Aula 05/11/18 – Os Sinais do Pão e do Vinho
OS SINAIS DO PÃO E DO VINHO
05/Novembro/2018
O centro da Eucaristia -: encontram-se no mais profundo sentido da celebração da Eucaristia o pão e o vinho. Pelas palavras de Jesus e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Obedecendo à ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, aquilo que Ele fez às vésperas de sua Paixão. Ao se tornarem milagrosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade de Deus Pai ao criar o mundo. Desta forma, no ofertório, damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho, fruto “do trabalho do homem”, mas antes “fruto da terra e da videira”, que são dons de Deus.
Importante é lembrar que a Igreja vê neste gesto, o gesto de Melquisedec, rei e sacerdote, que trouxe pão e vinho (Gn 14, 18), uma prefiguração de sua própria oferta na missa.
O significado na Antiga Aliança -: naquele tempo, o pão e o vinho eram oferecidos em sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de reconhecimento ao Criador. Mas eles receberam também um novo significado por ocasião do êxodo dos judeus do Egito: os pães ázimos que Israel comia cada ano na sua Páscoa comemoravam a pressa que os judeus tiveram na partida libertadora do Egito; a recordação do maná do deserto lembrará sempre a Israel que ele vive do pão da Palavra de Deus. Finalmente, o pão de cada dia é o fruto da Terra Prometida, garantia da fidelidade de Deus às suas promessas. O vinho, “o cálice da bênção” (1Cor 10, 16) no fim da refeição pascal dos judeus, acrescentava à alegria festiva da Páscoa um sinal de espera do restabelecimento de Israel em sua terra, a Terra Prometida.
Tomando os sinais do pão e do vinho, tão caros a Israel, Jesus instituiu a sua Eucaristia, dando um sentido novo e definitivo à bênção do Pão e do Vinho.
Os milagres -: o milagre da multiplicação dos pães, quando Jesus os abençoou, partiu e os distribuiu através dos seus discípulos para alimentar a multidão, significa que todos os seres humanos poderiam participar deste milagre por meio da Eucaristia. O milagre da água transformada em vinho nas bodas de Caná já anuncia a hora da glorificação de Jesus e manifesta a realização da ceia das bodas, onde os fiéis beberão o “vinho novo” (Mc 14, 25) transformado no Sangue de Cristo.
O primeiro anúncio da Eucaristia dividiu os discípulos, assim como o anúncio da Paixão os escandalizou: “Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?” (Jo 6, 60). A Eucaristia e a cruz são pedras de tropeço para eles. É o mesmo mistério, e este mistério não cessa de ser ocasião de divisão. “Vós também quereis ir embora?” (Jo 6, 67). Esta pergunta de Jesus ressoa através dos séculos, em um convite para que os fiéis descubram que só Ele tem “palavras de vida eterna” (Jo 6, 68) e que acolher com fé a sua Eucaristia é acolher a Ele mesmo.
A instituição da Eucaristia -: Jesus instituiu a Eucaristia como memória da sua Morte e Ressurreição e ordenou aos seus apóstolos que a celebrassem até à sua volta, constituindo-os então sacerdotes do Novo Testamento. Os três Evangelhos sinóticos e São Paulo Apóstolo nos transmitiram o relato da instituição da Eucaristia; por sua vez, o Evangelho de João nos relata as palavras de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, onde Ele designa-se como o Pão da vida, descido do céu (Jo 6, 58).
Jesus escolheu o tempo da páscoa judaica para realizar aquilo que tinha anunciado em Cafarnaum: dar aos seus discípulos o seu Corpo e o seu Sangue: “… e tomou um pão, deu graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: ´Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em minha memória´. E depois de comer, fez o mesmo com o cálice, dizendo: `Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado em favor de vós” (Lc 22, 19 – 20).
O mandamento de Jesus de repetir seus gestos e suas palavras até sua volta não pede somente que se recorde de sua vida e sua obra; não é apenas um pedido para que nós nos lembremos dele, como dizem os protestantes. O pedido visa a celebração litúrgica, e mais importante, que todos os fiéis se alimentem do seu Corpo e do seu Sangue, presentes no pão e no vinho consagrados.
Desde o início, a Igreja foi fiel ao mandado do Senhor: da igreja primitiva, ainda em Jerusalém, podemos ver: “Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração” (At 2, 46).
Desde aqueles tempos até nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de maneira que hoje a encontramos em toda parte na Igreja, com a mesma estrutura fundamental. A Eucaristia continua a ser o centro da vida da Igreja.