Aula 09/09/19 – O Cânon das Escrituras
ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA
O CÂNON DAS ESCRITURAS
09/SETEMBRO/2019
OS PRIMEIROS CRISTÃOS – As primeiras comunidades cristãs eram formadas quase que exclusivamente por judeus que haviam decidido seguir os ensinamentos de Jesus – mas sem se afastarem totalmente dos antigos ensinamentos da religião judaica; eles frequentavam as sinagogas aos sábados e se reuniam aos domingos para celebrarem a “Ceia do Senhor” conforme Jesus havia determinado: “Fazei isso em minha memória”, mas sem a leitura de evangelhos ou de qualquer outro texto sagrado.
NÃO EXISTIA O “NOVO TESTAMENTO” NOS PRIMEIROS SÉCULOS DO CRISTIANISMO – ou seja, não existia o Novo Testamento conforme o que conhecemos em nossos dias. Os primeiros textos escritos sobre os ensinamentos de Jesus começaram a surgir somente a partir do ano 50 DC e foram as Epistolas (ou Cartas) de São Paulo. Somente depois, por volta do ano 70 surgiu o evangelho de Marcos, seguindo-se o de Mateus, Lucas e por último o de João, por volta do ano 90.
OS EVANGELHOS CANÔNICOS – Denominam-se evangelhos canônicos aqueles que a Igreja reconheceu como os que transmitiam com autenticidade a tradição apostólica e que haviam sido inspirados por Deus. Sinótico, por sua vez, significa textos escritos que contém uma grande quantidade de fatos em comum, na mesma sequência, algumas vezes utilizando exatamente a mesma estrutura de palavras como são, por exemplo, os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas (não o de João). Esses 3 são considerados evangelhos sinóticos porque são semelhantes entre si, apresentando Jesus como homem que se destaca pelas suas ações no meio do povo. Se analisados de forma paralela, os assuntos neles abordados correspondem quase inteiramente. O Evangelho de João, por outro lado, não é considerado sinótico porque descreve Jesus mais como um Messias com um carácter divino; é um evangelho mais teológico do que os outros 3. No entanto, apesar das diferenças, os 4 evangelhos são considerados canônicos, apesar de somente os três primeiros serem considerados sinóticos.
APÓCRIFOS – Durante o século II (anos 100 a 200 DC), apareceram dezenas de outros evangelhos e outros textos “sagrados” nos quatro cantos do império romano: epistolas, apocalipses, Atos, todos supostamente escritos pelos primeiros seguidores de Cristo, mas falsificados com os nomes dos apóstolos. Muitos desses textos foram escritos até mesmo muitos séculos após os apóstolos terem morrido e enterrados; são conhecidos mais de 80 evangelhos, uma dezena de apocalipses, atos e epístolas. Seus autores são anônimos, presumindo-se que tenham sido escritos por cristãos desconhecidos que demonstravam ser bem-educados e versados em grego, latim etc. Muitos desses textos foram considerados “sagrados” e serviram como fontes de fé para milhares de cristãos em várias partes do império romano. A Igreja não aceitou esses textos apócrifos pois muitos deles continham doutrinas que não estavam conforme os ensinamentos apostólicos. Todos foram, posteriormente, considerados apócrifos, ou seja, falsos, condenados pela Igreja, queimados, rasgados e esquecidos.
SURGIMENTO DO CÂNON OU DOS TEXTOS CANÔNICOS – Até o ano 400 DC todos os escritos sobre Jesus não poderiam ser considerados canônicos, porque eles não haviam sido ainda agrupados em um canon autorizado pela Igreja (canon = padrão). Tal situação criou uma situação insustentável para o cristianismo porque fazia surgir inúmeras contradições sobre os verdadeiros ensinamentos de Cristo e o aparecimento de várias heresias. No ano 367 DC, Atanásio, Bispo de Alexandria, Egito, começou a defender a necessidade de serem escolhidos os livros que mais se assemelhavam entre si (sinóticos) e que servissem como padrão da vida de Jesus e – pela inspiração do Espírito Santo – indicou, dentre todos eles, somente 27 livros que deveriam ser considerados textos canônicos, verdadeiros, para comporem o Novo Testamento. E os 27 livros que ele indicou foram exatamente os que compõem atualmente o nosso Novo Testamento: os 4 evangelhos, as Cartas de S. Paulo, S. Pedro, Tiago e João, mais os Atos dos Apóstolos escrito por São Lucas. E escreveu Santo Atanásio: “Só nestes livros o ensinamento da beatitude é proclamado. Não seja permitido que nada seja adicionado a estes; e não se permita que nada seja retirado deles”. Apesar de opiniões em contrário terem surgido, essa indicação de Atanásio passou a ser obedecida, oficiosamente, por todas as tradições cristãs, tendo sido reconhecida oficialmente pelo Concilio de Trento somente em 1500.