Aula 10/2010 – O HOMEM


10- O HOMEM

(Itens 374 a 412 do Catecismo da Igreja Católica)

O homem no Paraíso -: É fundamental a compreensão de que o homem foi criado por Deus como uma criatura boa, na amizade plena com seu Criador e em total harmonia consigo mesmo e com tudo aquilo que o cercava. Interpretando o simbolismo da linguagem bíblica, a Igreja ensina que “Adão e Eva” foram criados em um estado de santidade e de justiça, o que era uma participação na vida de Deus.

Enquanto permanecesse nesta vida em graça, o homem não devia sofrer nem morrer. O estado de harmonia consigo mesmo, com a mulher e com toda a criação constituíam aquilo que era chamado de “a justiça original”.

Sabemos que Deus deu ao homem o domínio sobre toda a Criação. Esse domínio começava com o próprio homem, que dominava a si mesmo. Esse domínio de si mesmo quer dizer que o homem estava livre de ser comandado pelos prazeres dos sentidos, pela cobiça dos bens terrenos e pela auto-suficiência. Toda essa situação ideal era afirmada pelo fato de Deus colocar o homem e a mulher no “jardim do Éden”, o Paraíso, instruindo-os a cultivá-lo e guardá-lo. Esse trabalho não era uma penalidade, mas sim a colaboração do homem e da mulher com Deus, no sentido de aperfeiçoar a Criação. Resumindo: o ser humano foi criado por Deus para viver em plena harmonia em todos os sentidos, e para cuidar do mundo com zelo e dedicação.

O pecado e a queda -: Essa situação ideal criada por Deus pouco durou. O mal apareceu como conseqüência da liberdade da qual o homem gozava. De onde vem o mal? “Eu procurava de onde vem o mal, mas não encontrava saída” dizia Santo Agostinho. Só encontrou a saída quando se converteu a Deus.

O pecado está presente na história do homem e seria inútil tentar ignorar isso. Para tentarmos compreender o que é o pecado, é preciso reconhecer a profunda ligação do homem com Deus. A verdadeira identidade do pecado é a recusa e a oposição a essa ligação. Isso é o pecado.

O pecado de “Adão e Eva”, ou seja, das primeiras criaturas, é conhecido como o “pecado original”, com o qual todos nascemos. “Adão e Eva” foram a fonte do pecado, assim como Jesus Cristo foi a fonte da Graça que apaga todo e qualquer pecado. O Espírito Santo nos revelou que o pecado é obra do homem e não de Deus, e que Jesus Cristo veio para nos redimir dessa obra maléfica.

A conseqüência do pecado dos homens é a queda: a morte da alma e a vida em completa desarmonia, contrariando o Plano de Deus.

A queda dos anjos -: Por trás do pecado das primeiras criaturas existe uma voz sedutora, que se opõe à voz de Deus. A Bíblia e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo destronado, chamado Satanás ou o Diabo. Havia sido anteriormente um anjo bom, que se tornou mau por sua própria vontade e iniciativa. Por que Satanás e seus anjos seguidores continuam existindo? Por que Deus, em sua infinita misericórdia, não os redime? Mais uma vez aparece aqui a livre opção: Satanás e seus anjos caídos não aceitam nem desejam a Redenção. Sua escolha pelo mal foi irrevogável.

No entanto, o poder do Diabo não é infinito. Embora seja poderoso, por ser puro espírito, ele também é uma criatura. Por isso, não pode impedir o estabelecimento do Reino de Deus. Embora sua ação no mundo produza graves danos espirituais e materiais, sabemos que isso só acontece quando o homem, abusando de sua liberdade, permite que o Diabo atue. Por que Deus consente nessa situação? É um grande mistério, mas como diz S. Paulo, “sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam” (Rm 8, 28). Isso quer dizer que quem ama a Deus e faz a sua vontade, está livre do demônio.

O pecado original -: O homem, tentado pelo Diabo, desobedeceu a Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado, o pecado original, e todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade. A Bíblia mostra as conseqüências dramáticas deste pecado: a perda da Graça e do estado de santidade. A partir desse primeiro pecado, uma verdadeira invasão do pecado inunda o mundo, até os dias de hoje.

Há muita gente que ataca a existência do pecado original, alegando que uma criatura recém-nascida não pode ter pecado. Isso é pura ignorância: o pecado original não é uma obra ruim com a qual nascemos, mas a falta do estado de Graça, apagado pelo primeiro pecado e restabelecido pelo batismo.

O pecado original e todos os pecados por nós cometidos dão ao mundo uma condição pecadora. Essa situação faz da vida do homem um duro combate entre o bem e o mal.

“Não fomos abandonados ao poder da morte” -: Depois da queda, o homem não foi abandonado por Deus. No próprio livro do Gênesis, Deus chama o homem e lhe dá nova esperança. Esta passagem do Gênesis, do combate entre a serpente e a Mulher e a vitória final de um descendente desta última, é chamada de “Proto-Evangelho”, porque anuncia pela primeira vez o Messias Redentor, que irá reparar o pecado de Adão e de todos os homens. Os doutores da Igreja vêem na mulher do Proto-Evangelho a Maria, Mãe de Jesus, a “nova Eva”.

Mas por que Deus não impediu os primeiros homens de pecar? São Leão Magno respondeu: “A Graça trazida por Cristo nos deu bens maiores dos que aqueles que o pecado nos tirou”. São Tomás de Aquino ensina que “Deus permite que os males aconteçam para tirar deles um bem maior”. E, para terminar, São Paulo Apóstolo indica que “Onde o pecado abundou, a Graça superabundou” (Rm 5, 20).

Como diz o canto do Exultet, “feliz culpa que nos mereceu tão grande Redentor”.


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