Aula 11/03/19 – Quaresma – Tempo De Conversão


ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2019 

QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO

11/Março/2019

 

O que é a Quaresma -: a Quaresma é o tempo do ano litúrgico que inicia a preparação para a Páscoa do Senhor e dura, como o nome indica, quarenta dias. Como em quase todas as celebrações litúrgicas da Igreja, a Quaresma também é carregada de simbolismo. Por que 40 dias? Porque 40 dias durou o Dilúvio, 40 dias os judeus vagaram pelo deserto, 40 dias Moisés permaneceu na montanha para receber os Mandamentos, 40 dias Jesus jejuou no deserto e sofreu as tentações. Dessa forma, a Igreja estabeleceu, através da Carta Apostólica “Misterii Paschalis” do Papa Paulo VI, que a Quaresma fosse iniciada na quarta feira de Cinzas e terminasse no domingo de Páscoa.

            A Quaresma já se encontra na liturgia da Igreja, ainda que de forma embrionária, desde o século II, no qual encontramos uma preparação para a grande celebração da Páscoa, marcada pela penitência e pelo jejum. Todavia, só no século IV é que encontramos uma Quaresma mais organizada, muito semelhante na sua forma àquela que temos hoje, também marcada pelo jejum e pela penitência. A cor litúrgica da Quaresma é o roxo.

 

Qual foi, no início, a finalidade da Quaresma? -: o tríduo pascal, na Igreja antiga, era marcado por duas grandes celebrações: na 5ª. Feira Santa se fazia a “reconciliação dos penitentes”, para que assim se pudesse celebrar condignamente a Páscoa do Senhor. Na grande vigília pascal se fazia, por sua vez, a “iniciação dos catecúmenos”, ou seja, estes recebiam os três primeiros Sacramentos, dados numa única celebração: o Batismo, a Crisma e a Eucaristia. Sendo assim, a Quaresma servia tanto de preparação para os penitentes que haviam de ser absolvidos na 5ª. Feira Santa quanto de preparação para os catecúmenos que, de domingo a domingo, iam recebendo a doutrina, as unções e os exorcismos para sua purificação. Assim, pouco a pouco, ocorria a preparação para a grande Noite Pascal na qual seriam iniciados nos Sacramentos e admitidos na Igreja.

 

O atual sentido da Quaresma -: a Quaresma é, antes de tudo, o tempo litúrgico mais forte de conversão. O Catecismo da Igreja Católica (no. 1438) nos adverte que a Quaresma, junto com todas as sextas feiras do ano, que nos recordam a Paixão e Morte do Senhor Jesus, são datas em que devemos fazer penitência e meditar sobre a conversão. Cada dia da vida, o avanço da nossa conversão pessoal nos leva ao caminho de Cristo, fazendo com que retiremos do coração o ódio, o rancor, a inveja, o pecado com que convivemos até mesmo sem perceber. Se não pensamos nisso às 6as. Feiras comuns, o tempo da Quaresma vem a propósito para que façamos um exercício sobre o tema. Portanto, o sentido mais forte da Quaresma compõe-se da prática do jejum, da abstinência e das orações para fortalecer a conversão.

 

A Quaresma e a Espiritualidade -: O Papa Francisco, em 2017, assim se pronunciou sobre a Quaresma: “A Quaresma deste ano jubilar é um tempo favorável para todos poderem sair da própria alienação existencial graças à escuta da Palavra de Deus e às obras de misericórdia”. Este ensinamento não serviu somente para aquele ano, mas deve ser observado também agora. O Papa assinala, então, que a Quaresma deve ser um tempo especial para todos os católicos praticarem a sua espiritualidade. E o que é a Espiritualidade? A Espiritualidade é a expressão de nosso amor a Deus. É a forma como demonstramos que realmente amamos ao Criador e a seu Filho, não somente com gestos e práticas rituais, mas com o coração cada vez mais convertido. E o melhor tempo para aumentarmos a nossa espiritualidade é a Quaresma.

            Mas a espiritualidade não é igual para todos. Cada um tem a sua própria maneira de expressar o seu amor a Deus. Alguns se expressam na oração, outros nas obras, outros na maneira como vivem, outros no estudo da Palavra de Deus, e assim por diante. Poucos são aqueles que procuram expressar a sua espiritualidade de todas estas maneiras ao mesmo tempo. Não que isto seja obrigatório, pois depende muito do modo de ser de cada um, mas é também uma forma de demonstrar que a conversão pessoal está evoluindo dia a dia. Importante é também não ter inveja de outros, que parecem ser mais espiritualizados que nós. Deus sabe até onde cada um de nós pode ir. O que interessa então é a sinceridade em procurar a conversão diária.

 

O jejum e a penitência na Quaresma -: a Igreja ensina que o jejum deve ser obrigatório na 4ª. Feira de Cinzas e na 6ª. Feira Santa. Nestes dias, também é prevista a abstinência de carne, com exceção de carne de peixe. É aconselhado que o jejum consista na retirada de uma das refeições principais do dia. Já a penitência requer algumas considerações mais oportunas. A palavra “penitência” tem uma conotação de pena, de penalidade a ser cumprida. Não é esse o sentido da penitência quaresmal. Na Quaresma, a penitência deve ser um caminho para a nossa conversão, que consiste em um “voltar-se para Deus”, que começa com voltar-se para si próprio, a fim de poder enxergar, na luz do Espírito Santo, quais os falsos caminhos que seguimos e em que nos afastamos de Deus. Dessa forma, a penitência deve ser vivida não como um pagamento pelas faltas cometidas, mas sim como um remédio que vai nos auxiliar no processo de conversão.

 

Quem está obrigado ao jejum e à abstinência? -: segundo o código de Direito Canônico, estão obrigados à abstinência aqueles que tiverem completado 14 anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os 60 anos completos.

Entretanto, mesmo os mais idosos, desde que em plena saúde e assim o desejem, podem praticar o jejum e a abstinência.

            Terminando, lembremos: nesta Quaresma, devemos praticar o estudo dos Evangelhos, fazer todas as obras de misericórdia possíveis e, mesmo que não se tenha o costume, rezar muito.


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