Aula 04/09/17 – “Tu És Pedro…” 1


“T U É S P E D R O . . .” (1)

04/Setembro/2017

Mt 16,13-20: “Jesus, vindo da região da Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: ‘Quem dizem os homens que eu sou?’ Responderam-lhe: ‘Uns dizem que és João Batista, outros Elias, outros Jeremias ou algum dos profetas’. E vós, perguntou-lhes, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo’. Jesus replicou: ‘Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foram nem a carne, nem o sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está no céu. Também eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Este é o texto evangélico no qual Jesus promete o Primado da Igreja a Pedro, e que tem um valor excepcional, pois nele se manifesta a vontade explícita de Jesus de dar à sua Igreja um chefe visível, para dirigi-la com poderes soberanos, conferidos diretamente por ele. Por mais que se queira, não será possível a alguém que seja isento e imparcial dar a esta passagem outra interpretação que não esta.

O ponto mais importante da narração de Mateus é aquele onde Jesus afirma que Pedro é o alicerce da Igreja e lhe confere o poder das “chaves” (Mt 16, 19-20). O apóstolo, que pouco antes fora chamado de Simão, filho de Jonas, recebe agora um novo nome, Pedro, com o qual Jesus demonstra seu desejo de colocá-lo como a pedra fundamental do edifício religioso que ele instituiu a Igreja. O nome Pedro está intimamente relacionado com a missão de que será revestido o futuro chefe da Igreja, pois indica de modo muito expressivo (Pedro = pedra) a posição de fundamento reservada a ele. Jesus mostra que a Pedro está reservada a sustentação de toda a vida da Igreja.

Em aramaico, a língua que Jesus falava, a mesma palavra “Kepha” significava tanto “Pedro” (nome próprio) quanto “pedra” (substantivo). Em português, a frase de Jesus perde um pouco do seu real significado, pois usamos duas palavras, que embora semelhantes, não são as mesmas. Mas ainda assim, a mensagem continua clara e inconfundível.

Agora, temos um segundo ponto muito importante sobre a declaração que Jesus fez a Pedro: Quando Jesus compara Pedro à pedra fundamental da Igreja, uma figura logo vem à mente: a Igreja é um edifício, e Pedro é o seu alicerce. Muito bem, essa figura não é totalmente correta, nem esgota em si mesma tudo aquilo que Jesus queria dizer.

Explicando: um edifício é uma obra que, embora possa crescer para cima e para os lados, tem seus alicerces estáticos e cada vez mais distanciados das novas edificações. Não era isso que Jesus pretendia em relação a Pedro e aos futuros chefes da Igreja. Jesus queria que os chefes da Igreja permanecessem sempre junto a todos aqueles que fossem membros da Igreja. Em outras palavras, Jesus nos diz que onde está a Igreja, aí está também Pedro, e onde houver um membro da Igreja, aí estará também a autoridade de Pedro.

“As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja”: uma coisa é clara para todos: Jesus assegura à Igreja a vitória sobre o Mal. É o sentido geral da frase. Quanto aos detalhes desta vitória sobre o Mal, os exegetas se dividem. Uma das interpretações é aquela que assegura que Jesus, referindo-se ao “Inferno” (em hebraico Sheol) , referia-se na verdade à “cidade dos mortos” , cercada por muralhas que retinham as almas no pecado. Como Cristo, depois da morte, desceu aos “infernos” para libertar as almas dos justos aí presas, também a Igreja arrancará do poder do pecado as almas, para conduzi-las a Jesus e ao Reino dos Céus, cujas chaves pertencem a Pedro ( = chefe da Igreja). Para outros estudiosos, o verbo grego rakerion, traduzido por prevalecer em português, não tem o mesmo sentido, mas significa uma luta dura e contínua da Igreja contra o Mal, luta essa que só seria decidida no fim dos tempos. Isso significaria,no final, que a Igreja procura arrancar as almas do Mal, mas nem todas as almas seriamsalvas por ela.

“Eu te darei as chaves do Reino dos céus”: Pedro terá as chaves do Reino e disporá do poder de ligar e de desligar. Essa expressão significa que Pedro (a Igreja) poderá admitir e excluir, permitir e proibir, condenar e absolver. Jesus afirma, sem possibilidade de engano, que todas as decisões tomadas por Pedro no campo doutrinário, legislativo e disciplinar da Igreja, serão ratificadas por Deus no céu. Esse poder de ligar e desligar compreende, como se vê, as necessidades de transmitir a doutrina de Cristo conforme ele a ensinou, interpretando-a com retidão (campo doutrinário), como também de adaptar essa doutrina aos novos tempos, emitindo juízos baseados na correta interpretação (campo legislativo) e, ainda, sempre se baseando nos Evangelhos, absolver ou não (campo disciplinar).

O Reino do céu: á Pedro, em virtude do poder soberano com que Jesus o investiu, está confiada à missão de admitir ou excluir do Reino do céu, pois quem confia as chaves de sua casa a alguém, confia também o cuidado e a custódia dela. Como se vê claramente, tudo o que na vida material se relaciona a Deus, foi confiado à Igreja. A promessa que Cristo fez a Pedro sobre o Primado deve ser também ligada á uma outra passagem, encontrada em Lc 22, 31-32, onde Jesus diz o seguinte: “Simão, Simão, eis que Satanás te reclamou para te joeirar como trigo, mas eu rezei por ti para que não desfaleças na tua fé e tu, uma vez convertido, confirme teus irmãos”. E finalmente Cristo diz a Pedro, com todas as letras, qual deverá ser a sua missão, à margem do mar da Galiléia, em Jo 21, 15 – 17: “Simão, filho de João, tu me amas mais que estes? Pedro respondeu-lhe: Senhor, tu sabes que te amo. Jesus lhe disse: Apascenta os meus cordeiros”. E por mais duas vezes o diálogo se repetiu. Pedro recebe assim, diretamente de Jesus, o poder de dirigir o rebanho, isto é, a Igreja. Deve-se notar que, entre todos os apóstolos, só Pedro é objeto destas afirmações de Jesus, e nenhum outro, e reveste-se, pois, da autoridade conferida pelo Mestre como seu vigário. Os Evangelhos indicam apenas as palavras de Cristo a Pedro nessas ocasiões, mas é claro que elas foram precedidas e preparadas por várias passagens e instruções que manifestaram a intenção de Jesus em preparar um Chefe para o rebanho, quando não mais estivesse entre eles.


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