Aula 07/2012 – QUEM É O MESSIAS?
07 – QUEM É O MESSIAS?
30/Abril/2012
O nome do Messias é Jesus -: com os moradores de Jerusalém e de todas as partes da Judéia acorrendo para o batismo de João Batista, não é de se estranhar que a fama de João chegasse até outras regiões de Israel, como a Samaria e a Galiléia. E Marcos nos conta que, entre tanta gente, chega também às margens do rio Jordão uma outra pessoa: “Nesses dias, Jesus chegou de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão” (Mc 1, 9).
Naquele tempo, “Jesus” (Yoshua) era um nome comum, e como sobrenome, indicava-se o nome do pai. Só isso, nada mais. No caso de Jesus, seu nome, em aramaico, seria Yoshua bar Yosseph (Jesus, filho de José). No entanto, Marcos faz uma importante modificação, chamando Jesus não de “filho de José”, mas sim de “filho de Maria”. Marcos não fala da genealogia de Jesus, tentando provar que ele tinha origem nobre, que era descendente de Davi. Isso não interessaria muito aos romanos, para quem o Evangelho estava sendo anunciado. Por isso, Marcos aponta que Jesus vinha de uma região sem importância do norte, de Nazaré da Galiléia. Lembremos ainda que a Galiléia era conhecida em Israel como uma das regiões mais impuras do país, em virtude da sua localização como centro das passagens de todas as caravanas vindas do leste e do oeste do mundo conhecido, com um grande contingente de pagãos que ali se encontravam.
Contudo, esse homem provindo de uma cidade obscura, de uma região mal afamada, já traz em seu nome a missão para a qual foi destinado, pois “Jesus” quer dizer “Deus salva”.
Jesus é o Filho de Deus -: o que se poderia esperar desse homem sem nenhuma carta de apresentação? Nada, certamente. No entanto, já pedindo ao Batista o seu batismo, aconteceu com ele um fato inesperado, a primeira teofania dos Evangelhos: “Logo que Jesus saiu da água, viu o céu se rasgando, e o Espírito Santo, como uma pomba, desceu sobre ele. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti encontro o meu agrado’” (Mc 1, 10 – 11). Essa descrição de Marcos, apontando que “o céu se rasgou” coincide com uma profecia de Isaías (Is 63, 19). O céu se rasga para que Deus esteja entre os homens.
A presença do Espírito em Jesus é muito importante, pois indica que o divino está sobre ele. Jesus se torna um só com Deus Pai, o que significa que suas ações serão as próprias ações de Deus, bem como suas palavras. Mais ainda, a voz que vem do céu identifica Jesus como “o Filho de Deus”. Outra vez, isso cumpre outras passagens do Velho Testamento, encontradas no Salmo 2, 7 e em Is 42, 1. (O salmo diz “Tu és meu filho, eu hoje o gerei” e Isaías diz “Vejam o meu servo, nele tenho o meu prazer”).
O batismo de Jesus não é apenas um exemplo de humildade, mas a revelação de que ele é o Filho de Deus, o Messias esperado, que irá romper com os esquemas de uma sociedade injusta.
A tentação de Jesus -: Marcos diz que Jesus foi tentado, mas não diz qual foi a tentação. Entretanto, no decorrer de sua narração, iremos ver que não se trata de apenas uma, mas de várias tentações que aconteceram durante sua vida.
“O Espírito impeliu Jesus para o deserto, onde ficou durante quarenta dias, e aí era tentado por Satanás. Jesus vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam” (Mc 1, 12 – 13).
O deserto está intimamente ligado com a história de Israel. Marcos, dizendo que Jesus ficou quarenta dias no deserto, reforça a ligação com o Êxodo, pois os hebreus permaneceram quarenta anos nesse mesmo deserto. Foi no deserto que Moisés teve a experiência com Deus e recebeu as tábuas da Lei. Portanto, a raiz da tentação de Jesus é ter de discernir, fazer uma escolha entre vida e liberdade, morte e opressão, entre a vontade de Deus e a dos homens.
Jesus se encontra, pois, nessa tensão: de um lado, o Espírito que o impele e os anjos que o servem; do outro, Satanás que o tenta e os animais selvagens, representando os homens opressores. Em outras palavras, servir a Deus ou a Satanás. A prática de Jesus irá dizer como Ele venceu a tentação e como foi fiel ao Plano de Deus até o fim.
Resumindo Mc 1, 9 – 13, temos o seguinte:
1- Jesus não é de família nobre, nem originário de lugar bem conceituado;
2- Jesus é o Messias esperado pelos profetas, e com sua vinda o céu se rasga para a descida de Deus;
3- Jesus é o Filho de Deus, que veio a serviço do Pai para libertar os homens, promovendo o direito e a justiça;
4- Jesus será tentado muitas vezes de abandonar o Projeto de Deuys Pai; e
5- A prática de Jesus será a maior prova da presença de Deus no mundo e indicará qual é a vontade de Deus.