Aula 05/10/15 – O Martírio De Jesus


O MARTÍRIO DE JESUS

05/Outubro/2015

O processo de Jesus -: segundo a narração dos quatro Evangelhos, uma milícia armada, guiada por Judas, e obedecendo às ordens das autoridades do Templo, prendeu Jesus, enquanto os discípulos não foram molestados. Como se chegou a essa prisão, obviamente decretada, em última análise, pelo Sumo Sacerdote Caifás? Como isso levou à entrega de Jesus ao tribunal do Governador romano Pôncio Pilatos e à condenação à morte na cruz? Os Evangelhos permitem distinguir três etapas no caminho que levou à sentença jurídica de condenação à morte: uma reunião do Conselho na casa de Caifás, o interrogatório pelo Sinédrio e, por fim, o processo diante de Pilatos.

As três etapas -: a reunião do Conselho das autoridades do Templo na casa de Caifás foi o resultado final da situação que Jesus, com sua pregação e suas atitudes, provocou nos sacerdotes judeus. Com a gota d´água que foi a recepção de Jesus pelo povo no domingo de Ramos, os fariseus e seus chefes resolveram agir. Tinham medo que Jesus acabasse levando Israel para um confronto com Roma, além de desvirtuar completamente a religião judaica com suas críticas a eles. Havia ainda outro motivo, este escondido: Anás (Sumo Sacerdote anterior e sogro de Caifás) e o atual Sumo Sacerdote Caifás tinham um interesse específico pelo poder, coisa que até hoje é comum nos políticos. Dessa reunião, chegou-se à conclusão que Jesus deveria ser condenado e morto.

Dessa forma, numa hora ainda noturna, Jesus foi levado da prisão ao palácio do Sumo Sacerdote, onde o Sinédrio com seus três componentes – sacerdotes, anciãos e escribas – já estava reunido. O interrogatório que foi feito a Jesus baseava-se em duas principais acusações: o aparente ataque de Jesus ao Templo e à religião em si, e o fato (para os judeus, inadmissível) que Jesus havia se colocado, de algum modo, ao nível do próprio Deus, entrando em contraste com os fundamentos da fé de Israel. Marcos narra que Caifás pergunta a Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Bendito?” ao que Jesus responde: “Eu o sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Mc 14, 62). A essa resposta, o destino de Jesus, para os interrogadores, estava selado.

Acusado de blasfêmia, Jesus estava, pelo Sinédrio, condenado à morte. Mas as condenações à morte somente podiam ser executadas pelo poder romano, pelo que Jesus foi levado à presença do procônsul romano Pôncio Pilatos. Conforme os Evangelhos nos contam, Pilatos, a princípio, não parecia inclinado a condenar Jesus à morte, tanto que disse aos fariseus não encontrar culpa nenhuma em Jesus. Pensou que poderia mandar chicotear Jesus e, em seguida, libertá-lo. Não contava com a reação dos fariseus, que ameaçavam até ir à presença do Imperador em Roma, e delatar que um revolucionário contra Roma tinha sido libertado por ele. Pressionado, Pilatos ainda tentou apelar para um costume judaico – a anistia pascal – no qual um prisioneiro era libertado por aclamação da multidão. Pilatos apresentou ao povo a questão: Jesus ou Barrabás? Pensou, provavelmente, que o povo escolheria Jesus. Mas, entre a multidão, estava uma maioria de seguidores de Barrabás, que eram partidários da luta armada contra Roma, enquanto os discípulos de Jesus eram poucos e estavam com medo. Pilatos desistiu e, lavando as mãos, entregou Jesus para ser flagelado e crucificado.

O martírio -: chicoteado e coroado com espinhos, e ainda obrigado a carregar o lenho horizontal da cruz (os postes verticais das cruzes, segundo o costume romano, já se encontravam fincados em seus lugares), Jesus seguiu o caminho para o Calvário. Pregado pelos pulsos e pelos pés na cruz, a primeira palavra de Jesus na cruz é: “Pai, perdoa-lhes, não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). Não sentiu ódio nem clama por vingança. Crucificado e em agonia, Jesus ainda teve de suportar três tipos de zombadores que ali se encontravam: primeiro os que por ali passavam e diziam: “Tu, que destruís o Templo e em três dias o edificas… salva-te a Ti mesmo, desce da cruz” (Mc 15, 29-30). Não sabem que é neste momento em que o Templo é “destruído” e o novo Templo se forma. O segundo grupo de zombadores são os membros de Sinédrio, que dizem: “Salvou os outros e a si não se pode salvar! Rei de Israel que é que desça agora da cruz e creremos nele” (Mt 27, 42). Jesus, que resistiu à tentação do diabo, resiste também a esta, pois foi para isso que veio. Finalmente, o terceiro tipo de zombadores são aqueles que foram crucificados junto com Ele, e que são chamados por Mateus e Marcos de lestes (bandidos), mas que na realidade não são ladrões vulgares (que não eram crucificados), mas, provavelmente, pertencentes à resistência armada contra os romanos. Dos dois crucificados, um deles zombou de Jesus, dizendo: “Não és tu o Messias? Salva-te a Ti mesmo e a nós” (Lc 23, 39). O outro, no entanto, parece ter percebido que Jesus era diferente de todos. Após repreender o outro condenado, suplica: “Jesus lembra-te de mim quando vieres com teu Reino”, e Jesus lhe responde: “Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 42-43). O destino maravilhoso de Dimas nos dá a certeza de que a misericórdia de Deus Pai pode nos alcançar mesmo no último instante e de que a oração que implora por sua Bondade é sempre atendida.

O final -: após pronunciar as “sete palavras” da tradição evangélica, Jesus morreu. E João assim se refere à cena: “Estavam junto à cruz de Jesus, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria mulher de Cleófas e Maria Madalena”. Continuando, João demonstra que também ele ali se encontrava (talvez o único dos discípulos que não havia fugido). E narra: “Jesus, vendo a Mãe e perto dela o discípulo que amava, diz à Mãe: Mulher, eis o teu filho! Depois, diz ao discípulo: Eis a tua mãe” (Jo 19, 26-27). Jesus demonstrou, assim que Ele era o único Filho de sua Mãe, que, após sua morte, ficaria sozinha. O discípulo era agora filho de Maria e, com ele, toda a humanidade.


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