Aula 07/2009 – ILUMINANDO AS CELEBRAÇÕES


1ª. CARTA AOS CORÍNTIOS: ILUMINANDO AS CELEBRAÇÕES (11,2 – 15,58)

As celebrações da comunidade -: as celebrações da comunidade de Corinto eram muito animadas e cheias de vida. Contudo, sempre havia o risco de se encarar a fé como coisa separada dos acontecimentos do dia a dia. Quando isso acontece, a celebração passa a ser puro cumprimento de ritos e a fé se torna semelhante à magia.
A Eucaristia, principalmente, é a memória da grande obra de Jesus e de sua entrega total à vontade de Deus. Recordar o que Jesus fez é continuar sua obra em outros tempos e lugares. Isso ilumina o nosso tempo presente com a prática de Jesus.
Neste trecho da sua primeira carta aos coríntios, Paulo se preocupa com quatro questões sobre as celebrações dos coríntios:
a) O papel da mulheres nas celebrações;
b) A celebração da Eucaristia propriamente dita;
c) Os carismas da comunidade;
d) A Ressurreição de Cristo e a nossa.
Paulo inicia elogiando a comunidade, sinal de que as coisas boas são maiores e mais numerosas que os conflitos e as tensões existentes.
As mulheres profetizam: as comunidades fundadas por Paulo costumavam fazer suas reuniões em casas de família. As mulheres ganharam com isso, pois elas, naquele tempo, não tinham nenhuma importância na sociedade, tanto judaica quanto greco-romana. Logo, levando as celebrações para dentro de casa, Paulo abriu caminho para que as mulheres assumissem funções de liderança na casa-comunidade. Assim podemos ver que Paulo não era contra as mulheres, como muitos acreditam. No bairro portuário de Cencréia (um dos portos de Corinto), havia uma diaconisa chamada Febe, que Paulo chamava de “irmã”.
Assim, podemos ver neste trecho da carta que as mulheres rezavam e profetizavam como os homens. Profetizar era uma das funções mais importantes e era a mesma coisa que indicar o caminho que Jesus pediu aos seus seguidores. Paulo somente exigia que as mulheres profetizassem de cabeça coberta. Por que? Porque Paulo, neste caso, foi levado pela cultura em que foi criado, em que a mulher deve ser submissa ao homem. No entanto, isso não significava, para ele, que a mulher fosse inferior, pois ela foi criada também como imagem e semelhança de Deus.
A prova de que Paulo queria valorizar as mulheres da comunidade está justamente na exigência da cabaça coberta. Nos templos pagãos e idólatras, as prostitutas “sagradas” que ali dançavam, o faziam com as longas cabeleiras soltas, para estimular os homens. Pedindo que as mulheres profetizassem com a cabeça coberta, Paulo as diferenciava das sacerdotisas pagãs. Logo, o uso do véu era uma questão de decência, conservado até há bem pouco tempo.
Para terminar, Paulo diz: “Diante do Senhor, a mulher é inseparável do homem e o homem da mulher. Pois, se a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus”.
Eucaristia e fraternidade: a Eucaristia em Corinto era precedida por uma refeição celebrada nas casas e cada um trazia alguma coisa para ser compartilhada com todos. Paulo fica sabendo que, em algumas casas, cada um comia aquilo que trouxera e não se compartilhava o alimento. Logo, enquanto os mais pobres (os “fracos”) tinham muito pouco que comer, os ricos (os “fortes”) chegavam até a se embriagar. Não havia fraternidade, e Eucaristia é, antes de tudo, fraternidade e partilha. Por isso, Paulo repreende severamente os ricos, dizendo: “É por isso que entre vocês há tantos fracos e enfermos, e muitos morreram…quando vocês se reúnem para a Ceia, esperem uns pelos outros”.Ele mostra que a Eucaristia é lugar de comunhão.
O maior carisma é o amor: os coríntios valorizavam os dons espetaculares, que pareciam sobrenaturais, como o falar em línguas (ainda hoje há quem se maravilhe com isso, como se fosse muito importante!). Paulo, no entanto, não concorda e ajuda a comunidade a ampliar seus horizontes, dizendo: “Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes modos de agir, mas o Senhor é o mesmo…é o mesmo Deus que realiza tudo em todos”.Ele fala de Deus, do Senhor e do Espírito e mostra que a Trindade é a origem da comunidade. E finalmente mostra que o maior carisma do cristão é o amor, neste trecho muito conhecido: “Ainda que eu falasse a língua dos anjos, se eu não tivesse o amor seria apenas como sino ruidoso … Ainda que eu profetizasse, tivesse todo o conhecimento dos mistérios e da ciência, ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de mover montanhas, sem o amor eu não seria nada” (Este belíssimo trecho, completo, está em 13, 1 – 13).
A Ressurreição de Cristo e a nossa: Por mais incrível que pareça, havia cristãos em Corinto que não acreditavam na vida após a morte. Diziam: “Comamos e bebamos, pois amanhã, morreremos (15, 32).Outros não admitiam a ressurreição dos corpos. Paulo os ensina, dizendo: “Cristo morreu por nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de 500 irmãos de uma só vez; a maioria deles ainda vive, e alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos. Em último lugar, apareceu a mim… Portanto, aí está o que eu e eles pregamos e em que vocês acreditaram” (15, 3 -11).
Paulo mostrou aos coríntios (e a nós também!) que a Ressurreição de Cristo é o penhor da nossa própria ressurreição, e que a planta nasce com a morte da semente.


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