Aula 08/03/21 – O Testemunho Cristológico No Novo Testamento
ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2021
O TESTEMUNHO CRISTOLÓGICO NO NOVO TESTAMENTO
08/Março/2021
Interrogações importantes -: Vimos na palestra anterior acerca dos testemunhos sobre Cristo na Igreja primitiva que as pregações eram feitas de diferentes formas, em condições diferentes e para grupos de pessoas diferentes. Daí surge uma interrogação: Como podemos reunir todas essas fórmulas diversas de testemunhos numa única verdade de fé? É possível descobrir um núcleo único desses testemunhos e reuni-los em uma só verdade de fé? O que podemos afirmar é que é muito difícil captar numa única fórmula toda a realidade que conhecemos sobre Jesus.
Pontos concordantes -: Dessa maneira, a solução para isso é verificar-se os pontos concordantes em cada testemunho (diferentes pregações orais e escritos) e tentar reuni-los em uma fórmula de fé única. Então, quando procuramos ver se em algum escrito do Novo Testamento existe uma verdade na qual a Igreja primitiva resumiu a sua fé, podemos dizer que os quatro Evangelhos colocam um empenho decisivo em testemunhar, que Jesus é o Cristo, ou seja, o Messias. Por isso, a partir daí, pode-se indicar como testemunho único de todas as pregações orais e escritas que Jesus é o Cristo! Fora dos Evangelhos, podemos encontrar uma fórmula diferente mas correspondente: Jesus é o Senhor! Nesta confissão, o N.T. não procura simplesmente dar uma descrição da natureza de Jesus, mas falar do significado de Jesus para nós, para a sua Igreja. Foi neste sentido, por exemplo, que Lucas acrescentou ao seu Evangelho um “segundo volume”, os Atos dos Apóstolos, de onde pode-se entender que Jesus continua a agir, através de seu Espírito Santo, na vida da Igreja. Isto pode ser visto também nas descrições que Mateus, Marcos e João fazem sobre as aparições de Jesus Ressuscitado, e para exemplificar, vejamos apenas uma frase do Evangelho de Mateus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Outra verdade de fé -: podemos encontrar também no N.T. outra importante verdade de fé, na qual todos os Evangelhos (até mesmo os apócrifos) relatam e acreditam firmemente: Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia! A Páscoa de Jesus cimentou, de uma vez por todas, a fé dos Apóstolos e discípulos no Senhor. Mas não foi somente na fé pascal que o testemunho se baseou: Toda a preocupação da Igreja primitiva consistiu também em provar que a sua pregação, marcada pela fé em Jesus Ressuscitado, estava fundamentada na Palavra e nas ações de Jesus.
Jesus é a salvação de Deus para os homens -: Jesus sempre afirmou que era o portador definitivo da salvação, o que inaugura o começo do Reino de Deus aqui na terra. Isso é confirmado pela sua Ressurreição dos mortos e é elevada, ao mesmo tempo, a um nível superior. Podemos então resumir afirmando que na Palavra de Jesus é Deus quem fala, e em sua vida, morte e Ressurreição, Deus se revela definitivamente. Essa verdade de fé também faz parte de todos os testemunhos do Novo Testamento. Ela é, também hoje, a certeza fundamental da Igreja. À medida que a Igreja foi penetrando, no decorrer dos tempos, mais e mais nessa verdade de fé, ela foi compreendendo cada vez melhor no seguinte: Jesus Cristo não nos trouxe apenas a notícia de Deus e seu Plano de Salvação: Deus mesmo em Jesus se faz a Salvação dos homens. Por isso, cremos que Jesus é Deus!
Fundamentos do testemunho do N.T. -: portanto, dos testemunhos do N.T., pode-se afirmar que a Ressurreição de Jesus está no centro da fé cristã. Quem aceita esta verdade com fé tem, de acordo com o testemunho da Escritura, a promessa de ser salvo: “Porque, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rom 10, 9). Esta é a segurança da salvação, e como diz São Paulo, “E se Cristo não ressuscitou, é sem valor a vossa fé, estais ainda em vossos pecados” (1Cor 15, 17). Podemos ainda acrescentar a esta afirmação de Paulo a seguinte verdade: Se Cristo não tivesse ressuscitado, não haveria Novo Testamento, nem Evangelhos, nem testemunhos, nem Igreja e nem teologia cristã.
Dificuldades em crer nos testemunhos -: levando em consideração o significado que a Ressurreição tem para a fé cristã, e à vista das dificuldades naturais que se levantam neste terreno, não é de se estranhar que muitos não creiam em Jesus Cristo. Temos conhecimento que Jesus realmente ressuscitou através dos testemunhos daqueles a quem Ele apareceu. É verdade que não podemos dizer que eles mesmos presenciaram a Ressurreição pessoalmente. A Ressurreição não teve testemunhas oculares, conforme a própria descrição do N.T. A ação de Deus, ressuscitando Jesus é manifestada às testemunhas por meio das aparições. Mas, se não existem testemunhas oculares, diretas, da Ressurreição de Jesus, como então podemos crer no testemunho do N.T.? Quem sabe, dizem os agnósticos, essas testemunhas não foram vítimas de sua vontade e sua imaginação, que depois interpretaram como reais aparições do Senhor?
A resposta a esse problema -: podemos responder dizendo que temos muitas e boas razões para crer na veracidade dos testemunhos. Eis aqui algumas delas:
1- As testemunhas não contavam, de forma alguma, com as aparições;
2- A sua fé havia sido destruída com a tragédia da cruz;
3- O próprio Paulo perseguiu os cristãos antes de ter visto o Ressuscitado e crer nele;
4- Há uma lista das testemunhas em 1Cor 15, 5 – 8: “Apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez. A maioria deles ainda vive; alguns já adormeceram. Depois, apareceu a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos. Em último lugar, apareceu também a mim, que sou como um aborto”. Todas estas testemunhas fizeram a mesma experiência, em lugares diferentes e em tempos diversos: todos viram o Senhor, embora se trate de um número relativamente pequeno de escolhidos.
5- Finalmente, é preciso ressaltar que, como resposta definitiva, “para quem crê, nenhuma explicação é necessária; para quem não crê, nenhuma explicação faz sentido”.