Aula 04/05/20 – O Pecado Original


ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA – 2020

 

                                      O PECADO ORIGINAL

                                                         04/Maio/2020

 

A liberdade posta à prova -: Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, e o elegeu como amigo. Isso leva, a saber, que o homem é, além de um ser material, também profundamente espiritual. Por isso, podemos e devemos viver esta amizade (também conhecida como Graça de Deus) como uma livre submissão à Sua vontade. É a Bíblia, no livro de Gênesis, que afirma a necessidade desta submissão, quando nos mostra o episódio da proibição de comer o fruto da árvore do bem e do mal, “… pois no dia em que dela comeres, terás de morrer” (Gn 2, 17). Isto demonstra que a árvore do conhecimento do bem e do mal representa, simbolicamente, o limite intransponível que o ser humano, como criatura de Deus, deve respeitar e reconhecer livremente. Dependemos do Criador e, portanto estamos submetidos às normas que Deus colocou para a nossa vida.

 

O primeiro pecado do homem -: o homem, cedendo à tentação, perdeu a confiança no seu Criador e, abusando da liberdade por Ele concedida, desobedeceu à lei que lhe foi pedida. Este é o primeiro pecado do homem, este é o chamado “pecado original”. Nada tem a ver com sexo, como é crença espalhada pelo mundo, que a tudo olha com malícia. Aliás, sem o sexo, não haveria descendência. O pecado original consiste, pois, na desobediência do ser humano para com Deus, gerada pela má escolha da sua liberdade. Todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em Sua bondade.

A Escritura mostra as consequências dramáticas desta desobediência inicial. Adão e Eva (simbolismo dos primeiros seres humanos) perdem de imediato a graça da santidade (amizade com Deus) original. Tem medo deste Deus, do qual fez uma imagem falsa, a de um Deus enciumado por esta infração à Sua lei. A harmonia e felicidade na qual viviam, graças à amizade com Deus, estão destruídas, o domínio da alma sobre o corpo está rompido e a união entre homem e mulher está submetida a tensões antes inexistentes. Como alerta São Paulo Apóstolo, por causa do homem, a criação está submetida “à servidão da corrupção” (Rm 8, 20). Finalmente, vai realizar-se a consequência explicitamente anunciada para o caso de desobediência: o homem voltará “ao pó do qual é formado” (Gn 3, 19). A morte entra na história da humanidade.

 

O que herdamos-: a partir do pecado original, uma verdadeira “invasão” do pecado inunda o mundo: o fratricídio de Caim contra Abel; a corrupção do povo de Israel e sua infidelidade a Deus e, mesmo após a Redenção de Jesus Cristo, entre os cristãos, o pecado se manifesta “de muitas maneiras” (1Cor 1, 6). A Constituição Dogmática Gaudium et Spes assinala que “Recusando-se muitas vezes a reconhecer Deus como seu princípio, o homem destruiu a devida ordem em relação ao Princípio Divino e, ao mesmo tempo, toda a sua harmonia consigo mesmo, com os outros homens e com as coisas criadas” (GS 13, 1).

 

Consequências do pecado original para a humanidade -: todos os seres humanos estão implicados no primeiro pecado. Mais uma vez, São Paulo Apóstolo nos afirma: “Pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores” (Rm 5, 19). E já havia dito que “Como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado, a morte, assim a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5, 12). Felizmente para a humanidade, Paulo ensina que existe também a universalidade da salvação por meio de Jesus Cristo. Então, termina a discussão sobre este assunto, dizendo o seguinte: “Assim como da falta de um só resultou a condenação de todos os homens, do mesmo modo, da obra de justiça, de um só resultou, para todos os homens, a justificação que traz a vida” (Rm 5, 18).

Na linha de São Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que existe entre os homens e a sua inclinação para o mal e para a morte são incompreensíveis, a não ser aceitando o pecado original e o fato de que isto nos transmitiu a culpa que nos afeta a todos desde o nascimento, resultando na morte da alma. Em razão desta certeza de fé, a Igreja ministra o batismo para a remissão dos pecados até mesmo às crianças, que não cometeram nenhum pecado pessoal.

O mistério do pecado original -: de que maneira o pecado de Adão resultou no pecado de todos nós? A Teologia ensina que a humanidade é “sicut unum corpus unius hominis” (como um só corpo de um só homem). Em virtude desta unidade do gênero humano, todos os homens estão implicados no pecado original, assim como todos estamos implicados na salvação através de Jesus Cristo.

Contudo, a transmissão do pecado original para todos os seres humanos é um mistério que ainda não somos capazes de compreender completamente. Uma tentativa de esclarecimento repousa no fato de que sabemos que Adão e Eva (simbolizando os seres humanos) haviam recebido de Deus a santidade e a justiça não somente para eles, mas para toda a natureza humana: ao caírem em tentação, eles cometem um pecado pessoal, mas este pecado afetou a natureza humana, pois vão transmiti-lo em um estado decaído. Então, este pecado foi transmitido à humanidade inteira por seres humanos privados da santidade original. É por isso que o pecado original é um pecado herdado e não um pecado cometido.

            Dessa forma, podemos compreender melhor a natureza do pecado original: ele não tem, em ninguém, um caráter de falta pessoal, mas representa a privação da graça de Deus, que então é restabelecida pelo batismo. O batismo, ao conferir ao ser humano a vida na graça de Deus, apaga o pecado original e torna a voltar o homem para Deus. Entretanto, é bom lembrar que as consequências do pecado original permanecem no gênero humano. Continuamos no mesmo estado em que se encontravam Adão e Eva: seremos tentados para o mal a qualquer instante, e usaremos nossa liberdade para resolver o que fazer.

 

 

Um duro combate -: a doutrina sobre o pecado original, ligada à doutrina da Redenção através de Jesus Cristo, nos concede um esclarecimento sobre a situação do homem e da sua ação no mundo. Pelo pecado dos primeiros seres humanos, o Mal adquiriu certa dominação sobre o homem, embora este último permaneça livre para fazer sua escolha. Ignorar que o gênero humano tem uma natureza em parte danificada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da educação, da política, da ação social e dos costumes.

As consequências do pecado original e de todos os pecados dos homens dão ao mundo uma condição pecadora, que pode ser designada com a expressão de São João: “o pecado do mundo” (Jo 1, 29). Por isso pedimos a Jesus: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo…”. Esta situação dramática do mundo, que “o mundo inteiro está sob o poder do Maligno” (1Jo 5, 19) faz da vida do homem um duro combate:

“Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história da humanidade. Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão em grandes labutas e com o auxílio da Graça de Deus”.


Cursilho Piracicaba
Desenvolvimento e Hospedagem:eCliente Tecnologia