Aula 08/2010 – O TODO PODEROSO
08 – O TODO PODEROSO
(Itens 268 a 314 do Catecismo da Igreja Católica)
Palavras de Jó -: Desde os princípios dos tempos, o ser humano reconhecia que havia no Universo uma força que a tudo governava. Depois da Revelação, os homens aprenderam que essa força era Deus Todo Poderoso, criador de tudo. Isso fica bem explícito nas palavras de Jó: “Reconheço que tudo podes e que nenhum dos teus desejos fica impedido (Jó 42, 2)”. Fiel aos testemunhos da Bíblia, a Igreja reza ao “Deus eterno e Todo Poderoso”, crendo firmemente que nada é impossível a Deus.
O mistério da aparente impotência de Deus -: A fé em Deus Pai Todo Poderoso pode ser posta à prova pela experiência do mal e do sofrimento. Deus pode, por vezes, parecer ausente e incapaz de impedir o mal. Mas é preciso raciocinar nos seguintes pontos:
a) Deus revelou a sua onipotência quando se fez carne na pessoa de Jesus Cristo;
b) Mostrou seu poder na Ressurreição de seu Filho;
c) Manifestou sua força nos milagres realizados por Jesus.
Dessa forma, quando o mal acontece, isso deve ser creditado à nossa própria liberdade, na qual Deus não interfere. De fato, o próprio ser humano é o maior responsável pelos males que sucedem neste mundo. É preciso raciocinar ainda que se todos os seres humanos seguissem a vontade de Deus, não existiria o mal.
O Criador -: “No princípio, Deus criou o céu e a Terra (Gen 1, 1)”. Assim começa a Bíblia. O Credo retoma essas palavras confessando que Deus é o “criador do céu e da terra”, “de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Por este motivo, o Catecismo fala em primeiro lugar do Criador, em seguida de sua criação e finalmente da remissão dos pecados dos quais fomos resgatados por Nosso Senhor Jesus Cristo.
O homem sempre se pergunta: “De onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido da vida?” e outras perguntas igualmente sem resposta aparente. Essas questões, principalmente as da origem e do fim são inseparáveis. Dessa forma, a ciência sempre procurou as respostas para essas perguntas dentro daquilo que a ciência pode fazer. Mas a ciência humana, para descobrir a verdade, desenvolve em primeiro lugar teorias. E teorias sobre a origem do Universo, por exemplo, existem algumas. A mais aceita pelos cientistas admite que o Universo de formou de uma grande explosão, conhecida como o”big bang”. Mas quando se pergunta o que existia antes dessa grande explosão e qual a matéria que explodiu, a ciência se cala. Não se sabe, e nem se pode saber.
A própria ciência diz que sem a prova, a teoria é somente uma especulação. Mas para quem tem fé, a criação do Universo, a sua ordem e grandeza e tudo mais que nele existe somente pode ser explicado pela ação de um Criador. Nada que surge do acaso tem ordem, e ordem é o que mais existe no Universo. Assim como para explicar a existência do relógio temos que admitir que existe um relojoeiro que o construiu, para a existência do Universo só se pode admitir um Criador. Por isso, existe a fé.
O mistério da Criação -: Deus criou o mundo, em sua sabedoria, para expressar o seu amor. Por isso, o mundo não é o produto de um destino cego ou do acaso. Cremos que Deus não precisa de nada que seja pré-existente nem de nenhuma ajuda para criar o que desejar. Podendo criar do nada, Deus pode também dar alma a uma criatura e assim fez em relação ao ser humano.
Já que Deus cria com sabedoria, a criação é ordenada. O homem, feito à sua imagem e semelhança, é chamado a uma relação pessoal com Deus. Como explicar a inteligência do homem, única na criação, senão pela semelhança com Deus? A nossa inteligência é apenas uma pequena faísca dessa nossa semelhança com Ele.
Deus é infinitamente maior que suas criações. Mas, ao mesmo tempo, como Criador, Ele está presente no mais íntimo de suas criaturas. Em Deus vivemos, nos movemos e existimos (At 17, 28)”. Deus jamais abandona a criatura à sua própria sorte. Ele nos dá o dom da inteligência e da ação. Reconhecer que dependemos de Deus para viver é fonte de sabedoria e de liberdade.
Deus e a Divina Providência -: Deus criou a sua obra de uma forma não completamente acabada. Ela é criada em um “estado de caminhada” para uma perfeição última que ainda está para ser atingida. A forma pela qual Deus nos conduz para esse estado de perfeição é chamada de Divina Providência. Jesus pede a nossa entrega filial à Divina Providência, que cuida das nossas necessidades, ensinando: “Por isso, não andeis preocupados dizendo: Que iremos comer? Ou que iremos beber?…Vosso Pai celeste sabe que tendes necessidade de todas essas coisas. Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado (Mt 6, 31 – 33)”.
A Providência e o escândalo do mal -: se Deus Todo Poderoso cuida de todas as suas criaturas, por que então existe o mal? Não existe uma resposta rápida. É o conjunto da fé cristã que forma essa resposta: se Deus criou a Providência, o homem criou o pecado. E a conseqüência do pecado é o mal e a morte da alma e do corpo. O salário do pecado é a morte”, diz S. Paulo Apóstolo. Dessa forma, Deus, que respeita a nossa liberdade de agir, não nos impede de cometer o mal.