu que Epafrodito fosse solto e levasse à comunidade notícias suas e de Silas. Nessa carta, faz reflexões maravilhosas, como quando diz: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro” (1,21). Na 3ª. carta, Paulo, já libertado,
denuncia os falsos missionários judaizantes, que pretendiam que a comunidade filipense fosse submetida à circuncisão. E anuncia de forma brilhante o Evangelho “encarnado”, ou seja, para Paulo, o Evangelho é uma pessoa concreta, que é Jesus Cristo, que se encarnou, foi morto e ressuscitou, continuando vivo e presente nas suas comunidades.
No trecho seguinte (2, 6 – 11) Paulo sintetiza esse conceito:
Jesus Cristo tinha condição divina mas não se apegou à sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, mostrando-se como simples homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome, para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”.


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