Aula 05/2011 – A VIDA NO ESPÍRITO (I)
05 – A VIDA NO ESPÍRITO (I)
(Itens 1700 a 1770 do Catecismo da Igreja Católica)
A dignidade da pessoa humana -: esta dignidade se fundamenta na criação do homem à imagem e semelhança de Deus. Realiza-se na vocação do ser humano a alcançar a bem-aventurança divina, isto é, chegar a Deus. Porém, cabe a cada um realizar estas aspirações pela sua própria livre iniciativa.
Isto significa que, como criaturas de Deus e vocacionados a voltar para Ele, temos que construir a nossa dignidade de pessoa humana por nós mesmos, sempre auxiliados pela Graça e pelo Espírito Santo.
O Homem, imagem de Deus -: em Jesus Cristo, Redentor e Salvador, a imagem de Deus, alterada no homem pelo pecado original, foi restaurada em sua beleza original e enobrecida pela Graça de Deus. Logo, a imagem divina está presente em cada pessoa. Dotada de alma espiritual e imortal, a pessoa humana é a única criatura na terra que Deus destinou à vida eterna. A pessoa humana participa da luz e da força do Espírito Santo, e por sua inteligência e vontade, ela é capaz de reconhecer o bem e o mal, podendo então escolher entre os dois. Por isso, o homem reconhece a voz de Deus, que o estimula a escolher o bem e rejeitar o mal.
Porém, tentado pelo Maligno, desde o início da História, o homem abusou da sua própria liberdade, sucumbiu à tentação e praticou o mal. Conserva o desejo do bem, mas sua natureza traz a ferida do pecado original. Tornou-se inclinado ao mal e ao erro.
Cristo, pelo seu sacrifício, livrou-nos de pecado e do mal. Sua Graça restaurou-nos aquilo que o pecado danificou em nós. Quem crê em Cristo torna-se, portanto, filho de Deus e apto a praticar o bem.
Nossa vocação à bem-aventurança -: as bem-aventuranças estão no seio da pregação de Jesus. Ele completou as antigas promessas feitas a Israel, ordenando-as não mais ao simples bem estar na terra, mas também e principalmente ao Reino dos Céus:
Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus;
os mansos, porque herdarão a terra;
os aflitos, porque serão consolados;
os que tem fome e sede de justiça, pois serão saciados;
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia;
os puros de coração, pois verão a Deus;
os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus;
os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus;
sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos Céus (Mt 5, 3 – 12ª).
As bem-aventuranças mostram a imagem de Cristo e exprimem a vocação da pessoa humana. São as características da vida cristã e da dignidade da pessoa humana.
A liberdade do homem -: Deus criou o homem dotado de razão e lhe deu a dignidade de uma pessoa agraciada com o domínio de seus atos. Isso para que o homem pudesse, por si mesmo, “procurar seu Criador e, aderindo livremente a Ele, chegar à perfeição plena e feliz” (GS 17). A liberdade é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal, ou seja, de crescer rumo à perfeição ou definhar no pecado e no erro. Quanto mais praticar o bem, mais a pessoa se torna livre, e vice-versa. Portanto, se a pessoa vai para o bem ou para o mal, isso é uma escolha somente sua, e sua é a responsabilidade. Todo ato diretamente desejado é imputado ao seu autor.
A liberdade humana na economia da Salvação -: a liberdade do homem é finita e falível. O homem pecou livremente, e este primeiro engano gerou outros em grande número; o exercício da liberdade não autoriza o homem a dizer e fazer tudo aquilo que lhe interessa. Entretanto, as condições requeridas para o bom exercício da liberdade, muitas vezes, são desprezadas e violadas. Estas situações de injustiça agravam a vida moral do homem e levam à tentação de pecar contra a caridade.
Porém, Cristo nos resgatou pela sua Paixão e livrou-nos do pecado. “Onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Cor 3, 17). A Graça de Cristo não se coloca em concorrência com a nossa liberdade, desde que esta esteja de acordo com a verdade e com o bem.
A moralidade dos atos humanos -: a moralidade dos nossos atos depende do objetivo escolhido; da intenção e das circunstâncias do ato executado. O ato moralmente bom supõe a bondade do objetivo, da sua boa finalidade e das circunstâncias (meio ambiente, pressão social, constrangimento, etc.). Existem atos que, por si mesmos, independentemente das circunstâncias e das intenções, são sempre maléficos em virtude do seu objetivo: blasfêmia, perjúrio, falso testemunho, homicídio e adultério. Não é permitido praticar um mal para que dele resulte um bem.
A moralidade das paixões -: as “paixões” designam as emoções ou sentimentos que inclinam o ser humano a agir ou não agir para o bem ou para o mal. As emoções e os sentimentos são convertidos em virtudes (se dirigidos para o bem) ou em vícios (se dirigidos para o mal). A perfeição moral consiste em que o homem não seja movido ao bem exclusivamente por sua vontade, mas também por por sua sensibilidade, conforme diz o salmo: “Meu coração e minha carne se alegram pelo Deus vivo” (Sl 84, 3).