Aula 11/09/17 – “Tu És Pedro…” 2


“T U É S P E D R O . . .” (2)

11/Setembro/2017

Os episódios que mostram as intenções de Jesus -: Dois episódios especialmente merecem menção explícita porque iluminam as intenções de Jesus em preparar um Chefe para a Igreja, quando não mais estivesse na terra. Estes episódios estão narrados em Mt 14, 28-31 e em Mt 17, 24-27.

O primeiro episódio dá a Pedro a ocasião feliz de experimentar a eficácia das palavras de Cristo. Enquanto mantém a fé, Pedro caminha sobre as águas sem maiores problemas; no momento em que o medo toma conta dele e sua fé fraqueja, o apóstolo afunda. Nesse momento, como nós também sempre fazemos no desespero, Pedro chama por Jesus, e o Mestre o ajuda, estendendo-lhe a mão e salvando-o. A ordem de Jesus para que Pedro caminhe pelas águas e vá até ele, apesar do mar revolto, tem significado bem claro: deve o futuro Chefe confiar em Jesus, apesar das aparências contrárias, e fazer aquilo que ele ordenar. Caso sua fé desfaleça, problemas podem surgir, mas confiando em Cristo, tudo será resolvido. Esses ensinamentos, é claro, servem também para nós. Também o segundo episódio, o pagamento do tributo, encerra uma lição para Pedro, pois Jesus, ao mandá-lo pescar e retirar o dinheiro da boca do peixe lhe diz o seguinte: “Toma a moeda e paga por mim e por ti”. Com isso, Jesus associa Pedro à sua pessoa e à sua missão.

As polêmicas -: Muitas são as polêmicas criadas entre a teologia católica e protestante, ao se interpretar o real significado que as palavras de Cristo em Mt 16, 16-20. Após a “reforma”, os protestantes, para não serem pegos em uma situação de insubordinação a Jesus, pois eles desobedeceram à ordem de serem fiéis à Igreja, argumentaram que a ordem de Cristo foi dada somente a Pedro, e não aos demais ocupantes do posto de Chefe da Igreja. Assim, somente Pedro teria o poder de “apascentar as ovelhas” e de “confirmar os irmãos na fé”. Em outras palavras, trata-se de saber o seguinte: Somente Pedro teria o poder do primado, e não os seus sucessores?

Para o catolicismo, as palavras de Cristo interessam diretamente à Igreja, pois, sendo ela a única fundada diretamente por Cristo, perdura pelos tempos o poder dado a Pedro, na pessoa de seus sucessores. Para o protestantismo, a Igreja foi fundada sobre Pedro uma vez só, e Pedro, como fundamento da Igreja, não pode ter sucessores, pois em tal caso, a Igreja seria fundada outra vez a cada novo Papa eleito, e não seria pelo Cristo, mas sim pelos homens.

Como se vê, os protestantes separam o que é um puro acontecimento evangélico da sua interpretação católica, que seria destinada a justificar a autoridade do Papa durante os tempos (esquecem-se, entretanto de que sua própria interpretação é destinada a justificar a sua rebelião).

A questão pode ser assim resumida:

1- Jesus, ao conferir a Pedro o primado, encarava a Igreja nascente como uma Instituição destinada a perdurar até ao fim do mundo (eis que estarei convosco até o fim dos tempos) e, por conseguinte, não teria sentido algum nomear um chefe para os primeiros tempos e depois deixar a Igreja sem Chefe;

2- A Igreja, segundo Cristo, teria que ser una, isto é, constituir uma unidade, e não fragmentar-se em dezenas de “igrejas” particulares, cada uma com um “chefe” particular. Se assim quisesse, Jesus poderia ter nomeado cada um dos apóstolos e discípulos “chefes” das igrejas particulares por eles fundadas, mas assim não aconteceu. O próprio Paulo, fundador de tantas comunidades, jamais desobedeceu aos apóstolos, tanto assim que foi conversar com eles quando algumas diferenças de opinião surgiram (o 1o. Concílio da Igreja, em Jerusalém), e acertou as questões com Pedro; com a morte de Pedro, Lino foi nomeado seu sucessor e aceito como Chefe por todos os cristãos, sem nenhuma contestação. Ora, se não devesse ser assim, Pedro teria dado outras instruções aos cristãos da Igreja primitiva;

3- Clemente substituiu a Lino como Chefe da Igreja, e assim sucessivo e ininterruptamente aconteceu durante mais de 1.400 anos, sem nenhuma contestação. Somente com Lutero e seus seguidores, distantes 14 séculos de Jesus e Pedro, foi que surgiu a contestação. Estariam Lutero e os demais chefes protestantes melhor ilustrados sobre a questão que os primeiros cristãos? Assim, os poderes conferidos por Jesus a Pedro, não o foram somente à sua pessoa, pois, como já dito, eles acabariam com a morte de Pedro, e a Igreja provavelmente se fragmentariam em múltiplas sociedades que, conforme já acontece com as igrejas protestantes atuais, teriam cada uma sua forma particular de interpretar o Evangelho. Não esqueçamos que o Cristo pedia “que todos sejam um”.

Cristo não condicionou, em nenhuma hipótese, a duração da Igreja à duração da vida de Pedro. A Igreja Católica não é uma instituição de Pedro, mas sim de Cristo, que não morre e estará sempre presente, conforme a sua promessa. Logo, não poderia e nem deveria haver nenhuma dúvida de que, após a morte de Pedro, a Igreja continuaria a existir e necessitaria de um Chefe visível para governá-la com os mesmos poderes conferidos ao primeiro Chefe.


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