Aula 08/02/21 – O Testemunho Sobre Cristo Na Igreja Primitiva


ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2021

                O TESTEMUNHO SOBRE CRISTO NA IGREJA PRIMITIVA

                                                           08/fevereiro/2021

 

De que depende o testemunho hoje -: o testemunho da Igreja sobre Cristo, hoje, depende de um testemunho anterior, original, que encontrou no Novo Testamento sua forma e exposição definitivas. Um exame dos escritos do N.T. nos mostra que todos eles contém o testemunho da igreja primitiva sobre a pessoa de Jesus Cristo.            O conteúdo destes escritos explica-se pelo fato de que todos os autores quiseram atestar uma mesma coisa: o que aconteceu em Cristo e com Cristo e que coisas Deus operou nele em favor dos homens. Existe, no entanto, uma causa particular, imediata, que deu origem a cada livro do N.T.: um grupo determinado de pessoas, vivendo em determinada situação, às quais o livro foi dirigido. Apenas como exemplo, podemos citar o Evangelho de Mateus, claramente dirigido aos judeus, as cartas de Paulo a cada comunidade em particular, os Atos dos Apóstolos, etc.

 

A finalidade dos escritos -: é comum os cristãos se lamentarem, nos dias de hoje, que o N.T. não oferece uma biografia de Jesus, nem sua aparência, nem muitos aspectos de sua infância. Em especial os evangelistas selecionaram nos seus relatos apenas aquilo que era sua intenção. O final do Evangelho de João demonstra isso claramente: “Isto foi escrito para que creiais que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e acreditando, tenhais vida em seu nome” (Jo 20, 30-31). Era essa, e somente essa, a intenção dos autores do N.T. Por que? Porque estava muito difícil converter as pessoas daquele tempo, cheias de crenças as mais diversas.

 

A demora sobre os escritos do N.T. -: os escritos do N.T. não surgiram imediatamente após a morte de Jesus. Uma das razões para isto está no fato de que a igreja primitiva aguardava para muito breve a segunda vinda de Cristo. Uma comunidade composta de homens sem conhecimentos literários, que para muito logo esperava o fim do mundo, não tinha vontade de produzir escritos que não seriam lidos por ninguém. Por isso, nada foi escrito durante os dois ou três primeiros decênios após o Cristo subir aos céus. Nestes primeiros tempos, os temas sobre Jesus aparentemente tiveram uma existência apenas oral, transmitidos de pessoas para pessoas.

 

Os primeiros escritos -: o escrito mais antigo, que é a primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, data de dois decênios depois da morte de Jesus, mais ou menos pelo ano 54. O Evangelho mais antigo, o de Marcos, aparece apenas cerca de 40 anos após Jesus, no meio da década de 70. Tudo isto faz supor que estes escritos, particularmente os Evangelhos, se baseiam em tradições anteriores, suposição esta que se transformou em certeza através das pesquisas atuais. Já antes da redação final destes escritos, a igreja primitiva professava sua fé em Cristo. Seus pregadores viam-se, nesta tarefa, diante de diferentes grupos de pessoas (judeus e pagãos), falavam em situações muito diversas (por exemplo, no culto divino e na pregação missionária) e empregavam diversas formas de se comunicar (catequese ou simples narrações). Em certas ocasiões, estas pregações foram então fixadas por escrito. Ou seja: as tradições das pregações sobre Cristo que assim se formaram foram então inseridas no Novo Testamento. Isto pode ser demonstrado mais facilmente quanto às cartas de S. Paulo. Ele mesmo não foi testemunha ocular da vida e obra de Jesus. O testemunho que deixa nas suas epístolas é o reflexo da fé tradicional da igreja primitiva, que ele recebeu de outros, e assim transmitiu. Este recurso a tradições anteriores da igreja primitiva pode ser verificado até nos evangelhos. Sabe-se que os evangelhos de Marcos e de Lucas foram escritos por autores não testemunhas oculares da presença de Jesus. Marcos, muito provavelmente, escreveu o seu evangelho recolhendo as pregações orais de Pedro. Lucas diz claramente em seu evangelho, que recolheu e compilou as informações por ele recebidas de outras pessoas. É provável que o evangelho escrito por Mateus tenha sido baseado no evangelho de Marcos. Segundo dados das pesquisas atuais, o evangelho de João não foi escrito pelo apóstolo em pessoa, embora seja provável que este evangelho reflete a pregação de João.

 

A relação entre os Evangelhos -: a mútua dependência dos três primeiros evangelhos (Mt, Mc e Lc) aparece muito claramente quando colocamos um ao lado de outro, para estudá-los num olhar de conjunto, isto é, numa sinopse. Então se vê que Mt e Lc aceitaram quase totalmente o texto de Marcos e, além disso, completaram seus evangelhos com outras fontes de que dispunham. Em virtude desta sinopse tão parecida, estes três evangelhos são chamados “sinóticos”. O evangelho de João não pode ser colocado neste conjunto. Nem se sabe, com certeza, se o seu autor teve conhecimento dos três sinóticos.

 

Em resumo -: tanto a tradição oral quanto as redações do N.T. quiseram, em resumo, dar testemunho do mesmo Jesus Cristo. Mas como cada autor o fez numa determinada situação, numa circunstância diferente e sob um ponto de vista determinado, eles enfocam e anunciam um aspecto particular da mensagem de Jesus. Por outro lado, já na igreja primitiva surgiram tradições particulares e se escreveram livros que apresentaram de modo pouco seguro ou mesmo incorreto, a vida e a obra de Cristo. No decorrer do tempo, tais obras, que apresentavam o testemunho duvidoso sobre isso foram designados pela Igreja como “apócrifos” (livros cuja genuinidade não pode ser confirmada). A formação do cânon do N.T. deu-se, conforme a convicção da Igreja, sob a ação guiada diretamente pelo Espírito Santo.


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