Aula 08/2011 – A PESSOA E A SOCIEDADE


08 – A PESSOA E A SOCIEDADE

(Itens 1878 a 1942 do Catecismo da Igreja Católica)

O caráter comunitário da vocação humana -: todos os seres humanos são chamados para Deus. Existe mesmo uma certa semelhança entre a unidade das três pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e no amor (GS 24, 3). O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus. A pessoa humana tem necessidade de vida social, com os seus semelhantes. Mediante a interação com os outros, o homem desenvolve-se e responde assim à sua vocação.

Uma sociedade é o conjunto de pessoas ligadas por um princípio de unidade que ultrapassa cada uma delas. Uma sociedade perdura no tempo, recolhe o passado e ao mesmo tempo prepara o futuro. Pela sociedade, cada homem é constituído herdeiro, recebe talentos que enriquecem sua identidade e com os quais deve produzir frutos. Por justa razão, deve cada um dedicar-se às comunidades de que faz parte e respeitar as autoridades encarregadas do bem comum. No entanto, é a pessoa humana que deve ser a prioridade, sujeito e finalidade de todas as instituições sociais. Certas sociedades, como a família e a cidade respondem mais diretamente às necessidades do homem.

No entanto, a socialização apresenta também alguns perigos. Uma intervenção muito acentuada do Estado pode ameaçar a liberdade e a iniciativa individuais. A doutrina da Igreja elaborou o princípio de subsidiariedade. Segundo ele, “uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade de ordem inferior, privando-a de suas competências, mas deve antes apoiá-la e ajudá-la a coordenar suas ações com aquelas das outras componentes sociais, tendo em vista o bem comum”.

Deus não quis reter só para si o exercício de todos os poderes, mas confiou a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer. Esta maneira de governo deve ser imitado na vida social.

A conversão e a sociedade -: a sociedade é indispensável à realização da vocação humana. Por isso, é necessário que seja respeitada a hierarquia de valores que submete as necessidades materiais e instintivas às interiores e espirituais. A inversão de meios e fins, que confere valor de fim àquilo que não passa de meio para consegui-lo, ou por considerar as pessoas como meros meios à vista de um fim, produz estruturas injustas que tornam a conduta cristã muito árdua e quase impossível de ser exercida satisfatoriamente. É preciso, então, apelar para as capacidades morais e espirituais das pessoas e a exigência permanente de sua conversão interior, a fim de obter-se mudanças sociais que realmente estejam de acordo com os desejos de Deus.

Sem o auxílio da Graça de Deus, os homens seriam incapazes de discernir o caminho estreito entre a covardia que cede ao mal e a violência que, na ilusão de o estar combatendo, o agrava ainda mais. Este caminho estreito é o caminho da caridade, ou seja, do amor a Deus e ao próximo. A caridade representa o maior mandamento social.Ela exige a prática da justiça e inspira uma vida de autodoação: “Quem procurar ganhar sua vida vai perdê-la, e quem a perder vai conservá-la” (Lc 17, 33).

A autoridade -: chama-se autoridade a qualidade em virtude da qual pessoas ou instituições fazem leis e dão ordens aos homens e esperam obediência da parte deles. Toda comunidade humana tem necessidade de uma autoridade que a dirija. A autoridade exigida pela ordem moral vem de Deus. “Todo homem se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, de modo que, aquele que se revolta contra a autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus. E os que se opõem atrairão sobre si a condenação” (Rom 13, 1 – 2).

A diversidade dos regimes políticos é moralmente admissível, contanto que contribuam para o bem da comunidade que os adotam. Os regimes contrários aos direitos fundamentais das pessoas não podem realizar o bem comum das nações às quais são impostos. Se acontecer que a autoridade promulgue leis injustas ou tome medidas contrárias à ordem moral, essa autoridade deixa de existir e degenera em abuso de poder.

O bem comum -: Em conformidade com a natureza social do homem, o bem de cada um est5á necessariamente relacionado com o bem de todos, o bem comum. “Não vivais isolados, retirados em vós mesmos, como se já estivésseis justificados, mas reuni-vos para procurar juntos o que é o interesse comum” (Barnabé, ep. 4, 10). O bem comum supõe, em primeiro lugar, o respeito pela pessoa como tal, garantindo ao ser humano todos os seus direitos. Em segundo lugar, vem o bem-estar social e o desenvolvimento da própria comunidade ou grupo (isto significa que todos devem partilhar uma vida decente e humana: alimento, vestuário, saúde, trabalho, educação, cultura, informação, etc.). Finalmente, o bem comum envolve a paz, isto é, uma ordem justa, duradoura e segura. Supõe, portanto, que a autoridade assegure, por meios honestos, a segurança da sociedade.

Responsabilidade e participação -: a participação é o envolvimento voluntário da pessoa nas relações sociais. Cada um conforme suas capacidades e possibilidades, deve participar na melhoria do bem comum. Este dever é inerente à dignidade da pessoa humana. Essa participação se realiza, antes de tudo, com cada um assumindo os setores pelos quais se tem responsabilidade pessoal: cuidado e educação familiar, trabalho honesto e consciencioso, relações saudáveis com o próximo, etc. Os cidadãos devem, na medida do possível, tomar parte ativa na vida pública.

A justiça social -: a justiça social só é conseguida dentro do respeito à dignidade da pessoa humana. A pessoa representa o fim último da sociedade, que por sua vez lhe está ordenada. Qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa, seja ela social ou cultural, ou que se baseie no sexo, raça, cor, condição social, idade, língua ou religião, deve ser superada e eliminada, pois é contrária ao plano de Deus.

A solidariedade humana -: a solidariedade,expressada ainda sob o nome de “amizade” ou “caridade social” é uma exigência direta da fraternidade cristã. Ela se manifesta, antes de mais nada, na distribuição dos bens e na justa remuneração do trabalho. Supõe também o esforço em favor de uma ordem social mais equitativa, onde os conflitos encontrem uma solução por consenso. Porém, a solidariedade vai além dos bens materiais. Difundindo os bens espirituais, a Igreja favoreceu o desenvolvimento dos bens temporais. Assim se foi verificando, ao longo dos séculos, as palavras do Senhor: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado” (Mt 6, 33).


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