Aula 08/2012 – O ANÚNCIO DO REINO, A CONVOCAÇÃO E A AUTORIDADE


08- O ANÚNCIO DO REINO, A CONVOCAÇÃO E A AUTORIDADE

Anteriormente -: depois de apresentar Jesus como o verdadeiro Messias e depois de mostrar que Ele terá de enfrentar poderosas forças para ser fiel ao Plano de Deus Pai, Marcos traz as palavras com as quais Jesus anuncia sua missão. Em seguida, aparecem os primeiros chamados por Jesus, que irão aprender a participar de uma vivência que definirá o caminho de Jesus até o final.

O anúncio do Reino -: “Depois que João Batista foi preso, Jesus voltou para a Galiléia, pregando a Boa Notícia de Deus: `O tempo já se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Nova´” (Mc 1, 14 – 15).
As primeiras palavras de Jesus estão situadas num tempo (“depois que João Batista foi preso”) e num lugar (Galiléia). Por que João Batista foi preso? Marcos vai falar disso mais tarde (Mc 6, 17 – 20). Por enquanto, Marcos só relata essa primeira situação trágica, prenúncio de muitas outras que ainda irão ocorrer. O evangelista mostra ainda que Jesus voltou para a Galiléia para iniciar sua pregação, longe do Templo e do centro das decisões. No lugar dos marginalizados.
Jesus anuncia, antes de tudo, que o tempo de espera terminou. Realiza-se a profecia de que o céu se rasgaria e Deus estaria entre os homens. A pregação de Jesus não é em torno de sua pessoa, mas é o anúncio da chegada do Reino de Deus. Como João Batista, Jesus também exige que os homens se convertam, pedindo que os pobres, injustiçados e marginalizados mudem de pensamento e não se acomodem nessa situação, mas que ingressem no novo modo de vida, onde há justiça acima de tudo. Esse é, portanto, um ato não do Deus juiz, como se acreditava até então, mas do Deus salvador, pregado por Jesus. Isso vai levar os marginalizados a uma prática nova que lhes trará liberdade e vida e lhes levará ao encontro de Jesus.

A convocação -: o mar da Galiléia (também chamado lago de Genesaré) será um lugar importante no Evangelho de Marcos: é aí que se fará a convocação para o Reino (cf. Mc 2, 13 – 14). Essa convocação se faz nesse lugar onde as pessoas comuns realmente vivem o seu dia a dia. Os primeiros a serem chamados são pescadores: Simão e André estavam jogando as redes ao mar; Tiago e João estavam na barca, consertando as redes: “Eles imediatamente deixaram as redes e seguiram Jesus… E eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados e partiram , seguindo Jesus (Mc 1, 18.20).
Como se vê, os convocados por Jesus não são pessoas da elite, mas gente simples do povo. A vida que terão a partir dessa convocação os levará a correr riscos que nem eles próprios imaginavam que teriam que enfrentar. Deixar as redes e o pai significa entrar no projeto de Jesus para um novo arranjo da ordem social existente, injusta e impiedosa para com os pobres. Daí os perigos que advirão.
A tradicional expressão “pescadores de homens” indica não somente a atividade missionária dos discípulos de Jesus, mas também a atividade de denúncia da sociedade injusta que explora e oprime os mais fracos. Portanto, o seguimento de Jesus exige urgência, desacomodação e uma nova maneira de ver as coisas da vida. É o primeiro passo para a conversão, a fim de aderir à Boa Nova.

A autoridade de Jesus -: Marcos fala bastante em espíritos maus, demônios e espíritos impuros. Segundo ele, Jesus inicia sua prática no encontro com um homem “possuído por um espírito mau”. Esse espírito mau diz a Jesus: “Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: és o Santo de Deus” (Mc 1, 24). Ele fala no plural: “Que queres de nós”. Significa que as forças do mal estão unidas, mas ao mesmo tempo percebem que o “mais forte” está presente e sentem medo. O espírito mau tem que se calar e sair do homem imediatamente.
Aqueles que presenciam as ações de Jesus expressam dois tipos de sentimento: o primeiro é de admiração: “As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento porque Jesus ensinava com autoridade e não como os doutores da Lei” (Mc 1, 22). Depois, a admiração se transforma em espanto: “Ele manda nos espíritos maus e eles obedecem” (Mc 1, 27). Porém, como a cura foi realizada no sábado, começa o conflito com as autoridades da Lei: era proibido curar no sábado. A lei de Jesus é outra.
Na casa de Simão Pedro, sua sogra está doente, com febre. A febre era considerada de origem demoníaca. Jesus a cura e ela começa a servi-los. Jesus faz as pessoas se levantarem e assim elas podem se colocar a serviço dos outros.
Marcos faz então um resumo das atividades de Jesus: cura doenças e expulsa demônios, tirando as amarras que impedem as pessoas de agir como Deus quer.

A primeira tentação -: Jesus está rezando, sozinho, num lugar deserto (Mc 1, 35). Embora pareça estranho, são os discípulos que provocam a primeira tentação, vindo a Ele e dizendo: “Todos estão te procurando” (Mc 1, 37). Queriam tirar Jesus de sua comunicação com Deus Pai e exibi-lo às pessoas, vaidosamente. Jesus não os atende, pois não é a sua fama que importa, mas o Plano de Deus que Ele veio realizar: “Foi para isso que Eu vim” (Mc 1, 38).
Em resumo:
1- A prática de Jesus se inicia numa situação conflitiva (prisão de João);
2- O grande anúncio é a chegada do Reino de Deus;
3- Jesus convoca gente simples, disposta a deixar sua acomodação;
4- A missão é converter as pessoas e denunciar os opressores do povo;
5- O ensinamento de Jesus tem autoridade porque é acompanhado pela prática (expulsão de demônios e cura de doenças);
6- Jesus não procura fama pessoal, mas a realização do Plano de Deus.


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