Aula 06/2011 – A VIDA NO ESPÍRITO (II)
06 – A VIDA NO ESPÍRITO (II)
(Itens 1776 a 1832 do Catecismo da Igreja Católica)
A consciência moral -: No interior de seu coração, o ser humano descobre uma lei: ela o chama a fazer o bem e evitar o mal. Essa lei, o homem não a dá a si mesmo, mas ela já existe dentro dele desde que adquire a consciência e a razão. A Teologia nos ensina que é uma lei dada por Deus. Essa consciência moral é o sacrário interior do homem, onde ele está sozinho com Deus e pode ouvir a sua voz.
O juízo da consciência -: presente no coração da pessoa, essa consciência moral julga as escolhas do homem, aprovando as boas e reprovando as más. No entanto, para se ouvir a consciência moral, torna-se necessário que o ser humano se recolha, e pratique uma interiorização onde ele pode ouvir a Deus. No estilo de vida atual, na correria frenética em busca da satisfação de seus desejos, o homem perdeu o hábito de se recolher, de meditar sobre o sentido da vida e suas regras. A dignidade da pessoa humana exige a retidão da consciência moral. A consciência moral é composta de três fases: a percepção dos princípios de moralidade, a sua aplicação aos atos da vida e, finalmente, o juízo feito para os atos praticados.
A formação da consciência -: a consciência deve ser educada e o juízo moral muito bem esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verdadeira. Ela faz os seus julgamentos segundo a voz de Deus, no seu interior. A educação da consciência moral é tanto mais indispensável quanto mais o ser humano em formação esteja submetido a condições negativas de vida. A educação da consciência moral é uma tarefa para toda a vida. Desde os primeiros anos, a educação alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior. Uma educação bem conduzida ensina a virtude, e afasta a ambição desmedida, o orgulho e o egoísmo. Na formação da consciência, é preciso que o homem conheça a Palavra de Deus, estimule a fé nela, e a coloque em prática.
As escolhas da consciência -: colocado diante de uma escolha, o homem tem duas opções: uma ação correta, de acordo com a razão e a lei divina, ou então um ato errado, que o afasta de Deus e da sua própria consciência moral. Muitas vezes, as circunstâncias tornam o julgamento de um ato muito difícil e a escolha bastante confusa. Algumas regras se aplicam a todos os casos, principalmente quando de difícil escolha:
1- Não é permitido praticar um mal para que dele resulte um bem;
2- A caridade respeita sempre o próximo;
3- Sempre fazer ao próximo o que se deseja seja feito a nós mesmos. Esta é a “regra de ouro”.
O juízo errado -: deve-se sempre obedecer ao juízo da consciência moral. Se o homem agir por vontade própria contra ela, comete pecado. Mas, muitas vezes, a consciência moral pode ser enfraquecida pela ignorância. Esta ignorância pode ter várias origens:
a) Responsabilidade pessoal: acontece quando o homem não se preocupa
com a procura da verdade e do bem.Neste caso, a pessoa é culpada pelo mal que pratica;
b) Ignorância de Cristo e sua Palavra por desinteresse;
c) Obediência às más companhias, ceder às paixões, falta de caridade;
d) Auto-suficiência, etc.
Se, ao contrário, a ignorância for invencível ou o ato errado não for da responsabilidade de quem o praticou, o mal cometido pela pessoa não lhe será imputado.
As virtudes humanas cardeais -: quatro virtudes humanas são as principais, pois todas as demais se agrupam em torno delas. Essas virtudes cardeais são a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança. A prudência é a virtude que permite ao homem discernir o que é o bem e praticá-lo. A justiça é a prática de dar a Deus e a cada um o que lhe é devido. A fortaleza é a virtude moral que dá segurança e confiança para se saber enfrentar as dificuldades sem desespero ou raiva. Finalmente, a temperança é a virtude que aconselha o homem a ser equilibrado e moderado em suas ações, impedindo o ser humano de cometer excessos em qualquer atividade.
As virtudes humanas são adquiridas pela educação e pela perseverança na sua prática. Não é fácil ao homem ferido pelo pecado manter o seu equilíbrio moral. Por isso, devemos sempre pedir ao Cristo a sua Graça e recorrer aos Sacramentos.
As virtudes teologais -: estas virtudes são infundidas por Deus na alma do ser humano para que ele seja capaz de agir como seu filho e merecer a vida eterna. As virtudes teologais são a fé, a esperança e a caridade.
A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e na Sua Palavra. Pela fé, o homem se entrega livremente a Deus. O dom da fé permanece naquele que não pecou contra ela. Mas, a fé sem obras é morta (Tg 2, 26). O ser humano consciente deve guardar a fé, testemunhá-la e difundi-la pelos seus ambientes.
A esperança é a virtude teologal pela qual esperamos um dia entrar na vida eterna, conforme as promessas de Jesus. A esperança deve apoiar-se no socorro e na graça do Espírito Santo.
A caridade é a virtude teologal através da qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, pelo amor de Deus. Jesus fez da caridade o seu novo Mandamento: “Este é o meu preceito: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15, 12). A caridade, neste sentido, é superior a todas as outras virtudes. Como diz S. Paulo Apóstolo, “Permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1Cor 13, 13).
Os dons e os frutos do Espírito Santo -: a vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Estes dons são sete: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Os frutos do Espírito Santo são aperfeiçoamentos que os dons trazem para os fiéis durante a vida, modelando cada um a se tornar apto para o Reino dos Céus. A Tradição da Igreja enumera doze frutos do Espírito Santo: caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade.