Aula 08/06/15 – Livro Do Profeta Isaías – Parte 1


LIVRO DO PROFETA ISAÍAS – 1ª. PARTE

08/Junho/2015

Introdução -: o livro de Isaías é um livro profético do Antigo Testamento, que é considerado uma peça central deste gênero de literatura na Bíblia. Sua importância se estende até o Novo Testamento, considerando-se que há mais de 400 referências diretas ao livro, feitas pelos evangelistas e apóstolos. O forte caráter messiânico existente em toda a extensão do documento colaborou para dar ao livro tão grande proporção referencial entre os escritores do Novo Testamento. Também por causa disto, o livro do profeta Isaías foi chamado simbolicamente de “o quinto Evangelho”.

Durante a sua vida, Isaías viveu e narrou a tensão política e militar que Israel experimentava, com acontecimentos decorrentes principalmente das atividades guerreiras expansionistas realizadas pelos egípcios, ao sul e pelos caldeus, ao leste de Israel. O início do ministério profético de Isaías ocorreu por volta de 740 antes de Cristo, e coincidiu mais ou menos com 2 datas históricas: a morte do rei Ozias de Judá e a fundação de Roma.

Quem foi Isaías -: o profeta nasceu por volta de 765 a.C e viveu na corte dos reis de Judá. Parece ter sido primo do rei Ozias, e era escriba e relator dos anais históricos da casa real davídica. Era uma pessoa letrada, culta e aparentemente pode ter feito parte da casta sacerdotal de Jerusalém. Em 740 a.C. ele recebeu sua vocação profética e exerceu seu ministério por quarenta anos, numa época de grande ameaça que a Assíria exercia sobre os reinos de Israel e Judá durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, e provavelmente também, durante seus últimos oito anos de vida, sob a opressão maligna do reinado de Manassés. Este rei mandou serrar Isaías ao meio, quando o profeta tinha 92 anos de idade, segundo o que conta um livro apócrifo do século 1 depois de Cristo, chamado Vida dos Profetas (isto não é confirmado nem desmentido). Isaías foi o primeiro dos chamados “ profetas maiores”.

Mais de um autor para um só livro? -: embora a teologia tradicional judaico-cristã defenda a existência de um único autor, existem fortes evidências de que o livro foi obra de mais de um autor. No início do capítulo 40, ocorre na narrativa uma mudança abrupta do século 8 a.C. para o século 6 a.C. , onde se deu o exílio na Babilônia. Não se fala mais de Isaías e a Assíria é substituída pela Babilônia como nação agressora. Há estudos que indicam que dos 66 capítulos do livro, menos de 20 foram escritos pelo verdadeiro Isaías, que viveu, como já visto, no século 8 a.C. a maior parte de sua vida.

Porém, para outros estudiosos, isso não é verdade. Nos pergaminhos de Qunram, encontrados nas montanhas do mar Morto, datados do século 3 a.C, não aparece nenhuma indicação de que o autor diferisse. Se houvesse alguma indicação de que havia mais de um escritor, os copistas fariam uma divisão das partes do livro. Não fizeram. Hoje, não há certeza absoluta nem de um lado, nem do outro.

Plano da obra -: independente de haver um ou mais escritores, o livro de Isaías pode ser dividido em três grandes partes: Primeiro, Segundo e Terceiro Isaías (ou Isaías 1, 2 e 3).

O Primeiro Isaías contém os primeiros 39 capítulos do livro, cuja preocupação central é revelar a santidade de Deus. Isaías condena a aliança de Israel com as grandes potências, mostrando que a nação só será salva se permanecer fiel a Deus e ao seu projeto, no qual a justiça é o valor supremo. Isaías fala também de Emanuel, que o Novo Testamento identifica com Jesus Cristo, que veio ao mundo salvar seu povo, em Is 7, 14: “Por isto, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus conosco”. Esta primeira parte do livro pode ser subdividida em quatro seções cronológicas:

1- Os capítulos 1 a 5 focalizam a corrupção moral existente em Judá e refletem o período desde a morte de Ozias até a subida de Acaz ao trono, em 736 a.C.;

2- No período seguinte, os reis de Damasco e de Israel do Norte chamam Acaz para se aliar com eles contra o rei da Assíria. Acaz se alia e Judá é atacada;

3- Judá fica sob o domínio da Assíria, enquanto o reino de Israel do Norte é destruído em 721 a.C.; Ezequias sucede Acaz em 716 a.C. e faz aliança com o Egito contra a Assíria;

4- Na revolta contra a Assíria, Senaquerib arrasa toda a Palestina em 701 a.C..

Mesmo essa primeira parte não pode ser ligada inteiramente ao primeiro Isaías, pois muitas datas dessas guerras não coincidem com a época em que ele viveu.

Contra a falsa religião -: na época de Isaías, as pessoas frequentavam o Templo, mas para o profeta, isso é pouco. Isaías acusa o povo de não se importar em fazer o direito (mishpât) funcionar, de não proteger as viúvas e os órfãos, e de encher o Templo com iniquidades e solenidades impuras. Pede ao povo que ouça a palavra do Senhor.

Contra a injustiça social -: Isaías denuncia os ricos, os senhores de terras e os exploradores do povo, que vivem em festas à custa dos pobres.

O “livro” de Emanuel -: alguns teólogos chamam a parte do livro de Isaías que vai do início do capítulo 7 até o 6º versículo do capítulo 12 (Is 7, 1-12,6) de “livro de Emanuel”, que trata do nascimento de um menino que terá grande importância para Israel. Este menino, como já ressaltado, será identificado com Jesus Cristo.

Final do Primeiro Isaías -: o restante deste bloco enfoca os períodos dos reinados de Acaz e de Ezequias. São períodos de guerras e de submissão, onde Isaías assinala que um dia haverá um rei descendente de Davi. Fala de suas qualidades, de sua atuação em Israel, da sua influência na formação de uma nova realidade e finalmente do conhecimento pleno da vontade de Deus, por ele ensinado. Será Jesus Cristo?


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