Aula 09/2009 – OS QUE PRETENDEM IMPOR A ESCRAVIDÃO


CARTA AOS GÁLATAS: OS QUE PRETENDEM IMPOR A ESCRAVIDÃO (1,1 a 2, 14)

Buscando as origens -: durante a sua 2ª. viagem missionária, Paulo passou pela Galácia (região do centro-noroeste da Turquia, onde hoje se localiza Ankara, a capital turca). Os Atos dos Apóstolos nada falam de fundação de comunidades na região, mas o próprio Paulo se encarrega de mostrar que ele as fundou quando diz “… vocês sabem que foi por causa de uma doença física que eu os evangelizei pela primeira vez”. Isso aconteceu por volta do ano 50 d.C.
As comunidades gálatas eram compostas, na sua grande maioria, de pessoas não pertencentes ao povo judeu. Os judeus e os pagãos não se relacionavam, existindo entre eles preconceitos e rejeição. Os fariseus da região consideravam os pagãos impuros, pessoas imundas espiritualmente, dos quais era necessário se afastar para evitar contaminação. Os pagãos, por sua vez, não toleravam os judeus, com seu ar de superioridade, e cuspiam no chão quando encontravam um judeu, principalmente se estivesse doente. Com Paulo, no entanto, não aconteceu nada disso, e como ele mesmo diz, os pagãos, ao vê-lo doente, trataram-no “…como a um anjo de Deus, ou até mesmo como o próprio Jesus Cristo”. Certamente porque Paulo era muito diferente dos judeus da região.
A Galácia era uma região dominada pelos romanos e era famosa por seu mercado de escravos. Os gálatas eram, pois, pessoas oprimidas e acolheram Paulo com muita satisfação, já que ele lhes anunciava uma religião de igualdade e liberdade. Com isso, as comunidades cristãs da Galácia prosperaram de uma forma muito boa.
De volta à escravidão -: Paulo compara a caminhada dos gálatas no cristianismo com uma prova de atletismo: “… vocês estavam correndo bem”, diz ele. Algum tempo depois, no entanto, as coisas tomaram rumo diferente, e Paulo aponta isso ao dizer na carta: “vocês se desligaram de Cristo e se separaram da graça de Deus”.
Isso aconteceu porque, na ausência de Paulo, infiltraram-se na comunidade alguns cristãos de origem judaica, que não haviam ainda se desligado totalmente dos usos e costumes da religião dos fariseus. Afirmavam aos gálatas que, para ser cristão, era preciso primeiro ser circuncidado e depois submeter-se a todas as práticas judaicas,
como se nada houvesse mudado e a Lei judaica ainda fosse superior à Palavra de Cristo.
Por isso, Paulo escreveu a carta aos gálatas.
Os que querem impor a escravidão espiritual -: essa situação tirou Paulo do sério. Em vez de iniciar a carta com elogios e agradecimentos a Deus pelo avanço da fé, ele parte logo para o ataque, distribuindo até mesmo maldições: “Estou admirado de vocês estarem abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo, para aceitarem outro evangelho. Porém, não existe outro evangelho, e sim somente pessoas que estão semeando a confusão entre vocês, e querem deturpar o Evangelho de Cristo. Maldito aquele que anunciar um evangelho diferente daquele que anunciamos, mesmo que sejam eu mesmo ou algum anjo de céu…”(1, 6 – 8).
Paulo passa então a traçar um retrato dos cristãos judaizantes: em primeiro lugar, o exibicionismo. Fazem isso para aparecer como líderes da comunidade. Em segundo lugar, não pretendem levar as pessoas ao encontro com Cristo, mas somente com eles próprios. Finalmente, a falsidade: querem impor aos outros leis judaicas que nem eles mesmos cumprem. Todas essas imposições tem um motivo: os judaizantes não querem se expor ao perigo de serem perseguidos por causa da nova religião, que não era aceita pelo poder romano.
O rosto do evangelizador -: por tudo isso, podemos descobrir o verdadeiro rosto de Paulo, e de todo evangelizador autêntico: em lugar de exibicionismo, o serviço desinteressado e humilde: “Se estivesse procurando agradar aos homens, eu já não seria servo de Cristo” (1, 10b). Em vez de se por como fim a ser imitado, ajudar as pessoas no processo do encontro com Cristo: “Meus filhos, sofro novamente como dores de parto, até que Cristo esteja formado em vocês” (4, 19). Ao invés de se gloriar por ter marcado o corpo das pessoas pela circuncisão, gloriar-se da aceitação da cruz de Cristo: “Que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (6, 14). Finalmente, em vez de fugir das perseguições, enfrentá-las com coragem: “Se é verdade, como dizem, que ainda prego a circuncisão, então por que sou perseguido? Fui morto na cruz com Cristo.” (5, 11; 2, 19b).
Acusações contra Paulo e o Evangelho da liberdade -: os adversários de Paulo, defensores da circuncisão e da observância da Lei judaica tinham os seus argumentos: em primeiro lugar, afirmavam que Jesus também havia sido circuncidado, assim como os apóstolos e os primeiros cristãos. Diziam ainda que só os doze é que podiam ser chamados de apóstolos e pregadores do Evangelho, pois Paulo não havia andado com Jesus, e por isso, o Evangelho por ele anunciado não era legítimo.
Paulo não deixou barato e inicia a carta dizendo: “Paulo, apóstolo não por parte dos homens, nem por meio de um homem, mas da parte de Jesus Cristo e de Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos …” (1,1).
Defende também a sua pregação do Evangelho, observando: “Irmãos, eu declaro a vocês: o Evangelho por mim anunciado não é invenção humana; além disso, não o recebi nem aprendi através de um homem, mas por revelação de Jesus Cristo” (1, 11 – 12).


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