Aula 11/2012 – FÉ E COMPROMISSO
11 – FÉ E COMPROMISSO
28/Maio/2012
As parábolas -: pela primeira vez, Marcos se refere, no seu Evangelho, aos ensinamentos mais longos de Jesus sob a forma de parábolas (Mc 4, 2). Até agora, este Evangelho havia se limitado a descrever principalmente as ações de cura e libertação de Jesus, o que provocou, como foi visto, reações diferentes: alegria e admiração no povo, suspeitas e preocupação nos fariseus e doutores da Lei. Estes últimos começam a armar um esquema para calar Jesus (até mesmo matá-lo, se necessário).
Por outro lado, surgem a incompreensão e as críticas de parentes e amigos de Jesus, que não entendem a sua atitude de renovação da ordem estabelecida pelos poderosos (Mc 3, 20 – 21). Inclusive a multidão dos marginalizados parece estar mais interessada nos milagres do que no Plano de Jesus para a sua libertação.
Então, através de parábolas, Jesus procura mostrar ao povo como é o Reino de Deus, que traz vida digna e liberdade para todos, mesmo quando as coisas parecem não estar dando muito certo.
Compromisso com a prática de Jesus -: Jesus exige que a sua atividade seja seguida por todos aqueles que se comprometem com Ele, em todos os tempos e lugares. Para que as sementes plantadas por Jesus frutifiquem, é preciso que caiam em terreno bom. Se ficarmos presos aos costumes e regras de uma sociedade injusta, que ainda hoje persiste, a semente do Reino de Deus não frutificará. Para render “trinta, sessenta e até cem por um”, ela depende do nosso compromisso com Jesus. Vamos nos lembrar do que diz Jesus: “Para aquele que tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, até mesmo o que tem lhe será tirado” (Mc 4, 25).
O Reino de Deus é um dom -: pertencer à comunidade de Jesus significa não somente agir, mas acreditar que Deus age por meio de nós. Isso é essencial para compreender as parábolas que Jesus ensina, e está bem claro quando Jesus diz: “Para vocês foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece como que em parábolas, para que olhem mas não vejam, escutem mas não compreendam, para que não se convertam nem sejam perdoados” (Mc 4, 11 – 12). Estaremos fora do projeto de Jesus se duvidarmos que esse projeto vem de Deus, correndo o risco de não entendermos nada do que Ele diz e faz. Quanta gente, ainda hoje, está fora!
A parábola da lâmpada (Mc 4, 21 – 22) traz uma pergunta que ainda hoje fazemos: a justiça, a liberdade, a fraternidade e a vida pregadas por Jesus não deveriam estar brilhando no mundo, após tantos séculos? No entanto, tudo indica que o mundo está andando ao contrário. Por que? Lembrem-se da parábola do semeador: muito depende do terreno em que a semente do Reino cai. Ouvindo as parábolas de Jesus, aprendemos o seguinte: a não observância dos ensinamentos de Jesus podem dar a impressão de que tudo está errado e nada vai para a frente; mas nesses momentos é preciso ser perseverante e não fugir do nosso compromisso com Jesus e acreditar que uma força maior age por dentro de nós.
No mar da vida -: Jesus diz aos discípulos: “Vamos para o outro lado do mar” (Mc 4, 35). Do outro lado do mar da Galiléia (ou lago de Genesaré) ficava a Decápole, território considerado pagão pelos judeus e, portanto impuro, onde até demônios deviam estar soltos. Se a Galiléia já não era bem vista, imagine-se a Decápole. Jesus não se importa com isso. Enquanto os discípulos temem entrar no mar durante o tempo das tempestades, e estão apavorados por causa da tormenta que caiu justo naquele momento, Jesus dorme tranquilamente.
A barca ameaça virar, e a água começa a entrar. Os discípulos, apavorados, se irritam com Jesus e o repreendem: “Mestre, não te importa que nós morramos?” (Mc 4, 38). O medo deles (e o nosso) é contrário à tranqüilidade de Jesus, que, ao contrário de todos, acredita firmemente na presença de Deus.
O medo que nega a fé -: Jesus acalma o mar, serenando a tempestade. Agora, passada a tormenta, Jesus repreende os discípulos: “Por que vocês são tão medrosos? Ainda não tem fé?” (Mc 4, 40). Isso serve para nós também. A falta de confiança na ação de Deus, que tudo pode, provoca o medo que paralisa a prática do Plano de Deus
O medo que desperta a fé -: mesmo depois que Jesus acalma a tempestade e o mar, os discípulos continuam com medo. É um medo diferente do anterior: é o medo de estarem diante do Poder infinito de Deus (Mc 4, 10 – 12). Esse temor de Deus provoca o despertar da fé, o acreditar que só Deus pode fazer o que Jesus fez. “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4, 27), perguntam eles. Essa pergunta abre caminho para que descubramos Jesus como alguém que traz consigo o Poder de Deus, que preserva a vida diante da morte.